Por Ronaldo Souza
Hoje é domingo
Pé de cachimbo
O cachimbo é de ouro
Que dá no besouro
O besouro é valente
Que dá no tenente
O tenente é mufino
Que dá no menino
O menino é chorão
Tibuf no chão
Por que foi esse “poema” a primeira coisa que me veio à mente assim que abri os olhos nessa manhã de domingo?
Não faço a menor ideia.
Só sei que é da minha infância.
Lá onde convivem a curiosidade por todas as respostas e a inocência de simplesmente repetir o que se aprende.
O que quer dizer?
Confesso que não sei.
Só sei que de vez em quando me vem à mente.
Dessa vez, num domingo pela manhã.
E sempre que me vem à mente “poetizo” em voz alta para as minhas filhas.
Elas riem comigo? Não, de mim.
Meu pai, você é muito besta. Ri de tudo.
Mal sabem que já não rio de tudo.
Mal sabem que já rio pouco.
Será que a criança que não se foi embora quis acordar antes de mim para me lembrar que hoje é domingo, pé de cachimbo?
Será que a criança que parece querer insistir em resistir e existir não quis que eu acordasse antes dela para ela conduzir para mim o meu domingo, pé de cachimbo?
Será que a criança percebeu e teme que eu não seja capaz de resistir a dias tão duros e quis me dizer; descanse um pouco mais.
Quem sabe?
Talvez ela tenha simplesmente desejado dizer que hoje é domingo, pé de cachimbo.