A sujeira por baixo dos talheres de prata

Nasce um partido político. Era 1980. Surgia o Partido dos Trabalhadores, o PT. Começa a chamar a atenção e a ocupar lugar de destaque no cenário político brasileiro. Chama a minha atenção. Mas eu não sou um trabalhador. Como posso eu, profissional liberal, elite social e financeira do país, identificar-me com um partido de trabalhadores?

Ocorre uma pergunta; por que será que os profissionais liberais acham que não são trabalhadores?

Nasce um partido político. Era 1988. Surgia o Partido da Social Democracia Brasileira o PSDB, fundado por importantes figuras do cenário político brasileiro, alguns tidos como intelectuais. Identifiquei-me com ele. Ainda existiam resíduos da ideia de elite. Afinal, era um profissional liberal.

Campanha presidencial. Era 1989. Candidato do PT; um homem conhecido como Luis Inácio Lula da Silva, um apelido que se misturava com o nome. Um semianalfabeto, que mal falava o português. Inglês, nem pensar. Dos candidatos, o único com essas “características”. Por que eu, um profissional liberal, insistia em querer votar naquele semianalfabeto, que não falava inglês, que nada tinha a ver comigo?

Num golpe baixo, “jogaram” uma filha de Lula na campanha, uma questão estritamente pessoal e que nitidamente trouxe um grande desconforto para ele. A indignação foi tão grande que esboçou-se uma reação com a mesma moeda. Hábitos pessoais de Collor não muito recomendáveis poderiam ser usados também. Lula não aceitou: “não vamos levar questões pessoais para a campanha”.

Também nessa campanha, ficou famoso aquele último debate entre Lula, o comunista que comia criancinhas, e Collor, o caçador de marajás, de família muito rica, dona da TV Gazeta, afiliada da Rede Globo em Alagoas. Somente anos depois veio à tona o que a Rede Globo fez naquele debate. Veja o vídeo [[youtube?id=To-FNLeoOK0]]

O PSDB/DEM e a grande imprensa (?), Rede Globo à frente, têm feito de tudo para destruir a imagem de Lula. Entre tantas, até de estuprador de um colega na época em que esteve preso pela ditadura já o acusaram. Mais recentemente, a mídia vem tentando criar e disseminar a suspeita de um romance entre Lula e Rosemary Noronha.
O PT sempre soube, por exemplo, da história do filho de Fernando Henrique Cardoso, Tomás Dutra Schmidt, com a jornalista Miriam Dutra, da Globo. A Globo abafou o caso e mandou a jornalista morar na Europa com o filho. Em 2009, FHC reconheceu o filho.

Veja o que diz a Tribuna da Imprensa:

Depois do reconhecimento, os três filhos de Ruth Cardoso – Paulo Henrique, Beatriz e Luciana – pediram ao pai que fizesse um exame que comprovasse que Tomás era mesmo filho dele. O ex-presidente concordou, imaginando com isso colocar fim a qualquer possibilidade de desentendimento entre os irmãos e Tomás.

O primeiro teste foi feito no fim do ano passado, em São Paulo. A saliva de FHC foi recolhida em São Paulo, e a de Tomás, em Washington, nos EUA, onde estuda, por meio do representante do escritório do advogado brasileiro Sergio Bermudes, que cuidou tanto do reconhecimento quanto dos testes feitos.

O primeiro exame deu negativo. FHC decidiu então se encontrar com Tomás em Nova York para um novo teste, que também deu negativo. Fernando Henrique Cardoso está disposto a manter o reconhecimento de Tomás, até porque não pode voltar atrás. Mas seus herdeiros, no futuro, poderão questionar a paternidade com base nos testes de DNA.

Fica faltando resolver agora o caso do filho que FHC teve com uma empregada doméstica. Foi em 19 de novembro que se descobriu um segundo caso de filho natural do ex-presidente FHC. A notícia foi dada pelo colunista Claudio Humberto, ao relatar que há pouco mais de 20 anos o então senador Fernando Henrique Cardoso tivera um romance com a empregada doméstica Maria Helena Pereira, que trabalhava em seu apartamento na capital.

