Caso Clínico 33

      A                                                        B

                                 C

        D                                                      E

        F                                                        G

Retratamento do 36. Em A e B, radiografias trazidas pela paciente, com intervalo de 2 anos e 8 meses entre ambas. Perceba que há um instrumento fraturado no ápice da raiz mesial e o aumento da lesão periapical em B. Em C, retratamento com limpeza do forame (feita em todos os canais). O cones de guta percha são posicionados nos limites clássicos em D, onde deveriam ser obturados. Em E, os cones mesiais são intencionalmente colocados cerca de 5 mm aquém do ápice. Em F, obturação concluída. Observe a obturação curta nos canais mesiais. Radiografia de acompanhamento (G) mostra reparo das lesões periapicais, inclusive nos canais mesiais, onde o espaço vazio intencional deixado pela obturação é extenso. Observe que os espaços vazios dos canais mesiais mal obturados em A fizeram surgir a lesão periapical (o canal distal está bem obturado). Em B (2 anos e 8 meses depois), a lesão da raiz mesial aumentou e, mesmo com o canal distal bem obturado, surgiu lesão periapical também na raiz distal. Agora perceba que extensos espaços vazios nos mesmos canais mesiais (F) permitiram o reparo (G), tal qual no canal distal, com limite apical "normal". Como explicar? É simples. Não é a obturação que promove o reparo. O preparo do canal (modelagem e limpeza) mal feito em A não exerceu controle de infecção e os espaços vazios estavam contaminados. Em F o preparo do canal (instrumentação correta, irrigação com hipoclorito de sódio e EDTA, limpeza do forame e medicação intracanal com hidróxido de cálcio) promoveu controle de infecção; o espaço vazio, portanto a obturação, não impede o reparo. Este e outros casos clínicos, que serão colocados no site gradativamente (veja também o 31 e 32), foram realizados ao longo dos últimos 21 anos e têm como principal objetivo mostrar que a obturação não é o fator determinante do sucesso em Endodontia, mas sim o preparo do canal. A causa das lesões periapicais, exsudato, fístula, é a infecção do canal. O controle de infecção é que cria as condições para o organismo promover reparo e o controle de infecção é realizado pelo preparo do canal. Em qualquer especialidade da Medicina sabe-se que a remoção da causa faz cessar o efeito. Em Endodontia não é diferente. Que fique bem claro: NÃO É UMA PROPOSTA DE OBTURAÇÃO. O canal deve ser bem obturado, como foram todos os outros que já estão no site e outros que ainda serão postados. É possível que você esteja chocado com as imagens, por isso recomendo ver detalhes dessa concepção em Souza RA. Endodontia Clínica, Santos, 2003. Você pode também fazer os seus comentários ou tirar as dúvidas pelo Blog da Endodontia deste site.