Acidentes

Ana Lúcia:
Nunca te agradeci por este blog. Achava que era coisa de gente altruista e não precisava agradecimento. Hoje estava numa cirurgia e cometi um erro. a primeira pessoa que lembrei foi você. Não lembrei de coordenador, professor, ninguém. Estava tirando um enxerto de mento com uma trefina. lesionei a rz do canino. terço apical.Acabei de tirá-la, o dente era hígido. tentei instrumentá-la mas não consegui. Tirei o que podia do nervo com uma cureta mc call. depois instrumenteis uns 3 mm com ultrasson e tentei fechar o forame com MTA. Mediquei a paciente e tenho a intenção de abrir o dente pra obturar em 3 dias. Se ela sentir alguma coisa antes, abro antes.
O QUE FAZER?

Ana Lúcia, se entendi bem, depois do acidente você removeu o canino, isto é, ele estava em suas mãos quando você “tirou o que podia do nervo com uma cureta”, depois instrumentou uns 3 mm com ultrasom e tentou fechar com o MTA, foi isso? O que lhe resta fazer é o tratamento endodôntico, como você já definiu. Se doer antes, antecipe o tratamento ou medique a paciente.
Quanto ao ser altruísta, não sou, mas quando idealizei o site, e com ele o blog, não pensei em agradecimentos. Mesmo assim já recebi diversas mensagens nessa direção, entre as quais a sua lembrança e as suas palavras. Por razões como estas me sinto recompensado.

Canal calcificado

Renata Flores:
Caro prof.o que fazer quando se tem um canal totalmente calcificado,porem com um inicio de lesao periapical?Nao consegui visulizar nem clica,nem radiograficamente a luz dos canais ou camara pulpar.O q devo fazer?obrigada pela atenção

Renata, podemos ter imagem de lesão periapical sem ser de origem endodôntica e como exemplo daria a que é causada por trauma oclusal. Sem qualquer tratamento endodôntico, removendo-se o trauma, ela desaparece. A lesão periapical de origem endodôntica surge e é mantida por agressão microbiana vinda do canal e exige tratamento endodôntico. Observe com mais cuidado o que você chama de “início de lesão periapical”, pois pode ser, também como exemplo, um espessamento do espaço do ligamento periodontal por trauma oclusal. Sendo de origem endodôntica e não havendo possibilidade de tratar o canal em função da calcificação, a solução seria a cirurgia parendodôntica.

O que será?

Telma:
olá prof
gostaria de sua opinião a respeito de um trat endodontico realizado num 16.Houve um leve extravasamento de cimento canal mv mas não houve dor pós e nem sensibilidade á palpação.Após uns 15 dias o protesista desobstruiu o canal p e como o pc sentiu dor pediu que eu avaliasse…não há sinal de perfuração nem edema mas sim dor á percursão e palpação no palato(terço cervical) já desobstruí totalmente o conduto p e coloquei hid calcio+soro e já repeti a medicação 2 x a cada 15 dias e não há melhora.Será que mesmo sem sensibilidade á palpação(até hoje) por vestibular há alguma relação com o extravasamento  de cimento mv?não sei mais o que tentar…o pc tem bruxismo e já pensei em fratura mas não consegui vizualizar nem perceber com sondagem clinica.Desde já agradeço a ajuda,um abraço

prof
sobre o caso da unidade 16 com sensibilidade á percursão e palpação na regiaõ do canal palatino após desobstrução parcial para confecção do núcleo…esqueci de dizer q fiz um desgaste de alívio retirando o dente de oclusão desde a primeira consulta(foram 2,dente bio com finalidade protética por fratura da parede palatina há muitos anos).Obrigada

Telma, os extravasamentos de cimento obturador tendem a promover dor logo após a obturação. Pela presença do cimento nos tecidos periapicais, a dor seria de natureza física e química. Os pacientes não reagem da mesma forma, o que deveria nos levar a imaginar que o extravasamento de material obturador proporcionará diferentes reações; uns acusam, outros não. Não mais pela agressão química, porque esta tende a ter repercussão mais breve, e sim pela presença física, o cimento extravasado pode gerar a dor que você relata. Pode ser intensa ou não e, como você diz, pode também se manifestar somente diante de estímulos (percussão/palpação).  Devemos lembrar, entretanto, que a dor só passou a se manifestar à percussão e palpação no terço cervical do canal palatino (e não no MV, onde houve o extravasamento) após a sua desobstrução pelo protesista, cerca de 15 dias após o seu tratamento. É possível que a sua origem esteja relacionada com este momento, o da desobstrução. Mesmo que não haja perfuração (que talvez você venha a imaginar pela ausência de sangramento), o desgaste dentinário decorrente de um desvio do trajeto original pode gerar esse quadro, até pelo calor proporcionado pelas brocas trabalhando nas imediações do cemento durante a desobturação (lembre que as respostas biológicas são individuais). Cheque essas possibilidades. Pelo que você relata, não consigo ver como algo provável um “leve” extravasamento apical de cimento obturador no canal MV provocar dor à percussão/palpação no terço cervical do palatino. É lógico que o bruxismo e a possibilidade de fratura não estão descartados. Diante disso, talvez seja interessante fazer uma tomografia computadorizada.

