A hora mais perigosa

Por Celso José de Brum

ex- professor de Sociologia e Estudo dos Problemas Brasileiros, da Unitau

Diário de Taubaté

Pois é, a hora mais perigosa está chegando, a hora da verdade, da qual ninguém consegue escapar. Estamos a 7 meses das eleições gerais e todas as preocupações assumem proporções ciclópicas , nada menos. As últimas pesquisas divulgadas demonstram que Dilma Rousseff ganha no 1º turno, em qualquer cenário. E dão a entender que a derrota das oposições será arrasadora. Mas, que os governistas não ponham “salto alto” porque “tem muita água para passar por debaixo da ponte”.

A direita brasileira — sob cujo rico manto se abrigam o PSDB e os futuros ex-partidos DEM e PPS — não vai se deixar sofrer a anunciada “sova de criar bicho”, sem apelar para os inescrupulosos recursos que costumeiramente usa, sem dó nem piedade. A direita brasileira sabe que a batalha de 2014 é decisiva. Sabe que uma derrota por demais contundente de seus contumazes apaniguados ( tucanos e associados) e de seus eventuais colaboracionistas (os antigos frequentadores do cocho governista, a dupla Eduardo e Marina) pode comprometer irremediavelmente o projeto 2018, eis que – internamente, entre choros e ranger de dentes- consideram que 2014 “já era” para as suas pretensões.

A direita raciocina que, se a derrota em 2014 for catastrófica, como tudo indica que será, nada mais restará a fazer senão recorrer à sua principal especialidade: o golpe. Ou seja: a articulação para o golpe já começou, entre os arcanos da direita brasileira. Ainda outro dia, o príncipe Fernando Carlos Lacerda Cardoso disse que “o Brasil precisa de um sacolejão”. “Sacolejão”?! Sacolejão deve ser o atual codinome de golpe. Ou seja, às favas a democracia. E o retorno do poder para as elites, a qualquer preço! Eu disse “qualquer preço” e repito “qualquer preço” e reafirmo “qualquer preço”.

A esquerda brasileira possível (representada pelo PT e associados) que se prepare: vem “chumbo grosso” aí. Serão usados todos os expedientes, os mais sórdidos: variados tipos de calúnias e agressões à honra, com indefectíveis invasões da privacidade da turma da esquerda. Serão ampliados, no extremo inimaginável, os ataques ao Lula, pois ele representa, para o povão, seu mais autêntico e confiável defensor. Atacar Lula tem duas motivações: para fazer diminuir sua influência e, principalmente, como vingança das elites, que não “engolem” o sucesso e o reconhecimento obtidos por um operário como presidente da República. A destruição do mito Lula é e será sempre o principal objetivo da direita – golpista-brasileira.

No mais, a “grande imprensa” brasileira continuará com seu habitual mau agouro, anunciando diariamente que o Brasil vai acabar, que está acabando, como faz desde que o PT chegou ao poder. Mesmo que a taxa de desemprego no Brasil tenha sido, em 2013, de 5,4%, enquanto que na orgulhosa zona do euro, a taxa tenha sido de 12%. E que o Brasil tenha acumulado reservas de 375 bilhões de dólares, (quando Fernando Henrique Cardoso deixou o governo, havia apenas 17 bilhões de dólares + 31 bilhões emprestados pelo FMI, ou seja, o Brasil estava quebrado). E que a inflação nunca ultrapassou o teto da meta estabelecida, nesses últimos 10 anos (no governo tucano, a inflação estava sem nenhum controle).

A “grande imprensa” tem estimulado discretamente as manifestações populares, como ocorreu em junho de 2013. Serão manifestações criticando principalmente a Copa do Mundo no Brasil. O que é uma bobagem, pois a Copa do Mundo propiciará grande lucros e vai incrementar o turismo em nosso país. Milhões e milhões de pessoas, entre os que virão e os que acompanharão o evento pela TV, vão ficar atentos para este grande continente, que é o Brasil. Cálculos sensatos dão conta de que os lucros, a médio prazo, cobrirão amplamente (cerca de cinco vezes mais), todas as despesas com o evento. Mas, o certo é que os protestos não terão nada a ver com questões éticas: terão tão somente a intenção de desgastar o governo, nesta hora mais perigosa, que é a hora das eleições gerais.

De minha parte também pretendo participar das futuras manifestações populares. Estarei convocando, entre meus caros, raros, fiéis e inteligentes leitores, os interessados para protestar:

1- contra a lei da gravidade;

2- contra a falta de verbas na pesquisa para a descoberta da máquina do tempo, para a qual, antecipadamente, apresento-me como cobaia.

E nada mais havendo, por ora, a tratar, encerro o presente artigo, desejando aos meus caros, raros, fiéis e inteligentes leitores e aos que estejam, pela primeira vez, frequentando este oásis de reflexões pra lá de heterodoxas, um ano eleitoral isento de golpes que a direita pretende sempre e permanentemente.