Por Ronaldo Souza
Por mais que a perceba diariamente, o que deveria me fazer ver como algo “normal”, a insensatez da mídia e dos raivosos anti-Lula/Dilma/PT traz um grande desconforto.
E o que justifica esse desconforto? A constatação da absoluta ausência de capacidade de discernimento, não diante das possibilidades, mas dos fatos. O mais importante deles: mesmo com os eventuais erros cometidos, nunca governos se voltaram tanto para o social quanto nos últimos 10 anos.
O incrível é como, ainda que os segmentos mais privilegiados da sociedade não tenham sido prejudicados nesses 10 anos, muito pelo contrário, reagem violentamente contra qualquer ação que lhes pareça interferir no seu bem estar e na pretensa condição de acima do bem e do mal.
As recentes manifestações expuseram de forma cruel o que somos e do que somos capazes. Os eleitos pelos deuses deixaram vir à tona os instintos mais primitivos do homem. A visão do nosso umbigo como o centro do universo nos faz assim.
Quantos esqueceram o que já foram! Atropelaram o ontem em nome de um hoje que acabou de chegar. Que pensem que é deles todo o mérito do que conquistaram (o que conquistaram mesmo?) e não resultado de uma conjuntura. Parabéns, você merece, você conquistou. Não dói saber que nesse ontem muitas vezes ficou parte da sua família, ficaram amigos, ficaram ex-colegas?
Bolsa esmola, assistencialista, eleitoreira, bolsa vagabundo. Incrível. Como podem fazer isso com uma população absolutamente desprotegida? Esqueceram de quantas pessoas vocês viram que pertencem a esse mundo? Esqueceram que os seus pais e avós, ou os dos seus amigos, tiveram, se não exatamente essas dificuldades, algo parecido? Em que lhes afeta melhorar a vida delas?
O que nós, doutores, eu e você, fazemos de fato que engrandeça a raça humana. O que nós, doutores, eu e você, fazemos de fato que melhore as vidas das pessoas além de ganharmos a nossa própria tratando delas?
Há poucos dias o Bolsa Familia ganhou o prêmio ISSA, que corresponde ao Nobel da área social. Aqui, apedrejado, pelo mundo, aplaudido e copiado.
Não, não vou chorar porque o pequeno jornal nacional da rede globo (letras minúsculas mesmo) sequer deu a notícia. Não, não vou chorar por isso. Choro, e muito, por fazer parte desse segmento social tão pequeno, tão pobre.
Bolsa Família faz 10 anos e já vai de Nova York à Suíça
Neste domingo 20, completa exatos dez anos o maior programa social do Brasil; odiado por muitos, que o consideram assistencialista, pernicioso e, sobretudo, eleitoreiro, mas pedra de toque dos governos do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, o certo é que o Bolsa Família está se tornando cada vez mais imitado em todo mundo; depois de ser implantado em Nova York, com a colaboração de técnicos brasileiros, chega à Suíça nas próximas semanas, com votação marcada no congresso do país europeu famoso pela riqueza; aqui, benefícios pagos a 13,8 milhões de famílias variam de R$ 32 a R$ 306 por pessoa; lá, em versão 2.0, transferências serão de até R$ 6 mil; repita-se: R$ 6 mil!; neste 2013, investimento total do governo brasileiro é de R$ 24 bilhões; ou você acha que é gasto?
O principal programa social do governo, iniciado durante a gestão do ex-presidente Lula e pedra de toque da administração Dilma Rousseff, completa 10 anos neste domingo 20 – e se globaliza. Atacado por muitos no Brasil, ele é considerado, pela ONU e ONGs internacionais um dos principais programas de combate à pobreza do mundo, tendo sido nomeado como "um esquema anti-pobreza originado na América Latina que está ganhando adeptos mundo afora" pela revista The Economist. Governos de todo mundo estão de olho", registra o Wikipédia. Para o jornal francês Le Monde, "o bolsa família amplia, sobretudo, o acesso à educação, a qual representa a melhor arma, no Brasil ou em qualquer lugar do mundo, con
tra a pobreza".
Nas próximas semanas, informa o governo da Suíça, o modelo Bolsa Família será implantado em uma pequena região do pais. Mas numa versão 2.0, com benefícios equivalentes a R$ 6 mil (abaixo). Nos Estados Unidos, Nova York foi a primeira cidade a adotar o programa, hoje atingindo cerca de 3 mil famílias, com ajuda de técnicos brasileiros.
Para a pesquisadora italiana Francesca Bastagli, da London School of Economics, o programa foi "desenhado" de forma a permitir a emancipação dos beneficiados. "O bolsa família tem uma estrutura que vai em direção contrária ao assistencialismo", acrescenta Francesca, que estuda ações de diversos países direcionadas à transferência de renda para os pobres.
No Brasil, pode-se amá-lo ou odiá-lo. Nos 10 anos de implantação do programa, sobrou pouco espaço para o meio termo da oposição. Denúncias sobre irregularidades pontuais aparecem com frequência na mídia, mas uma coisa se reconhece: ele mudou a face do Brasil, ao atingir milhões de famílias.
"O Bolsa Família acomoda a população pobre", analisou certa vez a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Para a entidade, o programa seria "só uma ajuda pessoal e familiar. É verdade que 11 milhões de famílias recebem no Nordeste e no Norte, mas isso levou a uma acomodação, a um empanzinamento".
ESTUDO INÉDITO – Mas para o governo, é mesmo a sua menina dos olhos. Em estudo inédito divulgado na terça-feira 15 em comemoração ao aniversário de uma década do programa, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômico Aplicada) revelou que a iniciativa implantada no governo Lula reduziu a extrema pobreza em 28% nos últimos dez anos, superando em 70% o patamar estabelecido pela meta do milênio da ONU.
Atualmente, o Bolsa Família atende a cerca de 13,8 milhões de famílias – quase 80 milhões de pessoas. Para a ministra Tereza Campello, o programa traz melhorias, principalmente, na redução da pobreza e na redução da desigualdade. "Nós temos dados, estatísticas robustas que comprovam os benefícios que o Bolsa Família trouxe para as famílias ao aliviar a pobreza, ao levar crianças para salas de aula, ao melhorar o desempenho escolar e a reduzir a mortalidade infantil", afirmou a ministra.
Segundo Marcelo Neri, presidente do Ipea, a cada 2% gasto com o Bolsa Família, 12,5% são transformados em benefício para a população, ou seja, o programa ajuda não só a reduzir a pobreza, mas também a estimular a economia a partir do consumo da população mais pobre. "O Bolsa Família tem um efeito multiplicador na economia, cada real que você gasta no Bolsa Família, ele faz a economia girar R$ 2,40. Ele tem um impacto sobre a pobreza, com impacto direto de 36%, ou seja, a pobreza cai de 4,9% para 3,6% com o Bolsa Família sem levar em conta os efeitos multiplicadores", afirmou.
Os dados do impacto do programa também apontam que a renda dos mais pobres cresceu em torno de quatro vezes mais rápido do que a renda dos mais ricos. O investimento pelo governo federal no Bolsa Família em 2013 é de R$ 24 bilhões, o que representa 0,46% do Produto Interno Bruto (PIB). "Ele (o Bolsa Família) gasta apenas 0,5% do PIB, então ele consegue fazer muito na pobreza e na desigualdade. Ele consegue fazer muito, gastando relativamente pouco", disse Neri.
Com informações do Ipea e do Blog do Planalto
Abaixo, notícia do portal Infomoney, parceiro_247:
Suíça votará projeto de Bolsa Família no valor de quase R$ 6.000 por pessoa
InfoMoney