Por Ronaldo Souza
A imprensa mais uma vez fez a cabeça de todo um segmento da sociedade. Conduziu-o como quis, para onde quis, na hora que quis.
Justamente o segmento que se julga diferenciado. O que se diz mais informado.
As “reportagens” muitas vezes assustaram pelo grotesco. Em muitas delas havia uma manipulação tão grosseira que chocava.
Mas lá estava a docilidade da inércia intelectual.
Sempre receptiva.
Como deveria se sentir alguém que, tendo uma formação diferenciada, percebe que não consegue mais discernir?
Como deveria se sentir alguém que, tendo uma formação diferenciada, percebe que não tem mais em suas mãos o seu destino?
Como deveria se sentir alguém quando, tendo uma formação diferenciada, perceber que não verá em seus filhos a capacidade de ter em suas mãos o seu destino?
Como será o momento de se olhar no espelho da alma e ver essa imagem refletida?
Haverá esse momento?
Existe esse espelho?
O que está nesse vídeo não é propaganda de horário eleitoral.
É reportagem da Rede Globo.
Ainda que continue escondendo isso do povo brasileiro e de um segmento que carrega em si instintos que nos remetem aos primórdios dos tempos, nem a imprensa consegue deixar de registrar (reconhecer?) a importância de algo de tão grande valor social.
Não se trata da famosa figura de retórica “como um tapa com luva de pelica”.
Não.
A mídia simplesmente esbofeteia a sociedade que ela formou e põe diante dela um espelho cujo reflexo é cruel.
É justamente ela, a imprensa, que mostra à sua sociedade uma simples reportagem que ao mesmo tempo em que é apresentada parece querer zombar de todos.
O espelho que é posto diante da sociedade conseguirá mostrar a ela o seu real tamanho ou já não se quer ver?
E é aí que vem lá de dentro, da profundeza das nossas almas, a dúvida angustiante:
A questão é mesmo a perda de discernimento ou da dignidade?