Encontro marcado

Moro e a corrente

Por Ronaldo Souza

Há sempre uma estrada à espera de um bagaço de fruta chupada atirado pela janela.

Um dos mais recentes personagens a ilustrar esse fenômeno é Joaquim Barbosa.

O apartamento de Miami que agora expõe as suas vísceras e o faz confessar que não possui uma off shore, mas duas, não é nenhum fato novo.

No momento em que no mensalão ele condenava José Dirceu e José Genoino, para citar só esses dois, por corrupção, através da off shore, que agora se sabe são duas, ele comprava o apartamento num condomínio de luxo em Miami, o paraíso das mentes pensantes brasileiras.

Existem inclusive suspeitas, documentos sugerem isso, de que na verdade ele teria ganho e não comprado o apartamento.

Joaquim Barbosa já disse que não vai mostrar nenhuma documentação a ninguém.

Contando como sempre contou com os poderosos, que o usaram quando ainda tinha alguma serventia, quem o socorreu agora?

Só está e só ficará.

Ao agir como agiu, negou a sua raça.

Que hoje o vê não como um negro digno como tantos que existem, mas como um preto que negou a luta dos povos negros.

Joaquim Barbosa frustrou a história.

“O menino pobre que mudou o Brasil” só mudou a si mesmo.

Vestiu-se de branco.

Alguém ainda consegue imaginar “o menino pobre que mudou o Brasil” como presidente do país?

Barbosa Moro

Moro está prestes a sentir na pele branca o que Joaquim Barbosa sentiu na pele negra por ter se vendido aos poderosos.

A pesquisa recentemente divulgada para a FIESP mostra que a sua popularidade despenca (aceitação cai de 90% para menos de 60%) justamente por perseguir aquele que, ao contrário, nunca se vendeu aos poderosos.

E aponta para dois momentos em particular.

A prisão coercitiva de Lula e a divulgação ilegal e imoral dos grampos de conversas privadas, particularmente com a presidenta da república.

Moro mostrou ser mais um de visão curta, que não alcança horizontes amplos.

Na sua sanha de Deus enlouquecido e intocável, não conseguiu perceber que não se mexe com mitos.

Assim tentaram fazer aqueles pobres coitados que abordaram Chico Buarque na rua.

Sequer tinham ideia de com quem estavam tendo a honra de falar.

Onde estão eles agora?

Assim fez Moro.

Também não conseguiu dimensionar o tamanho que têm os mitos.

Lula, o mito'

Nunca tendo brigado com nenhum dos poderosos, Lula sempre manteve a altivez e jamais abaixou a cabeça.

E, acima de tudo, nunca negou a sua origem.

Erros?

Quem nunca os cometeu e quem jamais os cometerá?

Mas os grandes homens crescem nos erros.

Observem Lula daqui pra frente.

Observem Lula quando for eleito em 2018.

Moro tem um encontro marcado.

O mesmo que teve Joaquim Barbosa.

Numa esquina triste e escura da História.