Que tal conversarmos com Frederico?

Frederico:
como explicar q um tratamento endodontico realizado no limite adequqado, pode parecer mais curto 10 anos após a conclusão.
Frederico:
Hoje fiz novamente uma pergunta, mas só depoi notei q foi respondifa em 17/04. Agradeço sua atenção e, respondendo a sua pergunta eu informo q não tenho estatísticas. Em alguns casos aparece lesão e outros não, mas tenho certeza q o espaço era ocupado pelo cone e não cimento um abraço

Frederico, não há dúvidas de que os cimentos obturadores são mais fácil e rapidamente absorvidos do que os cones de guta percha, mas estes também podem ser absorvidos. Certamente, aí entram em cena a sua composição, extensão do que estaria “fora” do canal, etc. Observe que 10 anos é um tempo considerável e é possível que você já tenha visto isso acontecer em casos com tempos variáveis de acompanhamento. Entretanto, além das considerações que fiz diante da sua indagação no dia 17/04 aqui no blog, vamos a outras.
Você sabe que os dentes sofrem estímulos que promovem algumas modificações na sua configuração original, uma delas o alongamento do canal cementário. Este é um fenômento fisiológico, natural, porém pouco considerado. Graças a esse processo, há aposição de cemento ao longo dos anos, o que torna mais extenso o canal cementário. Assim, a obturação que estava no limite adequado, como você colocou, pode, depois de alguns anos, parecer mais “curta”. Vamos a uma outra questão importante?
Por qualquer razão que seja, o que estava no limite adequado e agora está mais curto, na linguagem endodôntica significa estar aquém do limite apical ideal. Se está aquém, mais uma vez na linguagem endodôntica, ficou um espaço vazio, confere? Você diz que “em alguns casos aparece lesão e outros não”. Existindo o espaço vazio e aparecendo lesão em alguns e em outros não, como você diz, conseguiu perceber que a lesão não surge em função do espaço vazio? Se dependesse dele, ela apareceria em todos, concorda comigo?
Pense nisso. Melhor ainda, discuta isso com os seus colegas. A Endodontia está precisando dessa dicussão há mais de cinquenta anos.

“Sangramento” no canal

Fabiano Gabry:
Quais as causas de mesmo após o PQM erminado ainda haver sanramento no canal e como devo proceder para resolver o problema?

Fabiano, é comum a polpa ser “empurrada” para o terço apical. Assim, imaginando-se que foi removida, cada toque nela a faz sangrar. Use uma lima H para remove-la e o sangramento vai parar. Outra causa é o limite apical de trabalho inadequado, levando o profissional a trabalhar em tecidos periapicais sem perceber. O comprimento de trabalho próximo demais do ápice radicular radiográfico pode levar a essa situação e esse fato pode ser acentuado por eventuais reabsorções apicais que não são flagradas pelas radiografias periapicais. Nesses casos, corrija o CT e o problema será resolvido. Não esqueça a possibilidade de um outro canal, você pensa que está trabalhando no da polpa removida e está no outro do qual não suspeita. Reabsorções internas e perfurações também contribuem para sangramentos “inesperados”.

Por que se preocupar?

Ricardo Barreto:
Prof. ao visualizar um instrumento fraturado em um dente tratado endodonticamente, o sr. concorda que deve-se avaliar a dificuldade da remoção dessa lima fraturada e se essa remoção pode levar a outros problemas e caso n remova proservar?

Ricardo, essa resposta depende de alguns aspectos, como tempo de realização do tratamento, se há ou não algum sinal/sintoma clínico (dor [espontânea ou estimulada] lesão periapical, fístula, etc). Vamos a um exemplo concreto. Em um canal tratado há anos, sem sinais/sintomas clínicos que denunciem anormalidade, restauração coronária bem feita, não há porque pensar na “obrigatoriedade” da remoção do instumento. A simples presença dele não significa prenúncio de fracasso e a tentativa de remove-lo pode levar a outros problemas. Acompanhe o caso.

Apicificação

Ana Lúcia:
O que é apicificação e como fazê-la?

Ana Lúcia, é o tratamento endodôntico que se faz para fechamento do ápice nos casos de dentes com rizogênese incompleta e necrose pulpar. A forma usual é usar medicação intracanal de hidróxido de cálcio, com renovações sucessivas durante determinado período (variável a depender de cada caso), até que se feche o ápice, quando então o canal deve ser obturado.

Sejam bem-vindos e muito obrigado

O nosso site www.endodontiaclinica.odo.br  tem pouco tempo “no ar”. Durante esse tempo não usamos nenhum mecanismo especial de divulgação, como o Google por exemplo. Adotamos um contador de visitas (que você visualiza na parte inferior da página) rigoroso, que só registra uma visita por IP, ou seja, somente um acesso por dia é contabilizado para cada navegante, mesmo que ele volte ao site várias vezes no mesmo dia. A quantidade de visitas tem aumentado de forma considerável e para se ter uma idéia, o Blog da Endodontia, uma das seções do site, que vinha tendo média pouco acima de 3.000 visitas mensais, teve no mês de maio 3.728. O contador de visitas do Blog da Endodontia é independente do site e de acesso interno, só para a administração do blog. Hoje estão contabilizadas 42.084 visitas. Além disso, já temos vários colegas cadastrados nele.

Temos percebido que a divulgação tem sido obra de vocês, ao comentarem com os seus amigos. Por isso, sejam bem-vindos os que estão chegando e muito obrigado aos que já estão conosco e têm nos ajudado.

