Por Ronaldo Souza
É impressionante.
Já falei aqui em alguns momentos que FHC não está bem e destacaria entre os mais recentes este e este.
Apesar dos dois sentimentos que lhe corroem a alma, a sua reconhecida vaidade e inveja (de Lula, claro), preocupa-me o fato de que, mesmo cruéis, esses sentimentos por eles próprios não parecem justificar o seu comportamento nos últimos tempos.
Também parece pouco provável que se venha a encontrar uma possível explicação na sua idade, tendo em vista que ele se encontra num momento em que à idade deveria se incorporar a sabedoria e não a insensatez.
É justamente aí que mora a minha preocupação; o que será que explica o momento atual do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso? Como ele consegue chegar aos 82 anos com tamanho descontrole emocional e tamanha e despropositada incontinência verbal?
Diante da sua mais recente tolice, veja o que a senadora (PT-PR) Gleisi Hoffmann, ex-Ministra da Casa Civil de Dilma e candidata ao governo do Paraná, fez com ele. Deu pena.
Na sequência, veja no vídeo o que ela fez com Aloysio Nunes, senador pelo PSDB (SP). Observe que ela ouve o senador todo o tempo educadamente. Quando ela começa o massacre ele fica tão incomodado e descontrolado que tenta interrompe-la o tempo todo. Eles não aprendem.
Mais uma mulher inteligente e competente.
FHC achincalha Congresso e não tem direito de nos tomar por tolos
Por Gleisi Hoffmann
Não me passaria pela cabeça que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pudesse iniciar um artigo de opinião censurando o sorriso de alguém. Ao indagar com tanto mau humor a razão da alegria estampada na foto da presidenta Dilma com o ex-presidente Lula no Palácio da Alvorada, o ex-presidente surpreende pelo azedume e pela amargura.
A sequência de ataques do artigo parece indicar que o autor renunciou à cadeira de referencial de equilíbrio e estabilidade do debate nacional, que muitos lhe atribuem, para especular sobre uma imaginária (e inexistente) indiferença da presidenta Dilma, e do poder central, em relação às manifestações das ruas e a alguns acontecimentos dos últimos dias. Com todo o respeito, cumpre que o ex-presidente volte à razão.
Testemunhei na Casa Civil o esforço da presidenta para entender e atender as ruas. Ela foi praticamente a única, entre as lideranças políticas deste país, a expor-se, a manifestar-se claramente, a ter iniciativas. As manifestações carecem ainda de melhor análise histórica, mas, seguramente, erra quem insiste em tentar atribuir toda a insatisfação ao governo central. Será que o ex-presidente acredita que as manifestações eram a favor da oposição? Nenhum governante da oposição foi alvo de protestos?
Ele fala de crise do setor elétrico como se o apagão de 2001/2002 não estivesse na memória do país. A crítica à suposta imprevidência só pode ser a si mesmo e a seu governo. Sobre a inflação, diz que é "bem mais" que 6% ao ano, sem citar, contudo, qualquer fonte que possa sustentar seu índice impreciso e irreal.
Esquece-se de que deixou ao país uma inflação de 12,7% em 2002.
Com sua prosa instruída, sua cultura e sua força retórica, o ex-presidente cita Maria Antonieta e tenta, em vão, associá-la a personagens da história brasileira no presente. Não faz sentido. Os líderes do atual governo, a começar pela presidenta Dilma, podem orgulhar-se da enorme proximidade com as pessoas. Governam para a maioria. Não é por acaso que os pobres melhoraram de vida e passaram a ter otimismo e esperança.
Fernando Henrique agora critica o clientelismo e a inépcia assegurada por 30 partidos no Congresso. Nem parece que passou oito anos no comando do Executivo, sem dizer "a" ou "b" sobre reforma política. E que governou com um sistema de base parlamentar tão ampla que alterou a Constituição Federal para garantir sua reeleição.
O curioso é que, depois de achincalhar o Congresso, o ex-presidente conclama o conjunto da "classe política" a assumir parcelas de responsabilidade sobre os rumos do Brasil para construírem a política do amanhã. Fiquei pensando: ele tem direito de dizer o que muito bem quiser. Não tem é o direito de nos tomar por tolos.
Gosto da ideia de buscarmos unir a todos os brasileiros em torno das questões fundamentais para a nossa nação. Não concordo que os temas essenciais sejam a troca da guarda nem a revolta contra o sorriso, mas sem dúvida é preciso aprofundar o debate sobre a economia, a política e as questões sociais. Isso é o fundamental para a construção do futuro. E o futuro pode ser edificado sim com alegria e sorrisos.
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