Dor pós-operatória

Hugo Bastos:
Prof. Ronaldo, existem casos onde vemos lesão radiográfica em dentes tratados endodonticamente e com indicação de retratamento para as devidas reabilitações. Pacientes assintomáticos, mas existe a necessidade de resolução do problema. Na primeira sessão conseguimos fazer a desobstrução dos canais, mas deixamos pra instrumentar num segundo momento. É quando o paciente cursa com dores intensas e aumento de volume na região do dente. O que fazer nesses casos? Em alguns deles, ao abrirmos não observamos drenagem de secreção purulenta. Penso que a saída seria medicação sistêmica para aliviar a sintomatologia para então continuarmos o tratamento. Mas como evitar essas reagudizações?
Um abraço

Hugo, a razão maior para o retratamento é o fracasso do tratamento, motivado por infecção do canal que geralmente se manifesta através de lesão periapical. Quando se retrata um canal, a preocupação básica tem sido com a desobturação, reinstrumentação e nova obturação. Perceba que não há aí o passo da “penetração desinfetante”, hoje melhor executado com técnicas coroa-ápice. Esse procedimento, neutralização de produtos tóxicos, é tão importante no tratamento como no retratamento. Apesar de não ser dito, tem-se observado com frequência considerável casos de dor pós-operatória, às vezes intensa, e uma das razões é a negligência com esse momento. Hoje, mais do que nunca, há uma idéia de qualidade intimamente associada ao pequeno tempo em que se faz um tratamento endodôntico, tanto que o tempo de realização do (re)tratamento é comumente divulgado ao lado do próprio caso, como uma prova da competência que diferencia os grandes profissionais. Por causa disso, recorre-se mais à medicação sistêmica do que se imagina. A incorporação no retratamento de princípios microbiológicos que são observados no tratamento deverá diminuir bastante o índice de reagudizações.

3 thoughts to “Dor pós-operatória”

  1. Professor, realizei endodontia no elemento 25 polpa via em sessão única em Fev deste ano, a paciente retornou agora, junho queixando-se de dor à mastigação neste dente. Realizei os testes de percussão e vitalidade nos dentes adjacentes e antagonistas, porém nenhuma alteração foi perceptível.
    O que pode estar acontecendo?
    Grata

  2. Ronaldo, aproveitando o assunto retratamento, qual é a sua opinião com relação aos casos em que há imagem sugestiva de lesão, mas nenhuma sintomatologia e obturação aparentemente bem executada.Isso é claro nos casos realizados por outros colegas e que não sabemos das condições no momento em que foi realizada a endo. Pergunto isso, porque existe a possibilidade de “cicatrizes”.Eu costumo indicar o retratamento nos casos sintomáticos ou com lesão e necessidade protética. Se houver a aparente lesão, s/ sintomas, obturação bem feita e restauração funcional e esteticamente bem sucedidas, procuro acompanhar. O que acha?

  3. Reanata, cada situação merece uma análise específica. Uma radiografia bem processada pode mostrar imagem que sugere sutilmente a possibilidade de “cicatriz” periapical, no entanto, não é tão simples de se identificar isso. Não gosto e não sugiro retratar os canais simplesmente pela imagem radiográfica. A tomografia computadorizada é um excelente recurso, mas, nesses casos, só me dará mais detalhes, pois também só registra um momento, não a eventual evolução ou involução do problema; radiografias e/ou tomografias anteriores, se existentes, ajudam bastante. Se for um dente restaurado, acho que a sua conduta é bastante válida e recomendável, ou seja, acompanhar. Os protesistas não gostam de trabalhar em dentes nessas condições, portanto, se houver necessidade de prótese, deverá haver discussão e planejamento por parte de ambos. Nunca esqueça, porém: eles também têm enorme influência sobre o resultado final. O surgimento/agravamento de alterações periapicais pode estar ligado à prótese e não à endodontia, por mais que eles não aceitem.

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