Você já ouviu falar de Pelé, Didi, Gerson, Nilton Santos, Rivelino, Tostão… e tantos outros jogadores que nos encantaram com o seu futebol? E mais recentemente, Falcão, Júnior, Sócrates, Zico, as atuais gerações do volley…?
E de Chico Buarque, já ouviu falar? Caetano Veloso, Edu Lobo, Fernando Brant, Gilberto Gil, Gonzaguinha, João Bosco, Ivan Lins, Milton Nascimento, Tom Jobim, Vinícius de Morais…, alguns dos quais foram e ainda são de importância fundamental para a história contemporânea do país.
Cada um e todos eles representaram em momentos específicos o que havia de melhor nas suas áreas de atuação, algo muito especial. Não há nenhuma dúvida de que já têm os seus nomes na história.
Acredito que todos os segmentos da sociedade possuem representantes desse porte, que enchem de orgulho as gerações às quais pertencem ou pertenceram. Aquele grupo de pessoas que não só se destacaram, mas, principalmente, contribuíram de forma significativa para o engrandecimento de alguma coisa, causa, profissão.
Qual é a técnica que você usa para instrumentar os canais? A solução química auxiliar do preparo/irrigadora é hipoclorito de sódio, detergente, EDTA, cremes? Você usa hidróxido de cálcio, PMCC, corticóides, tricresol formalina…? E a obturação, como é que você faz?
Você, que já tem algum tempo de experiência, não acha “fácil” fazer um bom tratamento endodôntico hoje em dia? E você que é recém-formado tem alguma idéia de como era difícil faze-lo até bem pouco tempo?
Quando você fazia um tratamento endodôntico e o paciente se queixava de dor, apresentava um pós-operatório com abscesso em fase aguda, quando uma fístula não queria “desaparecer”, tinha alguma idéia do que estava acontecendo? Já sabe agora? Faz alguma idéia de como esses conhecimentos foram incorporados à Endodontia?
As sociedades com pouca ou nenhuma cultura têm o péssimo hábito de não valorizar a experiência, às vezes até assumindo uma postura pejorativa e cruel, taxando os mais experientes de ultrapassados. No Brasil essa é uma realidade facilmente perceptível. Percebem-se profissionais que, encantados com os recursos disponíveis hoje para se fazer uma “boa” endodontia, não conseguem disfarçar a arrogância e a prepotência e se exibem diariamente. Lamentavelmente, não são muitas as exceções.
Alceu Berbert, João Humberto Antoniazzi, Clovis Monteiro Bramante, Quintiliano Diniz De Deus, Roberto Holland, Jaime Maurício Leal, Mário Roberto Leonardo, José Gustavo de Paiva, Jesus Djalma Pécora, Luis Valdrighi…
Aos mais jovens: guardem e reverenciem esses nomes. Foram eles que levaram a endodontia brasileira ao lugar que ela ocupa. Cada um ao seu modo, cada um com as suas virtudes e defeitos, eles fizeram a nossa Endodontia. Entendam que a maioria não fez as técnicas modernas atuais (alguns inclusive não estão mais entre nós), mas foram todos eles que criaram a base do que está hoje ao nosso alcance.
Como professor de Endodontia, já me permiti concordar e discordar deles e possivelmente o farei outras vezes, afinal assim caminha a Ciência. Neste momento, recolho-me para dizer muito obrigado. A Endodontia Brasileira lhes deve muito.
Essa é uma geração de ouro.
PS. Em 29/08/2007 comecei a escrever esse texto e não conclui. Não me lembro de razões para isso. Não busque explicação para tudo, você não vai encontra-las. Talvez por essa razão, ou seja, a falta de razões específicas, concluo e publico agora. Uma coisa está clara para mim: eu tinha esse dever para comigo mesmo.