Por Ronaldo Souza
Já estive hoje com o Sol.
Cumprimentei-o indo em busca de um abacaxi.
A fruta.
No supermercado vizinho ao prédio onde moro não encontrei.
Nas barracas também não.
Na volta de uma delas, passando por um dos edifícios que faziam o meu caminho, vi um funcionário varrendo a calçada.
Feliz, ele cantava:
“Não fosse o amor por nossos filhos
Você não estaria mais comigo…”
À primeira vista, talvez pareça que a letra da música não me permita assegurar que ele estava feliz.
Mas estava.
A felicidade não se manifesta de uma única maneira.
Sair andando em busca de um abacaxi, ver alguém varrendo a calçada, ver alguém cantando…
Quanta coisa banal.
Mais um dia.
Não, não é.
Os dias não são iguais.
E não são simplesmente alegres ou tristes.
Da mesma forma que a tristeza invade a alegria de um dia, a alegria encontra espaço em um dia triste.
Mesmo a lembrança de momentos mais tristes que eventualmente me chegam trazidos pela memória parece doer menos.
O tempo tem esse poder.
Hoje é dia de festa.
Engana-se quem pensa que a festa não permite a reflexão.
Não necessariamente a reflexão nos deixa tristes.
Muito mais que isso, ela nos deixa contemplativos.
E aí a vida ganha sentido e intensidade.
Desejo-lhe um dia assim.
Alegria e contemplação.
Aí, se por qualquer razão a tristeza quiser chegar, deixe-a entrar.
Ela doerá menos e não lhe fará triste.
Quem sabe possa torna-lo mais feliz.
Por vê-la com os olhos da compreensão das coisas da vida
Não se preocupe.
Ela não vai fixar residência em você.
Ah, sim, o que a minha mulher vai fazer para substituir o abacaxi no prato que está fazendo eu não faço a menor ideia.
Sei que fará.
E será especial.
Feliz Natal.