O homenageado

Aristóteles

Por Ronaldo Souza

Não me lembro de tê-lo visto de perto. Conhecia-o muito de nome e tinha natural curiosidade pelas suas coisas porque era padrinho de um amigo da adolescência.

Era um político local com alguma influência (todos eles têm “alguma” influência).

Homem violento, tinha um “anjo da guarda”, que alguns chamavam de capanga (pura inveja, maldade do povo) e resolvia muitas das suas pendências à bala ou na porrada (através do “anjo da guarda”).

Um dia, vejo-o na televisão recebendo uma dessas medalhas que se distribuem pela vida.

Aquela me chamou a atenção. Não lembro exatamente o nome, mas era algo como “Mérito ao Pacificador”.

Não tive um infarto porque, saindo da adolescência para a fase adulta, as coronárias ainda não apresentavam nenhuma possibilidade de aterosclerose e suportavam qualquer tranco.

A partir daquele dia, boa parte da minha inocência de menino do interior (a minha querida e sofrida Juazeiro, da Bahia) foi-se embora e perdi quase que por inteiro o respeito por medalhas, comendas, etc.

Por isso já recusei. Houve quem não gostasse.

Medalhas, comendas, títulos de imortalidade, são dados graciosamente. Hoje fazem parte de qualquer solenidade que se pretende um pouco mais pomposa.

Valor?

Deixo a seu critério.

Segundo Aristóteles, “a grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las”.