Raciocínio correto

José Roberto Simões:
Prof.Ronaldo, parabéns pelo seu livro,muito bom. Gostaria de um esclarecimento:
Quando temos uma necro,promovemos a limpeza passiva do forame sempre,ok. O sr nunca teve um caso de necro com lesão, tratamento, onde fez a limpeza passiva do forame,(desbridou),colocou Hc , obturou e depois de um tempo esta lesão não regrediu? Penso o que fazer depois de instalada a prótese, e se o mesmo for pilar?
Pergunto:
Necro com lesão, porque não promover sempre a limagem ativa do forame como garantia nestes casos onde vai uma coroa ou pilar de uma prótese com varios elementos?
Porque usar a limagem ativa do forame só em casos de lesões refratárias? se o auxiliar de diagnóstico nosso(complementar) é uma imagem bi-dimensional, podendo não mostrar a real magnitude da  reabsorção cementária?
Ficaria grato pelos seus esclarecimentos
Um abraço

José Roberto, o seu raciocínio está muito bem elaborado e concordo com ele. Acredito que a limpeza ativa proporciona maiores chances de sucesso, porém, nos 23 anos em que faço limpeza do forame, não foram muitos os casos em que precisei recorrer a ela. Em outras palavras, na maioria das vezes a limpeza passiva foi suficiente. Existem razões para isso e vou explica-las em outro momento. Por exemplo, a ativa dificulta um pouco mais a boa adaptação do cone principal de guta percha e nesses casos procuro travar bem. Aproveito para reforçar o meu pensamento sobre travamento como sinônimo de vedamento: isso não existe. O objetivo aqui é “evitar” (na verdade, dificultar seria a palavra mais adequada) a ultrapassagem do cone para os tecidos periapicais. Uma vez que a limpeza passiva trouxe bons resultados ao longo dos anos, recomendo-a por minimizar a questão da obturação. É possível que eu escreva um texto sobre o tema para o Conversando com o Clínico, aqui no nosso site. Por enquanto, o tempo de que disponho não está permitindo. Volto a dizer; a sua linha de raciocínio está correta. Devo também adiantar a você e aos colegas que participam do nosso blog que tenho dados mais concretos sobre isso. Em momento oportuno eles serão mostrados.

Danada da anatomia 2

Lilian:
Prof. o dente 44  possue uma extensa cárie com exposição pulpar, sem sintomas. O dente possue 24 mm de comprimento e estou em 17mm e a lima não desce, nem a 06. Ao rx pude observar no inicio do terço apical um ¨obstaculo¨na luz do canal, formando um C. Pode ser calculo pulpar? Como trato este caso? Grata

Lilian, pelo visto você foi premiada com o caso no post anterior e este. Cheque a possibilidade de bifurcação ou trifurcação. Confira bem a radiografia e, se for o caso, faça outras, mesializada e distalizada.

Danada da anatomia

Lilian:
Prof. Ronaldo: estou tratando o dente 11, necrose pulpar e fistula na altura do inicio do terço apical. O comprimento do dente é 22mm. Pela odontometria eletronica lê em 18mm. Como era necrose nao anesteisei e quando inseria a lima chegando no comprimento de 18 mm a paciente sentia uma cutucada. Coloquei um cone de papel e havia sangramento. O por que do sangramento e da sensibilidade? se estou a 4 mm do final da raiz? Como  devo proceder com este tratamento? Grata

Lilian, você não está retratando, correto? Pergunto porque poderia ter um pino e aí haveria a possibilidade de perfuração. Sendo tratamento, vejo três possibilidades: forame apical saindo nesse nível. Sei que você pode achar “muito aquém” para ser a saída do forame, mas pode ser. Observe se há luz de canal nítida a partir desse comprimento ou se ela “desaparece repentinamente”. Faça radiografias na orto, mesializada e distalizada. Confira isso, e confirme com o localizador foraminal. As outras duas, bifurcação do canal e canal lateral.

E agora?

Aline:
Existe lima com mais de 31 mm? Eu estou tratando um canal de canino superior, com 35 mm. O que fazer?

Aline, não há no mercado. O que há de mais simples que você pode fazer é penetrar mais até o cabo do instrumento ficar por “baixo” da coroa (face palatina), ou seja, o ponto de referência ficaria próximo do cíngulo e o próprio cabo seria o cursor.

O insustentável preconceito do ser

– Recomendo um passeio pelo nosso “Central Park”, disse um repórter. Mas evite ir ao Ibirapuera nos domingos, porque é uma baianada só!
-Então estarei em casa, repliquei ironicamente.
-Ai, desculpa, não quis te ofender. É força de expressão. Tô falando de um tipo de gente.
-A gente que ajudou a construir as ruas e pontes, e a levantar os prédios da capital paulista?
-Sim, quer dizer, não! Me refiro às pessoas mal-educadas, que falam alto e fazem “farofa” no parque.
-Desculpe, mas outro dia vi um paulistano que, silenciosamente, abriu a janela do carro e atirou uma caixa de sapatos.
-Não me leve a mal, não tenho preconceitos contra os baianos. Aliás, adoro a sua terra, seu jeito de falar… Leia mais

Limpeza ativa do forame

Andréia Verri:
O que é a limpeza ativa do forame que o sr.recomenda?

