O que pode acontecer?

Josiane:
Na situação em que o rasgo ocorreu na raiz mesio-vestibular do 46, um pouco antes do terço medio, após o sangramento ter cessado, feita a obturação com a tecnica híbrida, radiograficamente sujere-se um bom vedamento, qual seria o prognostico para o caso, sendo o paciente ser jovem ( 12 anos) sem algum problema periodontal.Obs:tratava-se de uma Necrose sem lesão periapical.Agradeço muito a atenção.

Josiane, trata-se de uma necrose e como tal eu penso em canal infectado. Como o vedamento hermético não deverá ser atingido, o problema é conseguir-se ou não controle de infecção. Nessas condições, canal com necrose pulpar e infecção, o rasgo da raiz é um fator complicador, mas, se o paciente estiver assintomático, acompanhe. Há chances de que não haja complicações.

Agora é acompanhar

Veruska Zago:
Ola ,estou mandando e email,porque ja nao sei mas o q fazer ,tratei o 46 estava necro ,nao tinha fistula ,lesao apenas uma hipercementose no apice ,mas trabalhei no limite da raiz,pois da para ver nitidamente a onde termina araiz e depois o acumulo de cemento ,enfim desde da primeira sessao apaciente reclama da sensibilidade do dente ao tocar
,trabalhei manual e oscilatorio ,foi com isolamento ,fiz a patencia na lima30 e fiz bastante mecanica e aspiraçao com soluçao de miltom ,fiz 2 sessoes ,e na segunda ja fechei pois ela dizia q tinha melhorado mas nao passado totalmente ,pensei q passaria com o tempo depois de 3 meses paciente voltou reclamando q doi ao tocar e um pouco de sensibilidade ,e disse q sentiu ate pulsar ,achei muito estranho pois fiz uma boa mecanica ate a lima40 ,irrigaçao ,enfim desobturei lavei bem e coloquei callem ,passei antibiotico e antilamatorio ,e estou no aguardo p ver o q fazer ,mas por favor gostaria  de uma ajuda pq realmente nao sei mais o q fazer .OBRIGADA ,É URGENTE POIS A PACIENTE VIAJA FINAL DO MES .AH nao vi problema nos dentes vizinhos.

Veruska, você diz que a paciente viaja no final do mês e só respondo agora no começo do outro. Como falei, estive envolvido com o Circuito Nacional de Endodontia – Etapa Bahia e por isso houve acúmulo de alguns e-mails, inclusive o seu. Somente a presença da dor não é sinônimo de fracasso. Outros aspectos devem ser observados, inclusive as características da dor. Considerando que você fez tudo que relata e a paciente já deve ter viajado, acho que o melhor a fazer é aguardar. A partir daí e de como ela reagirá a longo prazo, deve-se avaliar o tratamento e a possibilidade de refaze-lo ou não.

Outro

Veruska Zago:
Ola prof. ronaldo, estou com uma paciente q fiz canal no dente 46 ,apresenta uma hipercementose no apice ,faço em torno de 36 endos por semana ,trabalho somente com isso ,mas esse caso é o unico q esta memdando problema ,desde a primeira sessao ,ela relata sensibilidade ao toca lo era necro ,coloquei tricresol como medicamento ,na proxima sessao ao fechar ainda ela dizia q estava com uma sensibilidae mas pouca ,mesmo assim obturei o canal achando q ia passar ,enfim passou 3 meses ela voltou dizendo q ainda sente uma leve dor ao tocalo ,fiz ajuste oclusal ,passei um antibiotico e antilamatorio p ver se passava ,mas nada enfim desobturei e coloquei tricresol ,voltou com dor ,fiz de novo mais uma sessao e por fim coloquei callem,realmente nao sei mais o q fazer ,por favor gostaria de uma ajuda e agora como proceder e o q posso fazer mais ,obrigada espero ansiosa pela sua resposta .

Veruska, tendo em vista que o tema é o mesmo, por favor leia os últimos textos que postei.

Mais hidróxido de cálcio

Maria Saelma:
recebí uma paciente, com o dente 11 já iniciado o tratamento endodontico, porém o mesmo apresenta uma fístula localizada entre o 11 e o 12, ja prescrevi vários antibióticos e a fístula reaparece com pús  e etc, não há rarefação óssea radiograficamente. Triei a fístula com um cone de guta percha e ela vai até o ápice do 11, coloquei callem com paramono há uns 15 dias e a fístula reapareceu, hoje troquei o curativo de demora mais uma vez coloquei calem com paramono porem deixei extravassar até a fístula. por favor me orientem, o que devo fazer esse é o tratamento correto?

