O heroi da Veja diz que bandido bom é bandido morto
Por Paulo Nogueira no diario do centro do mundo
Obtusidade? Má fé cínica? Ambas?
Faça sua escolha.
Tantos jovens brilhantes emergindo nos protestos, e eis que a Veja consegue escolher, para dar nas suas Páginas Amarelas, um certo Maycon Freitas que tem sido, justificadamente, chamado de ‘débil mental’ nas mídias sociais.
Maycon, segundo a Veja, teria se destacado nas manifestações do Rio. Wellington diria que quem acredita nisso acredita em tudo, mas o ponto não é a liderança, ou pseudoliderança, que ele possa ter exercido.
São suas ideias, cruamente expostas em sua página no Facebook.
Uma mensagem conta quase tudo.
“Marcelo Freixo, vai dar meia hora de cu com o relógio parado e chupar um canavial de rola, seu filho da puta. Direitos humanos é o caralho, seu FROUXOOOOO!!!!!!”
Outra mensagem de Maycon afirma o seguinte: “Bandido bom é bandido morto”.
Maycon se declara presidente de uma certa UCC, União Contra a Corrupção. Não se sabe direito o que ele faz quando você percorre sua página.
Numa hora, ele aparece vendendo dólares e aparelhos eletrônicos. Mas num vídeo que circula hoje pela internet ele aparece dizendo ser funcionário da Globo.
Viaja muito, e publica fotos das viagens, muitas delas sem camisa. Diz ser faixa preta de alguma luta marcial, para enfrentar pessoas maiores.
Seu heroi, claro, é Joaquim Barbosa, o “guerreiro”.
“Fique firme, suporte com galhardia e não esmoreça jamais”, escreveu ele sobre JB. “Toda a nação depende do senhor.”
Aprecia também o promotor paulista Rogério Zagallo, que recentemente sugeriu que a tropa de choque paulistana abrisse fogo contra manifestantes do MPL.
A terra de sua adoração são os Estados Unidos. Ele vibrou quando a família do jovem acusado em Boston não encontrou cemitério. “Por isso que sou fã dos EUA. Enterrar vagabundo é o cacete. Manda pro Brasil. Aqui vagabundo tem direito.”
O Brasil é um “país de merda”, por este tipo de coisa, composto por um “povo de merda”.
Em outro texto, ele diz: “E vai tomar no cu quem é a favor de direitos humanos”.
Ele diz que é vascaíno ao publicar uma foto de uma latinha de Coca Zero com a inscrição “Flamerda”.
Teme a ‘ditadura comunista’, bem como a ‘ditadura bolivariana’,
e isso mostra que ele é, essencialmente, um homem assustado.
Importante notar: ele é irrelevante. Não influencia ninguém.
Seus posts no Facebook, pré-Amarelas, em geral não tinham nenhum comentário e nenhum “curti”.
Alguns raros tinham duas ou três manifestações, uma das quais vinha sempre de sua mulher, Cris.
Nada da mente fanática de Maycon apareceu na entrevista, feita pelo jornalista Álvaro Vale, ao qual ele agradeceu a gentileza no Facebook.
Álvaro é um jornalista de verdade? Se é, por que não confrontou Maycon com algumas de suas aberrações publicadas? Um dia talvez ele, Álvaro, se dê conta de quanto sua reputação se mancha ao fazer um jornalismo tão desonesto.
Você lê e se pergunta: é esse o Brasil que emergiu?
Só para a Veja.
Queremos um Brasil à imagem e semelhança de Maycon Freitas?
Talvez a Veja queira.
Mas os brasileiros de bem não querem isso.
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