Por Demarchi
Com a manobra desencadeada e bem sucedida ontem para arquivar o relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG) na CPI do Cachoeira, o PSDB expõe ao país sua hipocrisia e absoluta falta de pudor. Simplesmente esconde da nação uma organização criminosa que capturou um Estado, o de Goiás, e evita que seu governador Marconi Perillo, do PSDB, seja indiciado.
Até mesmo o ex-senador Demóstenes Torres, do DEM (depois, só às vésperas de ser cassado, ele deixou o partido), é poupado, além de um deputado também do PSDB goiano. Mas ficou evidente, também, que uma ignomínia dessas só é possível com a ajuda da grande mídia, que não só apoiou a liquidação da CPI como fez campanha todo o tempo contra ela.
Fez desde o inicio, oito meses atrás, mentindo para seus leitores ao dizer que o PT não queria a CPI, quando foi o partido que a requereu e a instaurou; continuou a fazer depois dizendo que era um ato de vingança do PT e do ex-presidente Lula; e sustentou a infâmia durante todo o funcionamento da comissão, dizendo que não queríamos investigar.
Até o último dia da CPI, mídia distorce informações
Ainda agora, continua a bater duro e enviezadamente contra a CPI e a desinformar os leitores. Como faz o Estadão, por exemplo, nessa matéria de hoje com a chamada no alto da 1ª página "CPI do Cachoeira termina em acordo e sem indiciados" e com o título interno "Base e oposição fazem acordo e CPI do Cachoeira termina sem indiciados". Isso é um escárnio do Estadão! A começar pelas chamadas, pelas manchetes. Não houve acordo, Estadão, o relatório do deputado Odair Cunha foi derrotado pelo PSDB, DEM, PPS e PMDB.
Ao final, a mídia atingiu o objetivo que sempre buscou: a impunidade para o tucanato, mais uma vez. Uma vergonha!
Mas, mesmo com toda essa parcialidade da cobertura da imprensa, a CPI do Cachoeira deixa um aprendizado para a cidadania: com essa sucessão de manobras e com esse final, fica patente para os brasileiros que a ética e a moralidade do tucanato e de seus aliados são de ocasião. E falsas. Assim como a de seus aliados na imprensa, sejam os donos dos veículos de comunicação, sejam os jornalistas que, nessa parceria, terminaram sendo os verdadeiros autores do enterro da CPI.
A pressão sempre foi para excluir Perillo
Mesmo com esse final melancólico, a CPI deixa, ainda, outra lição para a cidadania e para a história: a de como o crime organizado capturou um Estado brasileiro e continua impune. Vamos ver agora como se comportam o Ministério Público Federal e a Justiça que, ao invés de atuarem em cima de tudo o que apurou a Comissão e estava arrolado nas mais de cinco mil páginas do relatório do deputado Odair Cunha (PT), receberão o resumo de uma página e meia aprovado na última sessão da CPI.
Página e meia com a mera e simplres recomendação de que as informações apuradas sejam compartilhadas com o MPF-GO, a Procuradoria Geral e a Polícia Federal. De onde, aliás, a maior parte delas já veio.
Tem razão, portanto, o relator, deputado Odair Cunha, em suas afirmações na sessão final de ontem da CPI: "É lamentável, que, apesar de todo o esforço feito pe¬los membros da CPI, por todos nós aqui, e diante de provas incon¬testes da CPMI, não exista um juí¬zo de valor sobre nada. Ela (a CPI) se nega a fazer aquilo que é a sua missão essencial: levantar provas, identi¬ficar indícios e apresentar conclu¬sões. As conclusões aqui são na¬da, um vazio, Uma pizza geral, lamentável."