Por Ronaldo Souza
Mais claro não podia ser.
Quem não percebeu?
Mas existe outra pergunta.
Quem não quis perceber?
Aquilo que foi anunciado e estimulado na mente das pessoas num projeto muito bem engendrado e executado pela mídia brasileira, “o maior escândalo de corrupção do Brasil” sempre foi na verdade a maior farsa jurídica e midiática do Brasil de que se tem conhecimento.
A oposição no Brasil nunca foi tão incompetente, mas é compreensível. Quando o seu líder maior é um ex-presidente corroído por dois sentimentos que destroem a essência humana, a vaidade e a inveja, o que se pode esperar dela?
Como se pode trilhar caminhos seguros quando se é liderado por alguém que pede que “esqueçam o que eu disse e escrevi”?
Perdida e desesperada na sua incompetência, a oposição se deixou levar por um projeto audacioso da mídia brasileira. Audacioso não por desbravar, mas por ignorar e desprezar aquele a quem devia proteger, através da informação minimamente honesta e digna; o povo brasileiro. Audacioso nesse sentido. Por isso mesmo, covarde e cruel.
Também compreensível a postura da oposição; no desespero pelas consecutivas perdas, nada mais lhe restava. Registre-se que compreensível a partir da ótica da pequenez daqueles homens. Aceitável, jamais.
E eis que nesse projeto louco e inconsequente, que já ocorrera outras vezes em passado recente da história contemporânea do Brasil, surge um editorial e um pedido de desculpas reconhecendo a participação e efetiva colaboração com a ditadura militar no Brasil.
De uma certa forma surpreendeu a todos. O que estaria acontecendo?
Mais cinismo não poderia existir.
As nossas ações e reações encontram explicação e justificativa no nosso DNA. No nosso sangue “corre” o que somos. Disfarçamos a aparência, jamais a essência.
Se não mais se recorria ao empréstimo das armas, recorria-se à capitulação de outro segmento poderoso; o dos homens da lei. E lá estava, bem no alto da montanha da sabedoria e da razão, a casa da probidade e da justiça, a mais alta corte do país.
Inalcançável, respeitada e admirada pelos mortais, também surpreendeu a todos.
Reinando, “o menino pobre que mudou o Brasil”.
Acuados pela pressão do rei e da opinião publicada, alguns ministros do Supremo Tribunal Federal se apequenaram.
Foi triste ver que a casa da probidade e da justiça, a mais alta corte do país, no alto da montanha da sabedoria e da razão, era mais facilmente alcançável do que se podia imaginar.
A tristeza quase nos leva à depressão.
Teorias estranhas e nunca utilizadas entre nós foram aplicadas para condenar. Estávamos diante da Teoria do Fato. Pouco importava, como não importou, que a sua interpretação estivesse equivocada, conforme registrou aqui mesmo no Brasil o seu próprio autor, o jurista alemão Claus Roxin.
Por mais que fossemos tentados, não queríamos duvidar da probidade, dignidade e coragem daqueles homens, quase deuses, inclusive do saber. Mas eles tinham que entender, como seres iluminados, que era muito difícil entender algumas decisões.
Que nos perdoem a ignorância os nossos magistrados iluminados, mas como foi difícil entender que naquele julgamento cabia ao acusado e não ao acusador provar a sua inocência! Exigiram demais das nossas pobres mentes. Onde estava a sabedoria que costuma acompanhar os predestinados para entenderem que não conseguíamos alcança-los?
Entre trombetas e espocar de tambores aquele espetáculo midiático em que se transformou o julgamento do “maior escândalo de corrupção do Brasil”, bem de acordo com o que diz Mario Vargas Llosa no seu livro “A civilização do espetáculo”, caminhava para o fim.
E eis que de repente.
Não chegou a constituir uma novidade. “O menino pobre que mudou o Brasil” já tinha demonstrado anteriormente, e não foram poucas vezes, a sua incapacidade de se controlar emocionalmente diante do contradit&oa
cute;rio, definido pelo Ministro Luis Roberto Barroso como “déficit civilizatório?
Quem ainda poderia desconhecer essa deficiência depois de tantas manifestações nesse sentido?
Não chegou a constituir uma novidade o absoluto destempero e consequente prova da sua incapacidade de ocupar o cargo que ocupa. Mas, havia ali, pelo menos, uma meia novidade.
Ficou patente, agora em definitivo, que a confiabilidade que se exige dos homens que estão à frente de grandes projetos, para o bem e para o mal, não é uma das características do Presidente do Supremo Tribunal Federal.
A confirmação de Joaquim Barbosa da “possibilidade” cogitada pelo Ministro Barroso, ao mesmo tempo que estarrecedora, mostrava a quem o colocara à frente do processo; este não é o cara.
Ainda que os mentores desse processo possam aproveitar os seus últimos suspiros, os dias de Joaquim Barbosa estão contados.
Vou trocar em miúdos o que você vai ver no vídeo.
O Ministro Luis Roberto Barroso diz que não vai explorar a possibilidade de que a pena alta que ele, Barbosa, impôs a José Dirceu foi para evitar que ele, Dirceu, escapasse da prisão em regime fechado. Em outras palavras, o que teria feito Barbosa; vou pegar José Dirceu de qualquer jeito. Simples assim.
Diante da gravíssima insinuação feita pelo Ministro Barroso, quando se esperava que Joaquim Barbosa, no seu estilo, partisse para mais uma agressão – como vossa excelência se atreve a dizer isso???…, ele vem e diz:
“FOI FEITO PRA ISSO SIM”.
O Presidente do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Relator da AP 470, diz a todo o país que ELE fez cálculos para aumentar a pena de José Dirceu porque queria prende-lo em regime fechado e não em semiaberto. Ou seja, fez valer a sua vontade, não o código penal.
Estava ali a mais pura e absoluta demonstração de centralização do poder. Estava ali Luis XIV, quando disse “O Estado sou eu”. Estava ali, a sua versão moderna, Joaquim Barbosa:
A Lei sou eu.
Do alto da montanha da sabedoria e da razão, na casa da probidade e da justiça, a mais alta corte do país.
Quem o patrocinou?
Assustador.
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