Responde ao teste de sensibilidade?

Hugo Bastos:
Prof. Ronaldo, em setembro do ano passado recebi uma paciente com relato de trauma na unidade 21 ocorrido há cerca de duas semanas. Já estava com contenção semi-rígida com fio ortodôntico de pequeno calibre. Radiograficamente observei uma fratura radicular entre os terços médio e apical. Havia discreta mobilidade e teste de sensibilidade positivo. Resolvi acompanhar o caso realizando radiografias periódicas trimestrais. Em todas as consultas fiz teste de sensibilidade sendo a resposta sempre positiva. Na última radiografia realizada dia 19 de julho deste ano, observei uma provável reabsorção externa na região da fratura. É importante destacar que não há sinal ou sintoma de infecção e nem lesão periapical em nenhuma das radiografias anteriores. A paciente tem um diastema significativo entre os incisivos centrais e me relatou desejo de ser submetida a tratamento ortodôntico para o fechamento do mesmo, mas encontra-se ciente de que não seja possível. Estou na dúvida se faço de imediato o tratamento endodôntico ou se aguardo mais tempo. Se for aguardar, por quanto tempo mais posso fazê-lo? Deveria ter realizado a endodontia de imediato? Qual a sua opinião sobre o tratamento ortodôntico nesses casos? Estarei enviando as radiografias para o seu email. Obrigado.

Hugo, apesar da “provável reabsorção externa na região da fratura” (observe se futuras radiografias confirmam a imagem), acho que a intervenção endodôntica não deve ser feita, pois o dente ainda responde ao teste de sensibilidade. Acompanhe a “evolução” do teste de sensibilidade e da provável reabsorção (algo como, quem aumenta, quem diminui). O tratamento ortodôntico que envolva essa unidade está contra-indicado. A contenção já foi removida, correto?

O Brasil, o Irã e o mundo

Estou cansado. Era pouco antes de 01:00 da manhã quando me preparava para pegar o livro de cabeceira para ler um pouco e dormir, quando recebi o e-mail com esse vídeo, o discurso de um soldado americano. Ele mostra o que está por trás do desejo de impor sanções aos países. Não resisti e resolvi escrever algo para desabafar, nem que fosse para falar para mim mesmo, e aí poder dormir. Leia mais

Sobreinstrumentação

Walter:
Olá, Prof. Primeiramente parabenizar pelo excelente trabalho realizado no campo da Endodontia. Prof, estou realizando a endodontia de um 36 e tenho encontrado dificuldades em resolver uma infecção persistente. Fiz odontometria e por descuido acabei sobreinstrumentando e alargando o forame até a lima #30. Fiz a correção e tenho utilizado CTM 1mm aquém do forame (lima#40). Como curativo tricresol. A paciente constantemente está doente e gripada mas acho que não deva ser o fator de maior importância. O que fazer? Será que a causa foi ter sobreinstrumentado e alargado o forame até #30? Grato e um abraço

Walter, houve sobreinstrumentação em um canal ou em todos? Não uso tricresol. O fato de a paciente estar sempre doente e gripada tem importância. Você pode estar diante de alguém com o sistema imune deprimido (e aí, se for o caso, entre com medicação antibiótica). A sobreinstrumentação e alargamento acidental não são a mesma coisa que a limpeza ativa do forame que recomendo. Dê mais detalhes.

Lesão refratária???

Renata Friedman:
Prof.Ronaldo, estou com um caso que não encontro solução e não sei se já é o momento de buscar outro tratamento. Por favor me ajude.Vamos lá:Paciente chegou pra mim relatando ter tido o q eu imaginei pelo que ela relatou, um abscesso intrabucal na vestibular do 21 que ela mesma drenou com uma agulha. Quando a examinei havia apenas uma fístula drenando pus. No rx uma lesão com cerca de 1cm de diâmetro, sem cárie e com uma resina antiga. Pois bem, fiz a endo em sessão única, instrumentei bastante, até LK 60, irrigando com hipoclorito 2,5%, mantive a patência e fiz limpeza foraminal. Cerca de 7 meses depois ela retornou pra controle e a fístula ainda não havia cicatrizado. Optei por retratar, reinstrumentei ampliando o preparo pra LK80 e já fiz quatro trocas de hidróxido de cálcio com PMCFC, com intervalos de 7 dias as primeiras, 15 a segunda e 30 a terceira,mas nada da fístula sumir.Ao rastreá-la com o cone de guta, este vai parar no ápice do 22 que respo
 nde ao teste de vitalidade. E o que mais me encomoda é que sempre que vou secar o canal no final do preparo  há secreção, o que acredito que seja por causa da continuidade da infecção. Já pensei na possibilidade de fratura ou de cirurgia,mas será que já é hora de desistir ou devo continuar com o hid de cálcio?

Renata, o incisivo central superior já é naturalmente amplo, portanto, a lima K 80 ainda seria compatível com ele (no caso de pacientes jovens), mas muito cuidado daí para a frente. Sugiro fazer limpeza ativa do canal cementário. Faça boa aspiração e se possível (com esse calibre de canal e a limpeza ativa do forame deve ser) posicione a cânula no interior da lesão. Remova a camada residual (smear layer). Seque com pontas de papel, faça medicação com hidróxido de cálcio e uma curetagem da fístula. Se não me engano, você já disse que tem o livro Endodontia Clínica e todos esses passos estão lá. Além disso, você encontra aqui no site e no blog. Antes de tudo, porém, sonde bem clinicamente e com radiografia/tomografia a possibilidade de fratura.

