Não há outra expressão, a imprensa jogou lenha na fogueira. O grupo de sempre. Editoriais da Folha e Estadão incitaram a violência.
Na revista Veja, os manifestantes foram chamados de ‘terroristas’, ‘baderneiros’, ‘vândalos’, ‘vagabundos’ e ‘remelentos’ — e um artigo no site da revista sugere passar ‘fogo neles’. Segundo o jornalista Paulo Nogueira, se a percepção de “terrorismo” se consagra estará justificado o assassinato dos manifestantes.
A Globo, como sempre, criando e repercutindo as notícias destacando a necessidade da ação policial para reprimir as manifestações. Agora, porém, recuou e está, também como sempre, tentando reverter o significado das manifestações e direciona-los contra o PT. Na segunda matéria abaixo (do iG), o comandante da PM de São Paulo, Benedito Meira, pediu “que incluíssem na pauta de protestos pedido de prisão dos condenados do processo de Mensalão”. O comandante da Polícia Militar de um estado recebe ordens de quem? Do governador. Quem é o governador de São Paulo? Geraldo Alckmin (PSDB).
É natural que ela não divulgue, mas todas as equipes da Globo estão sendo expulsas das manifestações. Até Caco Barcelos, por sinal um bom e digno jornalista, foi expulso hoje em São Paulo. A repórter da Globo que está na Avenida Rio Branco cobrindo a manifestação no Rio de Janeiro está usando um microfone sem a logo da emissora. Estão se escondendo. Veja abaixo (no final dos dois textos) o vídeo da expulsão de uma das equipes da Globo.
É possível encontrar maior incitação à violência do que nesse editorial da Folha de 13/06/2013?
Retomar a Paulista
Editorial da Folha Folha Editorial – Retomar a paulista
Oito policiais militares e um número desconhecido de manifestantes feridos, 87 ônibus danificados, R$ 100 mil de prejuízos em estações de metrô e milhões de paulistanos reféns do trânsito. Eis o saldo do terceiro protesto do Movimento Passe Livre (MPL), que se vangloria de parar São Paulo –e chega perto demais de consegui-lo.
Sua reivindicação de reverter o aumento da tarifa de ônibus e metrô de R$ 3 para R$ 3,20 –abaixo da inflação, é útil assinalar– não passa de pretexto, e dos mais vis. São jovens predispostos à violência por uma ideologia pseudorrevolucionária, que buscam tirar proveito da compreensível irritação geral com o preço pago para viajar em ônibus e trens superlotados.
Pior que isso, só o declarado objetivo central do grupelho: transporte público de graça. O irrealismo da bandeira já trai a intenção oculta de vandalizar equipamentos públicos e o que se toma por símbolos do poder capitalista. O que vidraças de agências bancárias têm a ver com ônibus?
Os poucos manifestantes que parecem ter algo na cabeça além de capuzes justificam a violência como reação à suposta brutalidade da polícia, que acusam de reprimir o direito constitucional de manifestação. Demonstram, com isso, a ignorância de um preceito básico do convívio democrático: cabe ao poder público impor regras e limites ao exercício de direitos por grupos e pessoas quando há conflito entre prerrogativas.
O direito de manifestação é sagrado, mas não está acima da liberdade de ir e vir –menos ainda quando o primeiro é reclamado por poucos milhares de manifestantes e a segunda é negada a milhões.
Cientes de sua condição marginal e sectária, os militantes lançam mão de expediente consagrado pelo oportunismo corporativista: marcar protestos em horário de pico de trânsito na avenida Paulista, artéria vital da cidade. Sua estratégia para atrair a atenção pública é prejudic
ar o número máximo de pessoas.
É hora de pôr um ponto final nisso. Prefeitura e Polícia Militar precisam fazer valer as restrições já existentes para protestos na avenida Paulista, em cujas imediações estão sete grandes hospitais.
Não basta, porém, exigir que organizadores informem à Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), 30 dias antes, o local da manifestação. A depender de horário e número previsto de participantes, o poder público deveria vetar as potencialmente mais perturbadoras e indicar locais alternativos.
No que toca ao vandalismo, só há um meio de combatê-lo: a força da lei. Cumpre investigar, identificar e processar os responsáveis. Como em toda forma de criminalidade, aqui também a impunidade é o maior incentivo à reincidência.
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Do iG
Comandante-geral da PM pede protesto contra mensalão
Ao iG, dois participantes da reunião da SSP com o MPL relatam que Benedito Meira sugeriu incluir na manifestação de hoje pedido de prisão dos condenados no processo do Mensalão
Por Ricardo Galhardo, iG São Paulo | 17/06/2013 13:47:58 – Atualizada às 17/06/2013 15:55:25
O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, Benedito Roberto Meira, sugeriu aos representantes do Movimento Passe Livre (MPL) que incluíssem na pauta de protestos pedido de prisão dos condenados do processo de Mensalão, segundo relato ao iG de dois participantes da reunião.
Segundo participantes da reunião, Meira teria dito que foi um erro da polícia (ação da Tropa de Choque), que é a favor das manifestações não só pelas passagens, mas que tem muita coisa errada, como os mensaleiros. Ainda conforme os relatos, os representates do MPL, ignoraram a sugestão do coronel, que foi interpretada como uma tentativa de politizar a manifestação.
Por volta das 14h50, o iG foi procurado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) para dar esclarecimentos. Segundo o órgão, Meira falou: "Eu não estou aqui para discutir o mérito da manifestação. Gostaria que vocês fizessem outras manifestações como, por exemplo, contra a impunidade e pela prisão dos mensaleiros". Ele fez a afirmação como cidadão, segundo a SSP, a fala pessoal não reflete a posição do governo do Estado.
"Ele queria demarcar uma posição", explicou Mayara Vivian uma das representantes do MPL, que também participou do encontro. Manifestantes rejeitaram também todos os pedidos feitos pelo secretário de Segurança Pública do Estado, Fernando Grella.
Vídeo: Veja imagens e personagens do confronto de quinta-feira em São Paulo
O secretário abriu a reunião em tom amistoso, reiterando a proibição de uso de balas de borracha durante o protesto e em seguida fez alguns apelos. "Ninguém aqui vai fazer nenhuma imposição, são apenas sugestões", disse o secretário segundo os participantes do encontro.
Em seguida, pediu que o trajeto fosse informado às autoridades, o que foi recusado pelos manifestantes. Eles disseram que vão informar o percurso momentos antes do ato. Depois, o secretário pediu que os manifestantes orientassem os integrantes do movimento a usar camisas brancas, para que a polícia pudesse identificar mais facilmente quem estava participando.
Grella também sugeriu que fosse proibido o uso de máscaras. Ambos os pedidos foram categoricamente recusados pelos manifestantes do MPL. Além da cúpula da segurança no Estado de São Paulo e das lideranças do MPL, participaram da reuniã
o integrantes de outros movimentos sociais como a Central de Movimentos Populares (CMP), Resistência Urbana, Pastoral dos Povos da Rua, Educafro.
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