Texto de Aurimar Andrade (Rio de Janeiro)
A Endodontia Clínica é direcionada para a prevenção e controle das infecções pulpares e perirradiculares. No combate à infecção, todas as fases da terapia endodôntica são fundamentais no resultado final e um deslize em uma dessas fases pode comprometer o sucesso almejado.
Os microrganismos estão situados no interior do canal e não podem ser eliminados pelos mecanismos de defesa, é necessário tirar proveito dos avanços da especialidade em termos de instrumental para minimizar a frequência de insucessos.
Acredita-se que a causa mais provável do insucesso endodôntico seja a sobrevivência de microrganismos no terço apical do canal radicular, esses microrganismos também podem estar em áreas do canal normalmente inacessíveis aos procedimentos de desinfecção tais como istmos, reentrâncias e ramificações do sistema de canais radiculares, tornando a terapia endodôntica bem mais dispendiosa.
A espécie microbiana mais comumente isolada dos canais radiculares quando do insucesso endodôntico é o Enterococcus faecalis, microrganismo anaeróbio facultativo capaz de crescer tanto na presença quanto na ausência de oxigênio. São relatados casos de contaminação durante o preparo químico-cirúrgico ou entre consultas por infiltração ou queda do selamento coronário.
Uma vez instalados no canal radicular, os Enterococcus faecalis possuem habilidade para invadir e permanecer no interior dos túbulos dentinários, é um dos poucos microrganismos resistentes ao pH alcalino do hidróxido de cálcio e é capaz de formar biofilmes (população microbiana que apresenta muito maior resistência aos agentes antimicrobianos).
Tais características tornam os E. faecalis um patógeno endodôntico de enorme poder agressivo aos tecidos perirradiculares e grande resistência ao controle das infecções endodônticas. Em menor proporção, Pseudomonas aeruginosa, Candida albicans e Actinomyces radicidentis também foram descritos como causadores de insucessos na Endodontia.
Para minimizar a frequência de insucessos endodônticos é necessário redobrar os cuidados em cada fase da terapia endodôntica, sem negligenciar nenhuma delas.
3 thoughts to “Insucesso endodôntico”
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aurimar: após a leitura do texto(muito bom por sinal, espero que outros estejam por vir), a sensação foi de impotência, diante de uma possível contaminão do sistema de canais pelo E. faecalis. Concordo que o sucesso da terapia endodôntica esteja diretamente relacionado aos cuidados tomados em todas as etapas. Na sua opinião, em caso de necrose, com ou sem imagem radiográfica de lesão periapical, há como não usar a medicação intracanal?
saudações,
Alírio.
Alírio :
Fico agradecido por ter gostado do texto, é um apoio importante, muito obrigado.
Particularmente sou adepto da utilização da medicação intracanal ( pasta de hidróxido de cálcio ) como curativo de demora em canais com necrose pulpar, com ou sem lesão. Gostaria de frisar que é uma conduta pessoal pois sabemos de excelentes profissionais que conseguem êxito finalizando a terapia endodôntica em sessão única, o mais importante é que o canal seja desinfectado da melhor forma possível.
Quanto aos Enterococos faecalis, sua eliminação de pende da ” boa ” utilização das técnicas disponíveis. O esmero nas técnicas aliadas ao bom senso são fundamentais para chegarmos à desinfecção, com esta atitude encurtamos o caminho até nosso objetivo principal, a reparação biológica.
Um abraço,
Aurimar Andrade
ERRATA : 1)No comentário anterior escreví Enterococos faecalis. O certo é Enterococcus faecalis pois Enterococos é o Gênero. A grafia muda de Enterococos para Enterococcus quando acrescentamos a espécie. Ex: Enterococcus durans, Enterococcus asini, etc. Quando possível, deve-se escrever as espécies em ITÁLICO ( como está no texto “Insucesso endodôntico” ).
2)Erro de digitação : de pende = depende
DESCULPEM AS FALHAS Aurimar Andrade