Exame clínico minuncioso

Karina:
Ola prof. Ronaldo!!!estou precisando de orientaçao…paciente com 29 anos,aparentemente saudavel,chegou ao consultorio com a queixa do dente estar escuro,durante o exame clinico observei a presença de uma fistula no dente 11,realizei o rx i ficou confirmado perda ossea(dente com lesao apical),ela tb disse que ja retratou esse dente duas vezes i que quando criança teve um trauma nesse dente.O canal esta aparentemente bem obturado.Sera q esse dente tem trinca? Sera q devo pedir uma tomografia? Sera q devo tentar mais uma vez o tratamento conservador? Sera q devo indicar p fazer cirurgia parendodontica? Aguardo resposta…

Karina, respondo na mesma sequência das suas perguntas. A confirmação ou não da trinca só poderá ser feita através de exame clínico minuncioso por você mesma ou um colega próximo a você que possa ajudar. A tomografia pode ajudar muito nesses casos. Acredito que um retratamento realizado em bases diferentes do que foi feito é recomendável. Antes de observar esses aspectos, não sugiro a cirurgia parendodôntica.

Seja louco, mas nem tanto

Ricardo Passos:
Prof. Ronaldo gostaria da sua opinião a respeito da correlação entre a saúde geral e a inflamação crônica periapical

Ricardo, “Não é pelo fato da Medicina, como um todo, não saber ainda estabelecer as correlações que podem existir nesse campo que devemos ignorar essa possibilidade. Em outras palavras, não é pelo fato da Medicina não saber exatamente o que acontece, que nada acontece. Essa citação está no sexto parágrafo (página 134) do capítulo Medicação Intracanal do nosso livro, Endodontia Clínica. Reconheço, porém, a defasagem dela. No momento em que se preconiza a endodontia feita em função do tempo que se gasta para a realização do tratamento, ela não tem nenhum valor. No momento em que o que importa é a quantidade de sessões em que se realiza o tratamento endodôntico, ela não tem nenhum valor. No momento em que se preconiza obturar o canal mesmo com exsudação, ela não tem nenhum valor. Você pede a minha opinião, mas, lamento, ela não tem nenhum valor. O que vale é a corrente, não a margem. É  melhor  ser louco segundo a moda do que fora dela (Emanuel Kant).

Dor pós-operatória

Marcos:
Prof. Tratei o canal do 15(polpa viva)paciente estava com pulpite, Primeira consulta fiz o acesso, pulpectomia e medicação intracanal, segunda sessão odontometria instrumentação medicação intracanal selamento, 15 dias após a primeira consulta paciente retornou assintomática quadro estável e normal fiz a obturação, radiografia final, tudo ok tudo certinho,  mas para minha surpresa paciente retornou com dois dias queixando-se de dor ao toque resolvi realizar um alívio articular e para surpresa maior ainda sentia dor ao estímulo da turbina fiz anestesia e realizei alivio articular mas a paciente continua com a sintomatologia. Pode me elucidar o ocorrido? Aguardo Resposta

Marcos, você diz “radiografia final, tudo ok tudo certinho”, mas mesmo assim vou perguntar, porque há quem ache que só está “certinho” se houver extravasamento. A obturação ficou muita próxima do ápice, no limite ou houve extravasamento? A polpa foi realmente removida ou teria ficado enovelada no CT? Alguma chance de outro canal que não foi tratado? Possibilidade de fratura (acontece com frequência com os premolares)? Dê uma conferida nessas possibilidades.

Endodontia baseada em evidência

Existem diversos momentos em que facilmente se observa a endodontia baseada na autoridade. Ainda hoje, conceitos absolutamente equivocados são defendidos sem a devida comprovação e pelo menos dois deles precisavam ser e estão sendo contestados: o limite apical de trabalho e o real papel da obturação. Por outro lado, sabe-se que a contestação do estabelecido é sempre muito difícil e gera muita polêmica, até porque muitas vezes alguns interesses entram em jogo.

Todos queremos ter o nome atrelado a um projeto de sucesso. O sucesso de algo que idealizamos/criamos/desenvolvemos é ótimo para o nosso ego. Para a Ciência, não importa quem descobriu e sim que foi descoberto. Leia mais

Branqueamento

Janaina Briguet:
Olá professor Ronaldo, Estou realizando a endodontia dos elementos 11 e 21 , a paciente sofreu trauma há 8 anos atrás ,apresenta lesão periapical extensa,sem sintomatologia.Por favor gostaria de saber quanto tempo após o tratamento podemos realizar o clareamento interno? Normalmente o Sr deixa a Mic(hidróxido de cálcio + soro) por quantos dias nesses casos? A paciente tem 16 anos e relatou que bateu os dentes com 8 anos, radiograficamente o ápice do dente 11 aparece com pequena reabsorção diferente do elemento 21(rizogenese completa sem nenhuma alteração). Iniciei o tratamento pelo 11 e coloquei o hidróxido de cálcio + soro semana passada pensei em completar 15 dias e realizar a obturação o que o Sr acha? Com relação ao clareamento fiquei com dúvida se deveria aguardar a lesão regredir um pouco? e usar o  peróxido de hidrogênio ou perborato de sódio?

Janaina, uma vez que o tratamento endodôntico é dado como concluído, o dente deve estar pronto para ser restaurado e voltar às suas condições de função e estética, o que inclui o branqueamento. Perceba que as alterações (periapicais) que você relata não têm ligação com o procedimento, que será feito na coroa. Espere cerca de 5 dias e então faça a proteção com substância seladora para diminuir as chances de eventuais reabsorções cervicais. O que gosto de recomendar é o uso de hidróxido de cálcio após o branqueamento por pelo menos 2 semanas, para “reverter” o pH ácido do local em função do branqueamento.