Circuito Nacional de Endodontia – o Brasil na Bahia

Olá pessoal, o Circuito Nacional de Endodontia – Etapa Bahia já é um sucesso garantido. Ainda a 51 dias da sua realização, já temos vários colegas inscritos (inclusive muitos professores) de diversas cidades do Brasil: Aracaju (SE), Balneário Camboriú (SC), Bauru (SP), Belo Horizonte (MG),  Boa Vista (RR), Campinas (SP), Canoas (RS), Cascavel (PR), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Foz do Iguaçu (PR), Ipatinga (MG), Macapá (AP), Maceió (AL), Mossoró (RN), Novo Hamburgo (RS), Palmeira dos Índios (AL), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Recife (PE), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), São Lourenço do Oeste (SC), Terezina (PI) (não foram citadas as cidades da Bahia).
De 27 a 29 de agosto de 2009 o Brasil estará na Bahia. Venha também, estamos esperando.

Acho que não tem jeito

Adriana Regina:
Oi Prof antes de mais nada quero parabeniza-lo pelo blog.Estava fazendo um 1 pre´-molar sup ai a paciente ficou 1 mês sem retornar por problemas pessoais dela e agora chegou com esse pré fraturado, pela camara vê-se a fratura de mesial a distal ela diz q não mordeu nada.peço a sua orientação.

Adriana, pelas suas características os pre-molares superiores endodonticamente tratados são muito suscetíveis à fratura. Muitas vezes o paciente não percebe que mastigou alguma coisa um pouco mais dura e fica sem entender porque fraturou. Pelo que você relata, o dente deve ser extraído.

Espere um pouco

Ricardo Oliveira:
Prof. Ronaldo realizei um tratamento endodontico no el.27, biopulpectomia, há 05 dias. A paciente relatou que quando caminha sente algo estranho no dente tratado. Existe alguma explicação para este caso?

Ricardo, o preparo e obturação do canal são atos traumáticos, isso é inevitável. A resposta inflamatória a esse trauma será maior ou menor a depender de como o ato operatório foi conduzido. Checadas as possibilidades de qualquer intercorrência, em condições normais isso não representa motivo de preocupação e deverá desaparecer.

Observe alguns detalhes

Thais:
Boa Noite. Gostaria de uma opiniäo do senhor. Hoje recebi uma paciente que me relatou que o dente 23 dela já tinha sido tratado por 3 profissionais e que sempre que o dente é oburado ele volta a doer. Entäo pelo que ela relatou o dente já foi tratado uma vez e retratado duas. Näo há sinal radiográfico de fratura da raiz. E durante a instrumentaçäo, ela sente dor uns 2 mm antes de chegar no ápice. E tbm näo há sangramento nenhum. Disse para a paciente que vou limpar novamente e que vamos deixar o curativo com calen por uns 3 meses e que caso näo haja mais sintomatologia poderemos fechar, pq provavelmente näo terá mais problemas após a obturaçäo. Caso mesmo assim näo haja resoluçäo do problema, o que o senhor acha que pode ser? Porque acho difícil nenhum outro dentista ter tentado o hidróxido de cálcio como curativo.
Obrigada

Thais, um canal que já foi tratado 3 vezes deve ser analisado com mais profundidade e cuidado, mas vamos lá. 1) Seria interessante fazer uma tomografia computadorizada. Apesar de algumas colocações equivocadas que já foram feitas, é um excelente recurso de diagnóstico e uma das suas melhores indicações é justamente checar a possibilidade de fratura radicular, que a radiografia periapical pode não mostrar. 2) Confira o comprimento de trabalho. A literatura mostra uma grande variabilidade no que seria o limite CDC, o que faz com que mesmo a 2 mm aquém você pode estar traumatizando tecidos periapicais. 3) Faça limpeza do canal cementário (nas condições relatadas você precisará anestesiar o dente). 4) Faça medicação intracanal com hidróxido de cálcio por pelo menos duas semanas (minha recomendação é faze-la com o pó do hidróxido de cálcio + soro fisiológico), mas respeito a sua opção pelo Calen. 5) Cheque a possibilidade de trauma oclusal. 6) Acompanhe o paciente.

Observe o tempo de tratado

Aline:
Professor, adorei o blog,a clareza com que nos dá as respostas é admiravél.Em caso de molares que ao fazer a radiografia observamos que os canais mesiais não estão obturados aquem 2 mm, e sim ate terço medio, porem paciente não relata dor, não apresenta lesão, deve ser retratado ou não realiza o procedimento?

Aline, que bom que você gostou do blog. Obrigado pelas palavras.
Aprendemos que a obturação mais do que 2 mm aquém é a maior razão para o insucesso (alguns acham que é insucesso garantido). Não é. Estamos olhando para a direção errada há mais de 50 anos. A razão é outra.
Algumas questões se impõem: há quanto tempo foi tratado, vai ser colocada alguma prótese, pino? Se a restauração coronária está boa, monitore o paciente, não mexa. Se a restauração vai ser refeita o retratamento pode se tornar necessário. Se o tratamento endodôntico foi feito há alguns anos e o dente está restaurado, também não mexa, só acompanhe o paciente. Casos como esse não costumo recomendar o retratamento.

Será que precisa?

Ana Lúcia Lemos:
Tenho uma paciente com um cisto de aproximadamente 5cm na região de 22, 23 e 24. Depois de retratar canal do 22 vou retirar o cisto. tem pessoas que falam que seria melhor colocar material inerte no local para não ter a depressão. o que fazer? Alguém pode ajudar?

Ana Lúcia, como estão o 23 e 24, têm polpa viva ou também estão tratados endodonticamente? Além disso, gosto sempre de pensar na possibilidade de resolver sem intervenção cirúrgica, por isso lhe pergunto se não há essa chance? No caso da remoção cirúrgica, acredito que não há necessidade de colocação de nenhum material. Alguns cirurgiões também pensam assim e confirmam que os resultados de uma e outra situação são semelhantes.