Maria, como já percebi em outros colegas, acho que você está acreditando demais no poder da medicação intracanal. Apesar de às vezes deixarem transparecer a idéia de que ela resolve, não é verdade. É apenas um complemento, importante, mas um complemento. Prepare bem o canal, faça limpeza do canal cementário, irrigue com hipoclorito de sódio (pelo menos a 2,5%), EDTA, faça medicação com hidróxido de cálcio e obture bem. Outro equívoco que se estabeleceu é a recomendação de extravasamento do hidróxido de cálcio; não faça isso. Quando ocorre por acidente, o que não é tão incomum, é uma outra história, mas intencionalmente não encontra respaldo.

E quando a técnica não é possível?

Casimiro Oliveira:
Prof. ronaldo, há um mes postei uma pergunta sobre dor pós inicio do tratamento endodontico. GOSTARIA de compatilhar uma nova situação que está acontecendo. Paciente enc para retratamento do 36, feito há 15 anos, com relato de dor, rx com rarefação ossea tanto na raiz distal como mesial e material obturador ate 1/3 médio e sugerindo opacidade no restante dos condutos. A 1ªsessão iniciei a desobturação com oleo de laranja e com muita dificuldade consegui a remoção da GP, sem entretanto encontrar a continuidade do canal, e essa remoção não foi nada fácil,como imaginava. Utilizei apenas limas e aponta adaptada do esplorador. Após irrigar bastante com naocl, bolinha com tricresol e selameneto. Cinco horas depois, paciente liga com dor,pulsátil, dente dolorido, recomendei amoxicilina e Nimesulide. Fiz retornar a paciente, no mesmo dia, onde removi selamento, irriguei apenas e adicionei um analgesico. O problema é que o paciente de odontologia quer que a dor! seja atenuada totalmente com um comprimido. Conviver com é estressante. O que fiz de errado ou deixei fazer…

Casimiro, como sempre, é difícil “resolver” à distância, ainda mais sendo um caso não muito comum e sem ver pelo menos a radiografia, mas vamos lá. Acredito que voce já checou outras possibilidades, como trauma oclusal. Se há lesão periapical de origem endodôntica a fonte de infecção é o canal, isto é, ainda há um canal infectado alimentando a lesão. O que ocorre é que nem sempre ele é localizado e/ou acessível pelos instrumentos clínicos (no caso, as limas endodônticas). Assim, não tendo acesso mecânico, não há como tratar. Não há como ter acesso mecânico, mas, em alguns casos recorre-se a uma “compensação química” e uma delas foi feita por você, usar o tricresol. Não indico essa substância e não tenho utilizado mesmo nessas condições, entretanto, para um caso atípico nada impede que se recorra a uma solução atípica. Uma outra alternativa às vezes é “acidental”. Durante as tentativas do profissional de ter acesso ao canal (às vezes ele tenta três, quatro vezes), o hipoclorito de sódio e o EDTA podem penetrar no espaço do canal não localizado e trabalhado mecanicamente e exercer um papel de neutralização química do seu conteúdo. Lembre que esse espaço é bastante reduzido, o que faz com que o seu conteúdo também seja, daí a possibilidade da neutralização química. Hoje se fala muito em evidências. Há alguma evidência desse procedimento? Nenhuma. Não se esqueça, porém, de que a Ciência também apresenta a sua dose de empirismo, o imponderável faz parte dela. O que posso lhe assegurar é que já tive casos desses (e já vi de outros colegas também) em que a única explicação possível para a “resolução” parece ser essa linha de raciocínio. Não sendo assim, é possível que a solução seja cirúrgica.

