Por Ronaldo Souza
Mal começo o dia e leio que Ricardo Kertzman, quase dois anos e meio após a eleição de 2018, pediu desculpas por ter votado 17.
O jornalista do Estado de Minas e da IstoÉ culpa o presidente pelos 280 mil mortos e se desculpa. Ele diz que sua “ojeriza ao lulopetismo” o fez “fingir que Jair Bolsonaro era algo melhor” que Haddad.
Veja alguns trechos.
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“O amigão do Queiroz, pai do senador das rachadinhas e da mansão de 6 milhões de reais, é um dos maiores erros da minha vida.
Seja como presidente ou ser humano (ele é?), em relação à Covid-19, às vítimas fatais e aos familiares e amigos, suas falas e atitudes são abjetas, eivadas de ódio, violência e mentiras. Desconheço, inclusive, nos dias de hoje, ao menos, ditadores e facínoras, mundo afora, que reproduzem o comportamento vil que Jair Bolsonaro impõe ao Brasil e aos brasileiros
Já são 3 mil mortos por dia por Covid-19. Quase 300 mil vidas que se foram. Sem vacinas, o maníaco da cloroquina nos lidera a uma catástrofe sem precedentes em nossa história. A mim me parece que o sujeito opera em duas frentes: a loucura, que acredito lhe ser nata. E o método, a fim de levar o País ao caos sanitário, econômico e social. E ao golpe!
Não à toa investe tanto em desinformação, mentiras e cisão da sociedade. Como não é à toa sua obsessão armamentista, e o populismo financeiro com as Polícias e as Forças Armadas.
Bolsonaro sonha, planeja, trabalha e tentará, mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra, golpear a democracia. Por isso me penitencio tanto. Não só, mas também por isso. O sujeito só pensa em si, na sua prole enrolada com a Justiça e em sua reeleição. Se em 2022 o Brasil contar com menos 500 ou 600 mil brasileiros, e daí? Ele não é coveiro. O País atirou no lixo, graças a Bolsonaro e a Pazuello, mais de uma centena de milhão de doses de vacinas, ainda em 2020. Quantas vidas isso já está custando e ainda custará?”
Entendem, caros leitores, por que escrevo tanto sobre esse energúmeno e sou tão ácido nas palavras? É um misto de indignação e de raiva. Uma espécie de… culpa! E como não sentir? Encerro com um sincero pedido de desculpas pelo que fiz. E ainda que eu considere meu erro imperdoável, apelo à boa vontade daqueles que também erraram como eu errei. Bolsonaro é culpado, mas eu também. Perdão”.
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Ricardo Kertzman não é o primeiro jornalista da “grande imprensa” que se mostra arrependido por ter votado em Bolsonaro e contribuído para sua eleição. Talvez seja o primeiro a fazê-lo de forma tão veemente e pedindo desculpas ao país. Aí está o destaque que se deve dar.
Muitos precisam fazer o mesmo, mas não o farão! Alguns porque o caráter (a ausência dele) não permitirá, outros porque são o que são; idiotas.
Idiotas sempre existiram e sempre vão existir, mas há uma característica inerente a eles:
O idiota não sabe que é um idiota.
Ainda bem. Não fosse assim, seria um caos.
Já digo há muito tempo que se todos os idiotas percebessem que são idiotas haveria um suicídio coletivo em larga escala.
“A inteligência do homem tem limites, a estupidez não”.
Esta frase sempre foi atribuída a Einstein.
Mas não é dele e sim de Claude Chabrol.
Na verdade, a frase verdadeira e completa é assim:
“A estupidez é infinitamente mais fascinante do que a inteligência. A inteligência tem seus limites, a estupidez não”.
Mas há uma de Einstein com o mesmo teor:
“Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta”.
Em nenhum lugar do mundo existe comprovação mais forte e consolidada do acerto dessas frases como no Brasil!
Fronteira
O que separa não une!
Simples assim.
Não, não é tão simples assim e exceções podem ser citadas.
As fronteiras, por exemplo, podem ser definidas como locais que unem e separam, representam as duas coisas.
As relações internacionais visam os mais diverssos interesses e por isso exigem inteligência, sensibilidade, conhecimento e bom senso.
Por tudo isso, sempre foram mantidas e tratadas dentro do campo da civilidade. Costumava ser assim.
No Brasil atual, porém, a estupidez atropelou todas as possibilidades.
Ernesto Araújo não se cansa de se expor ao ridículo.
Isso seria um problema exclusivamente dele, não fosse ele o ministro das Relações Exteriores do Brasil.
Em situações assim, é inevitável que o ridículo de Ernesto Araújo extrapole e leve o país junto com ele. E o custo é alto.
Essa estupidez, todos sabemos, incorporou-se desde cedo ao ministério de Bolsonaro, o que não constitui nenhuma surpresa, pelo simples fato de que ele, o ministério, é fruto da escolha do presidente.
O que esperar de Onix Lorenzoni, Ernesto Araújo, general Pazuello, general Augusto Heleno, Damares Alves, para citar somente alguns?
Faz parte do imaginário popular dizer que há limite para tudo, mas, pelo visto, aqui, não!
Quando diz que “a estupidez se coloca na primeira fila para ser vista e a inteligência se coloca na retaguarda para ver”, Bertrand Russel fala de algo que está aí, na nossa frente.
Ou você não conhece pessoas que fazem questão de exibir sua ignorância?
Mais do que nunca isso é fato. A estupidez deixou de ser sobrevivente, ela agora se exibe e o faz sem pudor.
Já postei esse vídeo aqui, mas sem fazer nenhum comentário específico. Mas, observe-o bem.
A confissão da absurda subserviência e incompetência de quem ocupa o cargo reconhecendo ser insignificante, o nível do “diálogo” entre um ministro de estado e o presidente da república, a postura de ambos…
Como sociedade, perdemos completamente a capacidade de perceber as coisas que acontecem à nossa volta, entre elas a mediocridade que se instalou e hoje reina no país.
Assim, o Dr. Marcelo Queiroga, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia e novo ministro da Saúde de Bolsonaro, assume o papel de acalmar os ânimos.
– Quero ver agora criticarem Bolsonaro!!
Comentários desse tipo surgem no horizonte brasileiro, afinal, um médico e não mais um simples e inexpressivo general, assume o ministério da Saúde. E olha que não é qualquer médico, é o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia!
E aqui, claro, também cabem os comentários sobre o homem e o cargo.
Quem assume o ministério, o médico Marcelo Queiroga ou o presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia?
Na sua ida para o Ministério da Saúde, o médico Marcelo Queiroga arrasta com ele a Sociedade Brasileira de Cardiologia? Arrasta toda a especialidade?
A resposta a essa questão e às suas implicações passa pelo posicionamento dos cardiologistas, ainda que possamos imaginá-lo. Sáo situações delicadas porque há sempre a possibilidade de que o custo não tenha sido bem calculado.
A resposta do governo, entretanto, é bem clara.
Não há o menor desejo de mudar absolutamente nada. A mudança de ministro se dá pela pressão sofrida, particularmente pela volta de alguém que tinha sido excluído do cenário político brasileiro, e não pelo reconhecimento de que mudanças no enfrentamento da pandemia eram necessárias.
Aliás, não seria demais exigir do presidente capacidade de entender alguma coisa e assim por em risco sua comunicação neuronal?
Uma coisa parece fato.
Bertrand Russel sabia do que estava falando.