O PSDB transforma a CPI numa grande pizza

Todos os dias vemos os políticos do PSDB na televisão criando denúncias, sempre apoiados pela “grande imprensa”. Mal sabem as pessoas o que realmente fazem, porque a farsa é bem feita.

O PSDB, por exemplo, vem sendo contra a redução da conta de luz que o governo Dilma quer fazer (veja aqui), porque os seus interesses são sempre os dos privilegiados. Claro que isso não sai na “grande imprensa”, é abafado.

O PSDB vive fazendo CPI (quando visa tentar destruir o PT), mas age por baixo do pano para barrar várias CPIs. No estado de São Paulo, onde o PSDB manda há mais de 20 anos, existem mais de 20 CPIs engavetadas pelos políticos do partido.

Tentou barrar a CPI de Carlinhos Cachoeira e como não conseguiu, fez muita confusão para fazer de conta que era o PT que não queria, claro sempre contando com o apoio da “grande imprensa”.

Todos os documentos, que a “grande imprensa” fez de tudo para manipular, mostraram o envolvimento de vários políticos, jornalistas e da revista Veja com o esquema de corrupção de Carlinhos Cachoeira. O relatório final da CPI indiciou todos eles, mas não foi nem votado. Fizeram.um relatório paralelo em que os nomes principais foram retirados da lista. Mais uma pizza.

Veja como era o relatório (no final do texto veja quem votou contra)

O relatório de Odair Cunha (PT), relator oficial da comissão durante os vários meses de funcionamento, concluía pela acusação de 41 pessoas: para 29, foi recomendado o indiciamento, e para 12, por terem foro privilegiado, foi solicitada a responsabilização. Todas, na visão do relator, têm ou tiveram relação com o esquema ilegal do bicheiro Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar uma quadrilha ligada à exploração de jogos ilegais, envolvendo autoridades e agentes públicos.

Entre as pessoas que Cunha responsabilizou estão o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), o deputado Carlos Leréia (PSDB-GO), o ex-senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), o prefeito de Palmas, Raul Filho (PT), e o ex-presidente da construtora Delta, Fernando Cavendish.

Antes da votação do relatório final, Cunha apresentou as alterações que fez após receber as sugestões dos demais integrantes da comissão, mas mesmo assim foi vencido pelos integrantes da comissão.

Cunha retirou do seu parecer final o pedido de análise da conduta do Procurador Geral da República, Roberto Gurgel, e de todos os jornalistas citados. Além deles, o vereador Elias Vaz (PSOL-GO) foi excluído da lista dos responsabilizados por "não nos parecer que houve associação para o crime por parte do vereador". Também foram subtraídos os pedido de indiciamento do superintendente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Marco Aurélio Bezerra da Rocha e do empresário Rossine Guimarães. 

Repercussão

Cunha disse que a CPI terminou em uma "pizza geral, lamentável". "Não me compete aqui ficar tendo sentimentos, o que eu posso dizer que é lamentável, que apesar de todo o esforço feito pelos membros da CPI, por todos nós aqui, diante de provas incontestes, a CPMI não existe um juízo de valor sobre nada. Ela se nega a fazer aquilo que é a sua missão essencial. Levantar provas, identificar indícios e apresentar conclusões. As conclusões aqui são nada, um vazio, Uma pizza geral, lamentável", afirmou ao final da sessão. 

Você conhece o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) porque todos os dias ele aparece no Jornal Nacional pregando moralidade, um jogo conhecido. A Rede Globo e a Veja fazem dele o paladino da justiça e da moral (como faziam com Demóstenes Torres), mas quem acompanha política sabe quem ele realmente é. Com todo o seu cinismo foi capaz de dizer que “o Parlamento abdicou da sua responsabilidade de investigar", mas negou que o PSDB tenha articulado para aprovar o relatório de Pitiman para livrar o tucano Perillo.

Todos os políticos do PSDB que fizeram parte da CPI votaram contra o relatório final que indiciava vários políticos (veja no final do texto como votaram os integrantes da CPI) e ele diz que o PSDB não trabalhou contra.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) criticou o acordo feito entre parlamentares para aprovar o relatório de Pitiman: "O que vocês assistiram hoje aqui é pior do que pizza, é champanhe francês em Paris com guardanapo na cabeça. (…) Aqueles que protagonizaram a conspiração da madrugada, da calada da noite, de mudanças de parlamentares para votar na última hora serão julgados pela história."

O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) fez coro: "De mais de 5.000 páginas [do relatório de Cunha], nós tivemos uma página e meia do relatório do deputado Pitiman, o que é lamentável sob todos os aspectos. Como estamos em véspera de Natal, é uma presepada o que foi apresentado na CPI".

Senadores a favor do relatório final da CPI (o que não foi aprovado pelo PSDB):

Aníbal Diniz (PT-AC)
Jorge Viana (PT-AC)

Lídice da Mata (PSB-BA)
Pedro Taques (PDT-MT)
Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM)
João Costa (PPL-TO)
Randolfe Rodrigues (PSOL-AP)

Senadores contra o relatório final da CPI:

Sérgio Petecão (PSD-AC)
Sérgio Souza (PMDB-PR)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Ivo Cassol (PP-RO)
Alvaro Dias (PSDB-PR)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)

Jayme Campos (DEM-MT)
Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP)
Marco Antonio Costa (PSD-TO)

Deputados a favor do relatório final da CPI:

Cândido Vacarezza (PT-SP)
Odair Cunha (PT-MG)
Paulo Teixeira (PT-MG)
Íris de Araújo (PMDB-GO)
Ônyx Lorenzoni (DEM-RS)
Glauber Braga (PSB-RJ)
Miro Teixeira (PDT-RJ)
Rubens Bueno (PPS-PR)< br /> Jô Moraes (PCdoB-MG)

Deputados contra o relatório final da CPI:

Luiz Pitiman (PMDB-DF)
Carlos Sampaio (PSDB-SP)
Domingos Sávio (PSDB-MG
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Gladson Cameli (PP-AC)
Maurício Quintela Lessa (PR-AL)
Sílvio Costa (PTB-PE)
Filipe Pereira (PSC-RJ)
Armando Vergílio (PSD-GO)
César Halum (PSD-TO)