Infecção e medicação intracanal

Marilene Ortega:
Olá professor, antes de tudo queria parabenizá-lo pelo blog, ótima maneira de esclarecermos dúvidas com profissionais qualificados…….fiz especialização em endo, mas mesmo assim sempre surge dúvidas. Trabalho somente com endo em um centro onde a demanda é gde (centro de especialidades odontologicas pela prefeitura). Os materiais são de boa qualidade, tenho isolamento absoluto, rx bom, tenho localizador apical (que é meu pessoal, mas as vezes uso)…..não temos rotatório!!!!!!!!
Vamos as dúvidas:
-como minha demanda é gde, geralmente a primeira consulta do paciente (em caso de necro I ou II) realizo apenas abertura coronária e neutralização dos produtos tóxicos com bolinha de algodão bem seca de formocresol, sei que o certo mesmo seria realizar a penetração desinfetante, mas por causa da demanda……bom, o que me intriga é que em alguns casos 1 ou 2 dias depois alguns pacientes retornam com quadro compatível de abscesso dento alveolar, as vezes até evoluído!!!!!!! será que o medicamento tá sendo o correto? ou também entra a resistência do paciente e virulência da lesão?
-outra dúvida é quase a mesma: após instrumentar dente necro, preparar batente……sempre utilizo calen c pmcc, porém as vezes ocorre o mesmo que na dúvida anterior: alguns pacientes retornam com sintomatologia de abscesso!!!!!!!!! Será que quando isso ocorre é devido a instrumentação inadequada ou devo utilizar outro mic?????????? o paciente já deve sair medicado para se evitar agudizações????????
Qdo isso acontece sempre fico chateada, mas sei que apenas quem pratica a odontologia esta sujeito a falhas…….professor desde já peço desculpas se as minhas perguntas parecem tolas e agradeço pela atenção…….anciosamente aguardo resposta……abraço

Marilene, na Endodontia é muito comum não se considerar devidamente o que você coloca como “resistência do paciente e virulência da lesão” e dentro desse universo tudo é possível. Percebe-se em você, e isso acontece com muitos profissionais, uma forte preocupação com a medicação intracanal. Em primeiro lugar, usar substâncias como formocresol não é o mais aconselhável. Fixar tecido não significa torna-lo inerte. As consequências imediatas e a longo prazo do uso dessas medicações são imprevisíveis e é possível sim que você tenha dor. Além disso, não importam o nome que tem e o quanto é divulgada e conhecida, nenhuma medicação intracanal é a solução para canais que não são devidamente preparados. Prepare bem o canal (nesses casos faça sempre limpeza do canal cementário), use hipoclorito de sódio e EDTA, hidróxido de cálcio (de preferência com soro fisiológico) e faça uma boa obturação: é isso que resolve. E finalmente, quando você se deparar com necrose em Endodontia pense em infecção, independente se ela é numerada ou não.

Infecção endodôntica e medicação sistêmica

Jeane Cardoso:
Os dentes que apresentam lesão periapical necessitam de antibioticoterapia ou somente mic?

Jeane, a lesão periapical de origem endodôntica é causada por infecção na maioria das vezes localizada no sistema de canais. Nenhuma medicação sistêmica “entra” no canal, portanto ela só deve ser usada se for para dar suporte e proteção ao paciente. Faça um bom preparo, medicação intracanal com hidróxido de cálcio e obture.

Estamos voltando

Oi pessoal, as últimas semanas foram muito movimentadas graças ao Circuito Nacional de Endodontia – Etapa Bahia, particularmente na semana em que foi realizado, e em breve falarei sobre isso. Por essa razão não respondi a algumas questões e há um acúmulo. Aliviou a correria, mas ainda tenho compromissos pela frente, por isso responderei gradativamente. Estou de volta, mas aos poucos.

“Canal que não seca”

Marilene Ortega:
ola prof…tenho duvidas quando canais não são passíveis de secagem. Geralmente prescrevo antibiotico, curativo de demora com calen c pmcc, mas em alguns caso sem sucesso. Isso já é indicação de paraendodontica ou devo tentar outro medicamento sistêmico? Obrigada

Marilene, essa condição geralmente é reflexo de infecção ainda presente no canal. Há casos específicos em que a medicação sistêmica (antibiótico) pode ser usada como um suporte para o paciente, mas ela não atua “dentro” do canal, portanto não utilize para esse fim. Lembre sempre que no preparo do canal o mais importante é a ação mecânica da instrumentação, a química é complementar. A renovação pura e simples do Calen ou qualquer outra medicação intracanal não é suficiente, sem que haja uma efetiva ação mecânica. Prepare bem o canal, faça limpeza ativa do forame, use hipoclorito de sódio (pelo menos a 2,5%), EDTA e hidróxido de cálcio com soro fisiológico. Não faça somente a secagem com cones de papel, faça antes uma boa aspiração, penetrando bem no canal com a cânula. Diante da persistência do exsudato, ainda haveria outros “procedimentos” como recursos a mais, mas de um modo geral esses são suficientes para a maioria dos casos. Apesar de achar que a cirurgia parendodôntica tem sido indicada de maneira abusiva, é claro que esta possibilidade não está descartada.