A mulher brasileira

O Natal é uma festa maravilhosa. Um dos poucos momentos em que se “vê” um clima diferente, pessoas em elevado estado de espírito confraternizando-se como não se percebe em nenhum outro dia do ano.
 
Para mim, por motivos diferentes, alguns são inesquecíveis. Veio-me à mente um em que, ainda garoto em minha querida Juazeiro (BA), saí com meu pai no final da tarde para ir buscar o presente de minha mãe: uma enceradeira elétrica.
 
Feliz da vida, caminhava por uma estreita rua que nos conduzia da rua Antônio Pedro, na qual morávamos, para a rua da Apolo, a rua principal de Juazeiro e onde a vida acontecia. Doces lembranças em que à noite a vida passeava pela Rua da Apolo
 
A minha felicidade encontrava explicação na antecipação da felicidade que minha mãe sentiria ao receber de presente de Natal uma enceradeira elétrica. Minha mãe foi a mais perfeita dona de casa que conheci. Nada igual.
 
Os tempos mudam. Enceradeiras não constituem mais o motivo de felicidade das mulheres numa noite de Natal.
 
“Atrás de um grande homem, sempre há uma grande mulher”. Até pouco tempo, o máximo que o homem se permitiu.
 
Como aceitar que este era o seu papel. A mulher não queria ficar atrás. Não podia ficar. Os homens sempre contaram com as mulheres, para o que desse e viesse. Foi, sem chorar (não pode), que os homens sempre tiveram onde chorar; no colo da mulher. Era necessário que também pudessem contar com eles nos seus anseios, nas suas lutas. Alguns homens entenderam. Sem que soubessem, era a porção melhor deles se manifestando; a porção mulher, como canta Gilberto Gil na sua antológica Super Homem (veja o vídeo abaixo). 
 
Submissas (Chico já cantava, “mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas”), ciumentas, doces, companheiras, guerreiras. Mulheres. Mulheres guerreiras. Que definição poderia ser melhor para a mulher brasileira do que esta; guerreira?
 
Quantas esqueceram das suas próprias vidas em nome dos filhos e dos próprios maridos? Quantas se anularam em nome desse projeto? Quantas saíram das suas cidades, nas diversas regiões desse país continente, e enfrentaram tempos e situações absolutamente desconhecidos e, por isso, assustadores, pelos filhos e maridos? Quantas deixaram para trás a sua adolescência e foram enfrentar as injustiças nas suas formas mais cruéis e por isso foram simplesmente acusadas pelos tribunais dos homens? A mulher guerreira ganhava outros nomes. Quantas tiveram filhos chamados Stuart Angel, para nunca mais vê-los?
 
Mãe,
Você me pergunta se eu acredito em Deus e eu te pergunto, que Deus? Tem sido minha missão te mostrar Deus dentro do homem, pois, somente no homem ele pode existir.
Não há homem pobre ou insignificante que pareça ser, que não tenha uma missão. Todo homem por si só influencia a natureza do futuro. Através de nossas vidas nós criamos ações que resultam na multiplicação de reações.
Esse poder, que todos nós possuímos, esse poder de mudar o curso da história, é o poder de Deus. Confrontado com essa responsabilidade divina eu me curvo diante do Deus dentro de mim.
Stuart Edgar Angel Jones
 
Roubo algumas palavras de Stuart Angel: Confrontado com esse ser, eu me curvo diante da mulher brasileira.