E quando a técnica não é possível?

Casimiro Oliveira:
Prof. ronaldo, há um mes postei uma pergunta sobre dor pós inicio do tratamento endodontico. GOSTARIA de compatilhar uma nova situação que está acontecendo. Paciente enc para retratamento do 36, feito há 15 anos, com relato de dor, rx com rarefação ossea tanto na raiz distal como mesial e material obturador ate 1/3 médio e sugerindo opacidade no restante dos condutos. A 1ªsessão iniciei a desobturação com oleo de laranja e com muita dificuldade consegui a remoção da GP, sem entretanto encontrar a continuidade do canal, e essa remoção não foi nada fácil,como imaginava. Utilizei apenas limas e aponta adaptada do esplorador. Após irrigar bastante com naocl, bolinha com tricresol e selameneto. Cinco horas depois, paciente liga com dor,pulsátil, dente dolorido, recomendei amoxicilina e Nimesulide. Fiz retornar a paciente, no mesmo dia, onde removi selamento, irriguei apenas e adicionei um analgesico. O problema é que o paciente de odontologia quer que a dor! seja atenuada totalmente com um comprimido. Conviver com é estressante. O que fiz de errado ou deixei fazer…

Casimiro, como sempre, é difícil “resolver” à distância, ainda mais sendo um caso não muito comum e sem ver pelo menos a radiografia, mas vamos lá. Acredito que voce já checou outras possibilidades, como trauma oclusal. Se há lesão periapical de origem endodôntica a fonte de infecção é o canal, isto é, ainda há um canal infectado alimentando a lesão. O que ocorre é que nem sempre ele é localizado e/ou acessível pelos instrumentos clínicos (no caso, as limas endodônticas). Assim, não tendo acesso mecânico, não há como tratar. Não há como ter acesso mecânico, mas, em alguns casos recorre-se a uma “compensação química” e uma delas foi feita por você, usar o tricresol. Não indico essa substância e não tenho utilizado mesmo nessas condições, entretanto, para um caso atípico nada impede que se recorra a uma solução atípica. Uma outra alternativa às vezes é “acidental”. Durante as tentativas do profissional de ter acesso ao canal (às vezes ele tenta três, quatro vezes), o hipoclorito de sódio e o EDTA podem penetrar no espaço do canal não localizado e trabalhado mecanicamente e exercer um papel de neutralização química do seu conteúdo. Lembre que esse espaço é bastante reduzido, o que faz com que o seu conteúdo também seja, daí a possibilidade da neutralização química. Hoje se fala muito em evidências. Há alguma evidência desse procedimento? Nenhuma. Não se esqueça, porém, de que a Ciência também apresenta a sua dose de empirismo, o imponderável faz parte dela. O que posso lhe assegurar é que já tive casos desses (e já vi de outros colegas também) em que a única explicação possível para a “resolução” parece ser essa linha de raciocínio. Não sendo assim, é possível que a solução seja cirúrgica.

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