Por Ronaldo Souza
O que é ser uma pessoa de coragem ou um covarde?
Que situações podem definir uma e outra?
Encarar de frente (o pleonasmo é intencional) algo ou alguém pode lhe conferir a condição de corajoso.
Mas valer-se de uma situação de superioridade sobre alguém em condição mais frágil é uma das maiores provas de covardia.
A superioridade intelectual exercida sobre pessoas simples, por exemplo, é uma forma de grande covardia poucas vezes percebida.
Mas, possivelmente a superioridade mais facilmente palpável é a numérica.
Bastam dois homens agredindo um para configurar uma grande demonstração de covardia.
É diante da maior quantidade de pessoas alinhadas ao mesmo modo de pensar que os covardes se manifestam com mais força.
Ali se sentem protegidos.
E, típico dos covardes, costumam fazer com estardalhaço.
O covarde consegue se ver covarde?
AGRESSORES DE MANTEGA RECUAM E PEDEM PERDÃO
Este foi o título de uma das matérias do Brasil 247 de ontem, 11.09.2015.
Li e me veio de imediato à mente a imagem da valentia típica dos últimos tempos.
Aquela que se esconde atrás dos teclados do computador.
Aquela que ocorre em grupos, bandos, manadas.
Veja o vídeo para continuarmos a nossa conversa.
Você tem dúvida sobre qual é o padrão das pessoas que frequentam os ambientes mostrados no vídeo (restaurantes finos e o Albert Einstein)?
Pessoas finas, como se autodenominam.
Consideremos em primeiro lugar que ofensas e agressões em ambientes públicos é o que há de pior em termos de educação pessoal, para cuja falta elas, as pessoas de finos talheres, costumam apontar quando são os plebeus que “fazem barraco”.
Imagine se a partir de agora qualquer pessoa que seja um pouco mais conhecida não puder frequentar ambientes públicos porque não atuam de acordo com o desejo dos revoltados on line, in avenues, bars, restaurants, hospitals, theatres… (quem sabe falando em inglês eu consiga me comunicar com essas pessoas finas).
Ainda que não saibam o que é cidadania, isso é cidadania ao avesso.
Pelo nível mental e intelectual que essas pessoas diferenciadas exibem, talvez seja perda de tempo chamar a atenção para isso.
Mas…
Desconsideremos a enorme ignorância que os cerca.
Desconsideremos a intolerância, o preconceito e o ódio que dominam as suas vidas.
Desconsideremos a incompetência e a corrupção incorporadas à vida de alguns deles, como já se sabe do rapaz que bate na garrafa no restaurante em que está Alexandre Padilha.
Consideremos somente a coragem deles.
Sempre em bandos, manadas, agridem pessoas que numericamente estão em desvantagem.
E em ambientes cuja forma de “pensar” se configura como da maioria que ali está, ambiente propício para a manifestação da bravura.
Observe que no restaurante onde agridem Mantega, após xinga-lo de tudo o rapaz recua diante da simples aproximação do ofendido e assim que este se afasta em movimento de volta à mesa ele volta a se manifestar.
E o senhor que durante todo o discurso de “elogio” ao ex-ministro se posiciona sempre atrás da mulher e dali não sai.
Espelhos de duplo reflexo de líderes e liderados.
Quem ainda não observou a covardia de Aécio?
Na campanha para a presidência, quantas agressões covardes Dilma e Luciana Genro, mulheres, sofreram?
Extensão da vida pessoal, haja vista que mesmo a imprensa aliada tem registros de atos de agressão física dele à sua companheira?
Quantos homens você conhece que são valentes diante de mulheres?
Quanta covardia de Aécio já se manifestou em vários outros momentos, como nas manifestações, ao ponto de ser chamado de “arregão” por seus liderados?
Quanta covardia do seu tutor, Fernando Henrique Cardoso, desde a sua inesquecível frase “esqueçam tudo que escrevi”.
Que atitude mais covarde poderia haver no homem do que a negação de si mesmo?
Quanta covardia de Fernando Henrique Cardoso ao dizer e desdizer inúmeras vezes a postura assumida diante do golpe e do impeachment de Dilma.
Lembra de Danilo Gentili quando atacou Lula e diante da interpelação judicial mudou a conversa dizendo que era uma brincadeira?
Depois que a interpelação foi arquivada voltou a posar de valente.
Debochou do próprio juiz (e consequentemente da Justiça), mas nessas horas eles fazem questão de não perceber.
Lembra da manifestação no Farol da Barra (Salvador), quando homens e mulheres muito corajosos, juntos na mesma manada, mostraram valentia ao ofender uma mulher na janela, chamando-a inclusive de vagabunda e p…, como noticiou a reportagem do jornal A Tarde?
Agora leia o que diz Mônica Bergamo na sua coluna na Folha
“Os dois empresários que gritaram palavrões, em junho, para o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, dizendo que ele era “ladrão”, “palhaço” e “sem-vergonha”, acabam de se retratar. Diante de queixa-crime por injúria, calúnia e difamação, eles procuraram o advogado do ex-ministro, José Roberto Batochio, e propuseram acordo. Mantega assinou ontem os dois pedidos de desculpas, concedendo aos empresários seu “perdão”, exigência da lei para que a ação judicial seja suspensa.
Marcelo Melsohn disse na retratação que estava no restaurante Trio, na Vila Olímpia, no dia 28 de junho, quando “irrefletidamente” ofendeu o ex-ministro. Afirma estar arrependido e diz reconhecer que Mantega é “probo, honesto e digno”. João Locoselli afirma que nada sabe sobre o economista que “possa desaboná-lo em sua vida pública”.
Todos eles fazem parte do mesmo time.
Só uma observação.
A manchete do Brasil 247 está equivocada.
Deveria ser:
COVARDES, AGRESSORES DE MANTEGA RECUAM E PEDEM PERDÃO