Andréia, devo ter explicações sobre esse tema em alguns posts aqui no blog mesmo. De forma bem reduzida você encontra uma delas na página 5 do blog, com o título Limpeza ativa do forame. Além disso, você encontrará no site textos sobre o tema no Conversando com o Clínico e em Artigos Publicados (clique nos títulos). De forma bem detalhada, no meu livro Endodontia Clinica.

Não há regra fixa

Andréia Verri:
O senhor fala em MIC hidróxido de cálcio com soro fisiológico (seria HC Pró análise misturado ao soro?)01x e após obturação do canal, quando tem lesão. O sr usa para lavar intra canal apenas ou deixa como curativo de demora? Por quantos dias, apenas 7 dias seria o suficiente?

Andréia, hidróxido de cálcio PA com soro fisiológico. Cada caso merece uma análise, mas, normalmente, uma medicação e depois a obturação. Se por qualquer razão você achar necessário, faça outras sem constrangimento. É um grande equívoco a mesma terapia para todos os casos sem flexibilidade, pois prende o profissional a protocolos e não o leva a raciocinar. Se houver necessidade de mais de uma medicação, a primeira deve ser trocada com cerca de 15 dias (há razões para isso) e a partir daí pode ser de mês em mês (não é rígido). Lembre, porém que cada caso merece uma avaliação.

Revendo os passos

Mariana Virginelli:
Estou com um caso no consultório em um molar inferior que o dente foi tratado e o paciente continuou sentindo dor, com isso estou retratando o canal, mas a sensibilidade à mastigação o paciente ainda sente muito. Já usei HcaPa com PRP, já usei só o PRP, já usei o CFC mas nada melhora. Gostaria de saber se pode me ajudar com o caso.

Mariana, é muito difícil opinar sobre alguns casos (aliás, muitos casos) à distância, sem ter mais informações, inclusive radiográficas. Mas adianto que somente o uso de medicação intracanal, seja qual for, não deverá resolver. A sensibilidade à mastigação pode ocorrer mesmo em casos bem tratados e com o tempo (depende do tipo de agressão) deverá regredir. Diante da agressão decorrente de extravasamento de material obturador, por exemplo, o organismo requer um tempo mais prolongado. A dor provocada por agressão mecânica e/ou química regredirá com o tempo. Se for de origem microbiana, muda completamente o panorama. Cheque a possibilidade de ter havido sobreinstrumentação, necessidade de ajuste oclusal, fratura… se puder dar mais detalhes, tentarei ajudar.

Será que é fratura?

Ana Cecilia Grimaldi:
Boa noite! Gostei mto do blog! Em janeiro fui procurada para retratar o 47 de uma paciente que alegava sentir ainda muitas dores mesmo apos 1 ano e meio do canal finalizado, com um pino pre-fabricado no canal distal. No Rx não observei lesão periapical, e o canal aparentemente bem instrumentado e obturado ao nivel do  ápice radiográfico. Como ela alegava com certeza que era aquele dente realizei o retratamento, com duas trocas de medicação (utilizo HPG) e cerca de 1 mes depois ela relatou melhora na sintomatologia, entao obturei o canal com sealer 26 1mm aquem do apice. Ela continuou sentindo dores, mediquei com anitiinnflamatorios, ajustei oclusao e nada.Ela procurou outra endodontista da mesma clinica que tb disse q o canal estava bem tratatado e a paciente nao retornou mais. É posivel dentes com canal bem tratado por 2 vezes e sem lesao periapical alguma causar tanta dor??? Por favor, me ajude, estou ficando traumatizada com retratamentos!!!

Ana Cecilia, situações como essa geram algumas possibilidades, mas vamos pegar uma delas. Não é normal o paciente apresentar “muitas dores mesmo apos 1 ano e meio do canal finalizado, com um pino pre-fabricado no canal distal”. Pode-se suspeitar de fratura. Caso seja isso, pelo tempo decorrido deveria haver alterações radiográficas no espaço do ligamento periodontal nos locais correspondentes à fratura, ou então a fratura é recente. Faça um exame cuidadoso (palpação, percussão, radiografias com incidências diferentes, etc) e examine a possibilidade de ser outro dente. Talvez você precise recorrer a uma tomografia. A colocação de medicação intracanal somente não resolve. Se precisar faça outro contato.

Por conta de vocês

Marconny Rios Sampaio:
Professor Ronaldo, um paciente do sexo masculino, 16 anos chegou ao consultório relatando um “caroço” em cima da unidade 11. Foi percebido aumento da cortical óssea, teste de vitalidade negativo, História de trauma na unidade, na radiografia percebi fratura de metade da raiz. Tem alguma chance de tratamento conservador? ou tem que se optar pela exodontia mesmo? gostaria de experiências e opiniôes dos colegas e parabêns pelo Blog. OBS: mandei a radiografia para seu e-mail se possível poste-a no tópico

Marconny, não deu para conseguir uma boa imagem (pelo menos eu não consegui) com a radiografia que você mandou. Veja se pode escanear e mandar de outra forma. Aí ponho no blog.

Quem pode ajudar Marconny?