Desse relacionamento nasceu um filho, que se chama Leonardo dos Santos Pereira e está hoje com vinte e poucos anos. Mãe e filho trabalham no Senado Federal. Maria Helena é copeira e serve cafezinho aos gabinetes da Ala Teotônio Vilela, enquanto Leonardo trabalha como carregador (auxiliar de serviços gerais) na Gráfica do Senado.

É interessante lembrar que FHC vivia dizendo que tinha um pé na senzala. E era mais do que verdade. Além de ser mestiço, como praticamente todos os brasileiros, ele acabou tendo filho com uma afrodescendente que o impressionou pela formosura. Leonardo é considerado muito parecido com o pai. E foi por isso, aliás, que a mulher de FHC, Dona Ruth Cardoso, decidiu demitir a empregada (veja aqui http://www.tribunadaimprensa.com.br/?p=20228).

Em outros momentos, tentaram achincalhar Lula, chamando-o de bêbado. Atribuía-se à Dona Ruth Cardoso, esposa de Fernando Henrique Cardoso, hoje falecida, dificuldades com a bebida, mais especificamente o whisky. O PT nunca fez qualquer insinuação sobre isso. Sempre respeitou D. Ruth pelo seu valor.

O jogo sujo do PSDB/DEM/Mídia, é comum dentro do partido. Em 28 de fevereiro de 2009, o Estadão publicou um texto que atiçou a guerra de bastidores entre os dois pré-candidatos do PSDB à Presidência da República. Assinado pelo falecido colunista Mauro Chaves, ele recebeu título provocador: “Pó pará, governador”.

Você acha normal que um jornal como o Estadão (São Paulo) publique a coluna de um dos seus mais prestigiados colunistas com esse título, “Pó pará, governador”? Teria havido algum erro de digitação?

Na verdade, o objetivo do jornal, um grande defensor e protetor de Serra, era pressionar Aécio Neves a desistir da disputa interna e aceitar o papel de vice na chapa tucana (na campanha para a eleição de 2010, em que Dilma ganhou). O jornalista Altamiro Borges fez o seguinte comentário: “Sem nunca ter ocultado seu serrismo, o Estadão dispensou o protocolo e disparou um torpedo visando atingir a pré-candidatura de Aécio abaixo da linha-d’água. Contrastando com a linha conservadora do jornal, instilou uma insinuação pesada, uma suposta ligação de Aécio ao “Pó”, ou seja, cocaína”…

Observa-se o nível de uma simples disputa interna entre dois candidatos do PSDB para ver quem iria disputar com Dilma. Como sabemos, deu Serra. Recentemente flagrado por uma blitz no Rio de Janeiro, o Senador Aécio Neves se recusou a fazer o teste do bafômetro. Comenta-se que o senador não estava bem outra vez, mas que o bafômetro só registraria uma das razões para a sua condição.

Apesar de recursos baixos serem utilizados pelo PSDB/DEM/Mídia contra o PT, Lula nunca permitiu qualquer menção a essas histórias, de Fernando Henrique Cardoso ou de qualquer outro político, por achar que é uma questão estritamente pessoal. Apesar da enorme campanha sistemática contra os seus membros (petralhas, delinquentes, quadrilheiros, quadrilha de bandidos, raça i
nferior…), particularmente nos últimos 10 anos, o Partido dos Trabalhadores, o PT, uma raça a ser extinta, como disse o Senador Jorge Bornhaussen (DEM de Santa Catarina), tem evitado (até quando!!!) o jogo baixo, mesquinho, sujo.

Em artigo de hoje da Folha (26/12/2012, quarta-feira), um dos seus colunistas, que também é da Veja (sempre ela), refere-se aos membros do partido da presidente Dilma Roussef como “cleptocompanheiros”.

Dizem que a oposição e a mídia brasileira são as únicas no mundo que tentam derrubar um ex-presidente. E não conseguem.

Ao reler esse texto antes de posta-lo, preocupou-me não deixar a impressão de que teria exagerado nos comentários sobre o PSDB/DEM/Mídia. Não quero ser injusto com um segmento tão importante da elite brasileira. Tenho que reconhecer que são pessoas de fino trato. Sabem como poucos como se comportar à mesa. Possuem o domínio de fato do uso dos finos talheres de prata.