Há uma passagem na Bíblia em que São Tomé duvida da ressurreição de Cristo, razão pela qual ficou conhecido como um incrédulo. Daí vem uma expressão muito conhecida; sou que nem São Tomé, só acredito vendo.
Entretanto, tem horas em que nem vendo você acredita. Não são tão poucas, embora possa não parecer, as situações desse tipo, aquelas que de tão absurdas, você não acredita que seja possível.
As irresponsabilidades cometidas nesses últimos anos pelo consórcio oposição/mídia não podem ser esquecidas. No episódio da febre amarela a imprensa fez horrores e ficou conhecido um artigo absolutamente irresponsável de Eliane Cantanhêde, da Folha de S. Paulo, sugerindo vacinação em massa. Graças a isso, houve pelo menos um caso de morte que poderia ter sido evitada. Acrescente-se aí o episódio da gripe suína.
Quantos acidentes de avião tinham ocorrido pelo mundo afora antes daquele fatídico acidente com o avião da TAM? Em quantos as falhas humanas, falhas da própria aeronave, problemas de infraestrutura, intempéries da natureza, foram isolada ou conjuntamente apontadas como causas do acidente? Quanto tempo duraram as investigações em cada um desses acidentes para se detectarem as causas?
O Brasil, talvez pelo seu reconhecido vanguardismo mundial, demonstrava toda a sua competência técnica ao mostrar ao mundo que, no mesmo dia do acidente, já tinha descoberto quem era o culpado: o presidente da república.
Lula foi acusado por toda a imprensa e pelos partidos de oposição (à frente o PSDB/DEM), inclusive na primeira página da Folha de São Paulo, pelo homicídio de 200 passageiros. Um psicanalista conhecido na elite paulista, Francisco Daudt, um irresponsável, escreveu:
"Gostaria imensamente de ter minha dor amenizada por uma manchete que estampasse, em letras garrafais, “GOVERNO ASSASSINA MAIS DE 200 PESSOAS”. O assassino não é só aquele que enfia a faca, mas o que, sabendo que o crime vai ocorrer, nada faz para impedi-lo. O que ocorreu não pode ser chamado de acidente, vamos dar o nome certo: crime".
Comprovou-se depois que o acidente foi uma fatalidade causada por erro humano,
As razões para esse comportamento animalesco de determinado setor da sociedade brasileira, conhecido como um por cento, são claras e não perderemos tempo em discuti-la.
Domenico De Masi é um sociólogo italiano respeitado no mundo todo, inclusive no Brasil, autor de livros, entre os quais um muito interessante, cujo título é O Ócio Criativo (recomendo ler). Em recente entrevista à revista Valor, veja o que disse De Masi:
Valor: Como resolver tantos paradoxos (do capitalismo), então?
De Masi: É necessário rever totalmente o modelo da nossa sociedade, com a redistribuição de algumas coisas. É necessário a redistribuição da riqueza, pois ela está em poucas mãos; do trabalho, pois há desempregados demais; do poder, pois poucas pessoas mandam em muitos lugares; do saber, pois há pessoas com duas, três faculdades, e outras analfabetas; das oportunidades, pois alguns têm oportunidades demais e outros, de menos. Não se trata de fazer muitas pequenas reformas, mas, sim, de inventar um modelo completamente novo para a sociedade.
Qual o país do mundo que vem realizando isso de que fala De Masi? Quem é capaz de adivinhar? Por isso que agora não se encontram empregadas domésticas como antigamente. Por isso aeroporto agora parece rodoviária…
Voltando de viagem, o jornalista Paulo Henrique Amorim conta que descia do avião e o comandante, já fora da cabine, deu a notícia: “O Chávez morreu. Depois é o Fidel.” Fez uma pausa breve e continuou. “Depois, eu espero, é o Lula.”
A elite brasileira realmente é um fenômeno. Ela é capaz de coisas que nenhum ser humano que tenha pelo menos dois neurônios, um pra ir, outro pra voltar, consegue acreditar. Não há limites.
Numa passeata contra Lula em São Paulo, as cerca de vinte e poucas pessoas presentes, como registra a reportagem, portavam cartazes como os que são vistos na imagem acima. Se São Tomé, ao ver Jesus vivo, passou a acreditar e a ser chamado de Tomé, o crente, mesmo vendo a imagem acima não tem quem me faça acreditar que é real. Não tem quem faça. Não tem como.
Não sei por que lembrei de Nietzsche, quando diz: “a inteligência humana tem limite, a estupidez não”.