Lula acabou

Mais uma vez recorro aos ditados populares: “Quem diz o que quer ouve o que não quer”. Curvo-me à sabedoria popular.
 
É compreensível que pessoas comuns digam o que querem, o que “dá na telha”. Mesmo assim, algumas, mais comedidas (talvez não sejam muitas), antes de abrir a boca conseguem juntar alguns ingredientes imprescindíveis para não dizer bobagens: inteligência, sensibilidade e sabedoria.
 
Mesmo a inteligência e sensibilidade, predicados com os quais já se nasce, com o tempo e devidamente estimuladas podem se tornar características mais marcantes de alguém. Sabedoria, não. É completamente diferente.
 
Envelhecimento e sabedoria caminham juntos, mas nem sempre estão juntos. Há características, como pobreza de espírito e ignorância ativa (em uma de suas entrevistas, Oscar Niemeyer cunhou mais uma; mediocridade ativa) que são inimigas mortais da sabedoria. O pior é que às vezes parece haver epidemias de estupidez. 
 
Passamos por um desses momentos. É impressionante o que se tem ouvido de asneiras nesses últimos anos. Num grau maior ou menor, alguns “pensadores” têm se notabilizado. Arnaldo Jabor (o que entende tudo de nada), Marcelo Madureira (sim, ele mesmo, do Casseta e Planeta, um dos grandes pensadores [que Deus me perdoe] do Instituo Millenium), Marco Antônio Villas, Demétrio Magnoli….
 
Algumas dessas pessoas são inteligentes, até possuem alguma sensibilidade, mas, pela estupidez, sabotam ambas, inteligência e sensibilidade. Envelhecem, como a todos há de acontecer, mas só envelhecem.
 
As causas são diversas. Percebe-se, entretanto, que, além do preconceito e luta de classe, muito comuns nessas situações, há por parte de alguns o desejo, necessidade até, de agradar aos patrões, os grupos midiáticos.
 
Já na apuração das primeiras urnas nas eleições presidenciais de 2010, em uma daquelas mesas redondas que se formam para comentar as eleições, alguns “analistas” se perderam completamente.
 
Dois exemplos com a mesma tolice. Diante dos primeiros resultados da apuração das eleições de 2010, que mostravam pequena diferença entre Dilma e Serra, deixando-os imaginar inclusive a vitória de Serra, Dora Kramer, tida como uma das grandes jornalistas do Brasil, solta essa pérola: “é, está provado que Lula não tem essa capacidade de que tanto falam de transferir votos” e Magnoli surfou na mesma onda. Marco Antônio Villas também andou por lá (sempre está lá) e, pra variar, disse muita bobagem. Para quem não sabe, ele é historiador, um dos pensadores do PSDB.
 
Não precisa dizer qual foi o resultado, Dilma ganhou fácil. Lula, mais uma vez, venceu todos eles. Como é que profissionais com a experiência deles se expõem tanto e assumem uma postura tão precipitada? Como conseguiram fazer o absurdo de não esperar pelo menos que a apuração avançasse um pouco mais? Fácil. Não analisam. Torcem.
 
O vídeo abaixo mostra um desses momentos de nenhuma inteligência, nenhuma sensibilidade, inclusive política, e mais um que, precocemente, já conseguiu envelhecer, mas só isso. Perceba que os dois “analistas” vaticinam que Lula deverá sofrer uma derrota em São Paulo, mas perceba principalmente o desespero, a aflição de Villas para falar (não queria deixar o outro falar). Ele estava excitadíssimo, diante da “derrota histórica do PT, a pior votação dos últimos 20 anos”. Resultado; Fenando Haddad, candidato de Lula, foi eleito prefeito de São Paulo com grande diferença de votos.
 
Ao ver profissionais como Arnaldo Jabor, Marcelo Madureira, Marco Antônio Villas, Demétrio Magnoli… falando, entende-se mais facilmente porque o DEM acabou e o PSDB está se desmanchando.
 
Usei o ditado popular “quem diz o quer ouve o que não quer”. À época Marco Antônio Villas disse o que quis, muita bobagem como sempre, mas não ouviu nada. Por duas razões: já estamos todos acostumados com esses analistas de plantão e ninguém vai perder tempo em responder asneiras como essas. Segundo, se alguém quisesse, não teria como. Não é a Globo que vai dar esse espaço. Ela não é tola.
 

Sobre o que ele diz a respeito do “mensalão”, vamos dar um pouquinho mais de tempo. Apesar de muitos não saberem, novidades já surgiram e outras mais surgirão. É só esperar. Um alerta; não vai sair na mídia.