No restabelecimento da democracia, após a longa noite de trevas da ditadura militar, lá estavam o MDB e a Arena, este com origem na própria ditadura. Com o tempo o MDB se transformou em PMDB, a Arena em PFL, depois em DEM (em processo de extinção) e foram surgindo PT, PTB, PDT, PSDB (respira por aparelhos) e tantos outros.
O Brasil se notabilizou então pelo surgimento de diversos partidos políticos, na maioria das vezes com objetivos bem claros e escusos. Hoje, são 32 partidos.
Apesar de discordar completamente de Juracy Magalhães (político cearense que fez carreira na Bahia), quando disse que “tudo que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, cabe uma comparação, só para nos situarmos; nos Estados Unidos existem dois partidos; Democratas e Republicanos.
Aproveito e abro um parêntese. Juracy Magalhães, avô de Jutahy Magalhães Jr. (mais um neto na política, PSDB-BA), com aquele pensamento “progressista” de colonizado, hoje seria tranquilamente avô político de muitos desses netos que andam por aí na cena política brasileira.
Eduardo Campos, neto de Miguel Arraes, um dos grandes políticos brasileiros, foi Ministro de Ciência e Tecnologia de Lula e de lá saiu para ser governador de Pernambuco.
É difícil encontrar outro governo estadual que tenha tido apoio tão forte do governo federal (Lula e Dilma) quanto teve Eduardo Campos. O Brasil todo sabe, Pernambuco em particular, que Lula fez Eduardo Campos.
No entanto, quem leu o Balaio do Kotscho, blog de Ricardo Kotscho, viu que, apesar de ser cria de Lula, Eduardo Campos guarda ressentimentos de Lula e do PT.
Reproduzo um parágrafo do texto de Ricardo Kotscho:
“Assim como Eduardo Campos ficou magoado com a postura de Lula durante a campanha municipal de 2010, Marina saiu do PT ressentida por não ter conseguido espaço para seus sonhos presidenciais, uma vez que Lula já tinha se definido pela candidatura de Dilma Rousseff para a sua sucessão ainda em 2006. Mágoa e ressentimento estão na gênese da ‘Coligação Democrática’ anunciada em Brasília, como se pode constatar nos discursos”.
Em seu discurso de filiação ao PSB, Marina declarou em alto e bom som: “A minha briga, neste momento, não é para ser presidente da República, é contra o PT…”
Surge assim a Rede da Vingança do Partido dos Trabalhadores, RVPT.
Jorge Bornhausen, ex-presidente do DEM, reconhecido como homem de direita, é hoje um dos importantes recém filiados do Partido Socialista Brasileiro (PSB), partido que faz parte da Rede. É dele a famosa frase; “Vamos acabar com essa raça”. Claro, referindo-se ao PT.
Bornhausen começou a sua carreira política na ditadura, com grande apoio dos militares. Continuou depois no PFL (agora DEM) e esteve todos esses anos sempre ao lado de Antônio Carlos Magalhães, José Agripino Maia, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, José Roberto Arruda, Ronaldo Caiado e muitos outros, todos com profundas ligações com o povo. Neles, um traço em comum; sempre estiveram contra projetos que foram lançados para beneficiar as camadas mais pobres da sociedade, como Bolsa Família (bolsa esmola, como chamaram), Minha Casa, Minha Vida e tantos mais.
É com ele e outros, como Heráclito Fortes (ex-DEM e agora PSB-PI), que Eduardo Campos vai “fazer mais” pelo povo. É com eles que Marina vai mudar a forma de fazer política no Brasil. É com eles que ela vai fazer a “nova” política brasileira. Claro, em breve, assim que as coisas se definirem, também com apoio da mídia brasileira, com a sua visão progressista do Brasil.
Luiza Erundina, que não deixa dúvidas quanto ao ódio pelo PT, já está lá. Quem sabe nomes como Heloisa Helena, Roberto Freire e tantos outros venham a se filiar em breve à nova rede. Motivo todos têm. E é o mesmo; ódio ao PT.
A sustentabilidade da rede está garantida, pois, diferentemente de outras que possam vir a existir, a RVPT não faz restrições ideológicas. No seu pragmático projeto, contempla todo e qualquer político, todo e qualquer partido e todo e qualquer intelectual ou artista que tenham no ódio ao PT a sua razão de existir.
Dizem que há um limite para tudo. É o que se percebe nas vozes que começam a se manifestar nas redes sociais e mesmo em conversas informais, expressando um misto de surpresa e decepção, afinal, quem poderia imaginar a atitude de Marina.
Pior ainda é saber
que ela não tomou a decisão de se candidatar pelo sonho de mudar o Brasil. Além da pressão dos seus bilionários patrocinadores, de cuja existência somente agora alguns tomam conhecimento, é uma pena que justamente a evangélica e pura Marina tenha guardado nesses anos todos no seu coração tanto ressentimento e ódio pelo PT, ao ponto de dizer, sem nenhum pudor, que “a minha briga, neste momento, não é para ser presidente da República, é contra o PT…”
De Eduardo Campos já se esperava algo desse tipo, afinal já vinha dando sinais nessa direção há algum tempo. Perdeu-se na vaidade e ambição. Marina Silva se perde num enorme sentimento de vingança por um homem, Lula, e um partido, PT, seus criadores.
É muito ódio e desejo de vingança para quem quer ser Presidente do Brasil.