De acordo com Einstein “a imaginação é mais importante do que o conhecimento”. Para determinadas coisas não deveria haver qualquer tentativa de explicação; ou se entende ou não. Essa frase do famoso cientista é uma delas.
Há um conhecimento científico e outro filosófico. O conhecimento filosófico não precisa ser provado, ele se nutre da imaginação do homem; e não há limites para isso. O mundo científico é diferente, ele exige provas. Não é tão fácil consegui-las nas ciências inexatas. Poderíamos recorrer a alguns exemplos. Acredito que bastam os seguintes.
Você é capaz de me dizer qual é a solução irrigadora ideal? Ah, essa é fácil, hipoclorito de sódio. Quem lhe disse? É a clorexidina. Não, é o soro fisiológico, o que importa é o volume de irrigação e não a substância química. Não, é o hipoclorito de sódio a 1%. Que nada cara, a 5%. Ah não, a virtude ‘tá no meio, é a 2,5%. E aí, finalmente, qual é?
Você é capaz de me dizer qual é a medicação intracanal ideal? Hidróxido de cálcio, não tem pra ninguém. Já era, é clorexidina. Qual é meu, é corticóide. Olha parceiro, trabalho com PMCC há 120 anos e todos os meus casos dão certo. Quer dizer que você não utiliza Tricresol de jeito nenhum? Olha, eu só uso hidróxido de cálcio com veículo oleoso. E aí, finalmente, qual é?
O conhecimento científico é limitado, e com uma agravante; ele pode ser limitante. Os resultados são incontestáveis, as estatísticas, lei. De acordo com Rubem Alves* “O cientista virou um mito. E todo mito é perigoso, porque ele induz o comportamento e inibe o pensamento”. Crio a verdade, não quero ver a possibilidade do outro.
Você lembra que até pouco tempo não se podia fazer tratamento endodôntico de canal com polpa viva em sessão única? Se não fosse feita medicação intracanal com corticóide o coto pulpar se inflamaria e ocorreria o fracasso da terapia. Os trabalhos mostravam isso. Hoje, todos preconizam, todos fazem. A imaginação faz a ciência avançar.
* Rubem Alves – Psicanalista e professor paulista.