Pode, mas nem sempre é necessário

Péricles:
Olá Professor Ronaldo,é com muito prazer que o parabenizo pela criação deste site de dúvidas,e considero muito as suas afirmações e orientações em endodontia.Por isso,quero lhe indagar se o senhor pode me orientar sobre o uso de motor rotatório ,seria adequado usá-lo em conjunto com motor oscilatório ou não?E quanto ao uso dos localizadores apicais eletrônicos,vale a pena?Estou pensando em adquirir o localizador e o motor rotatório,no entanto estou com dúvidas sobre as diversas marcas do mercado,por favor ,poderia me indicar alguma que valha a pena em relação ao custo/benefício

Péricles, em princípio você pode usar qualquer sistema/técnica ou associação de sistemas/técnicas no preparo do canal. O hidróxido de cálcio já foi “misturado” a inúmeras substâncias, muitas vezes sem nenhum respaldo científico, só pelo desejo de alguém ou de um grupo. Aí incorporam-se nomes, fulano sugeriu, grupo tal recomenda. É muito comum atualmente a citação de mistura de sistemas/técnicas, que ganhou o nome de hibridização, uma ou outra interessante, outras puro exagero. Na nossa sociedade, a coisa mais difícil é ser simples. Por incrível que pareça, quanto mais sofisticado mais atrelado o conceito de bem sucedido. Desde quando não haja perda de qualidade, tenha sempre em mente a simplificação dos procedimentos. Mesmo não sendo normalmente necessário, você pode associar a rotação contínua à oscilatória, nada impede. O uso de localizador foraminal vale a pena sim. Sobre marcas, permita-me não cita-las aqui no blog, por questão de ética profissional. Tenho certeza de que alguém próximo a você poderá lhe ajudar a escolher.

Como contornar?

Ofélia:
Olá, professor. Faço endodontia há 11 anos e me orgulho da capacidade que tenho de conseguir acesso à câmara pulpar independente da intensidade da dor do pac. (pulpite) ou do medo do pac. Geralmente consigo fazer o  acesso na primeira sessão. Porém, estou há 2 sessões com um paciente e NÃO consigo anestesia-lo, consegui um pouco de abertura mas mesmo a intra-pulpar não faz efeito Há algum medicamento que posso prescrever para diminuir essa sensilidade horrível. Penso em prescrever um antiinflamatório alguns dias antes da próxima sessão. Não sei, realmente, pela primeira vez, estou aflita.

Ofélia, não se aflija, alguns pacientes apresentam dificuldade maior para serem anestesiados. É mais comum encontrar-se esse tipo de dificuldade nos molares inferiores, mas você não diz qual é o dente, seria bom saber. Além disso, qual o anestésico que você tem utilizado? O paciente demonstra pavor ao tratamento odontológico, como é ele? Se você puder dar essas e outras informações talvez possa lhe ajudar. Independente disso, duas coisas. Além da técnica que voce etá utilizando, faça uma anestesia intraligamentar bem feita (observe se há isquemia tecidual bem definida). Na intrapulpar, se ainda necessária, não se apoie somente no efeito químico do anestésico, faça um pré curvamento na agulha anestésica, penetre o máximo que puder com ela nos canais, não só na câmara pulpar, e faça a anestesia também por pressão. Se necessário (por isso a importância de saber como é o paciente), uma medicação adequada pode ser o uso de um ansiolítico.

Dor ao mastigar

Fabiana:
Olá, gostaria de saber como proceder com um paciente que após realizado o tratamento endodôntico na unidade 46 ele refere sentir dor durante a mastigação?

Fabiana, o tratamento endodôntico é um ato operatório e como tal gera trauma, que por sua vez gera reação inflamatória. Esta pode se manifestar ou não clinicamente e uma das formas é através de estímulos, entre os quais a mastigação. Alguns fatores contribuem para isso, como a obturação feita no limite ou, pior ainda, extravasamento de material obturador. Em qualquer uma dessas situações, a dor pode persistir por um tempo mais prolongado, graças à presença física do material obturador nos tecidos periapicais. No canal bem preparado e obturado, a dor diante da mastigação não requer nova intervenção, não pense em retratar. Medidas como tirar o dente provisoriamente de oclusão ajudam. Não recomendo medicação sistêmica com antiinflamatórios para dor que só se manifesta quando estimulada.

Não é novo, mas vale a pena

Oi Professor Ronaldo
Existe algum trabalho (de preferência atual) na população, onde mostra as taxas de sucesso e insucesso nos dentes tratados endodônticamente.
Grato
Irineu

Irineu, há alguns desses trabalhos na literatura e podem ser facilmente encontrados. Veja por exemplo um clássico da literatura endodôntica – Sjogren, U. et al. Factors affecting the long-term results of endodontic treatment. J Endod, 1990, v. 16, n. 10, p. 498-504. Deste, parta para outros.

Canal com polpa necrosada e viva

Lorena:
Oi Profº, parabéns pelo blog! por favor, tenho uma dúvida… como devo proceder com relação a um 1ºmolar superior, com canal palatino e mesial totalmente necrosados, coroa com extensa destruição por cárie, mas durante o ascesso ao canal distal a polpa apresentava aspectos de vitalidade, sangramento abundante… devido a carencia no local do atendimento, coloquei formocresol e pulposan… será que vai haver dor pós operatória?
obrigada…

Lorena, não uso nem recomendo o formocresol. Se foi atendimento de urgência, por exemplo, a sua intervenção já é suficiente para alívio da dor (com o sangramento abundante então, ela tende a desaparecer). Entretanto, só pela utilização dessa substância não acredito que haja dor pós-operatória. Quanto ao tratamento, faça como se todos os canais estivessem com polpa necrosada, com os procedimentos sempre começando pelo distal.