Amor, estranho amor: O Globo, Caetano e Freixo

Por Fernando Brito, no Tijolaço

Hoje eu acordei me sentindo um velhinho…

Daqueles que dizem: ih, como as coisas estão mudadas…

Quem vê a troca de críticas, com espaços imensos, artigos para cá, editoriais para lá, entre Caetano Veloso, Marcelo Freixo e o império Globo, descuidadamente, fica pensando que finalmente vivemos a democracia na mídia…

Caetano acusando O Globo de parcialidade, Freixo descobrindo que o cogumelo global apoiou a ditadura…Meu Deus, quantas revelações!

O Globo defende-se hoje, num novo editorial: apoiamos sim, mas já fizemos autocrítica. Agora, somos democratas radicais…

Eu devo estar mesmo velho…

Não vi Caetano nem Freixo se recordarem antes da postura autoritária do império Globo.

Só agora, que experimentou na pele o que é ser vítima do Império é que Freixo descobriu que “a Globo é sócia de um projeto autoritário de cidade”.

O senhor tem toda razão, Deputado Freixo, damo-lhes as boas vindas nesta sua tardia adesão aos que sempre o disseram.

Quando a Globo sabotou Leonel Brizola de todas as formas, só conseguimos espaço para responder às acusações que fazia no Judiciário – e depois de dois anos! – que acabou gerando o antológico Direito de Resposta do governador no Jornal Nacional, história que um dia será contada em seus bastidores, aqui.

Artigo de Leonel Brizola n’O Globo? Só pagando, e caro, como publicidade.

Mas Caetano, este muito mais,  e Freixo sempre frequentaram as páginas globais. nada de errado, só que, como disse ontem aqui, o diabo não compra só um pedaço da alma, leva o lote.

Claro que Caetano e Freixo têm razão ao dizer que O Globo é faccioso com eles, mas sua fraqueza &e
acute; nunca terem dito que era faccioso com outros.

As blaquibloquices de Caê e e Freixo, enquanto eram úteis para desgastar o governo federal, sempre foram bem-vindas.

Agora, que a tolerância oportunista com grupos de irresponsáveis “deu merda” – desculpem a expressão – eles fazem carga contra vocês como se fossem o que para eles são: lixo.

O Deputado Freixo e Caetano Veloso deveriam se mirar no exemplo de Fernando Gabeira.

De tão moderno, libertário, outsider, descolado, pós-moderno, relativista ;  de tantos espaços, colunas, artigos, entrevistas e participações na Globo, foi indo, indo, indo e virou um notável expoente da direita conservadora nos quadros da emissora.

Agora, se quiserem mesmo continuar esse casamento, vão ter de se comportar. Nada de gracinhas, porque senão, vale aquela coisa  horrível do Nélson Rodrigues sobre gostar de apanhar.

Mas é melhor virem para o lado de cá, onde vocês nasceram e cresceram, antes de se apaixonarem, como mariposas,, pelo brilho das luzes.