Libertação do futebol brasileiro

Libertação do futebol brasileiro

Por Ronaldo Souza

Já conversamos aqui sobre a renovação do acordo feito pela Globo e os clubes brasileiros para transmissão exclusiva dos Campeonatos Brasileiros de 2016 a 2018.

O prejuízo para os clubes foi demonstrado à época.

Já se sabia com antecedência que a Record estava com uma proposta financeira muito melhor do que a da Globo.

A Vênus Platinada então saiu da disputa oficial e durante as noites escuras do futebol brasileiro arquitetou o plano para ter os clubes ao seu lado, tarefa, aliás, muito fácil.

O único time que tentou resistir até o final foi o Atlético Mineiro, cujo presidente era Alexandre Kalil, mas, sozinho, não conseguiu. Ao contrário, o seu rival Cruzeiro foi um dos primeiros a aderir. O presidente era Zezé Perrela, muito ligado à Rede Globo.

Sim, aquele mesmo do helicóptero com meia tonelada de pasta base de cocaína.

O trenzinho da alegria também passou pela Bahia. O Bahia (o presidente era Marcelo Guimarães Filho, o destituído) e o Vitória (o presidente era Alex Portela) também aderiram de imediato.

A Globo ganhou mais força ainda e os times perderam. O dinheiro que os clubes receberam foi bem menor do que receberiam pela proposta da Record.

Era o caso de as torcidas perguntarem:

Presidente, por que o senhor preferiu um contrato em que meu time ganha menos?

Mas elas, as torcidas, não ficaram sabendo.

Por que?

Porque a mídia não pensa no futebol brasileiro e sim nos seus interesses.

E a notícia, claro, foi abafada.

Corinthians e Flamengo foram os beneficiados.

Todos sabem, e isso já foi denunciado várias vezes, que um diretor da Globo participa das reuniões da CBF e é ele quem determina como e quando serão os jogos (numa tentativa de ficar de fora da descoberta dos recentes escândalos de corrupção da FIFA e CBF – pausa para rir – a Globo o afastou recentemente).

Todos sabem também que no acordo há flagrantes prejuízos ao futebol brasileiro e aos torcedores, como os horários dos jogos, que são empurrados goela abaixo principalmente por causa das novelas da Globo.

Todas as torcidas deveriam se engajar nesse movimento, porque os seus times terão mais dinheiro e verão uma distribuição mais justa.

O próprio Flamengo sabe que na alternativa que está surgindo ganhará ainda mais do que ganha com a Globo e por isso já faz parte dela.

Volto à Bahia.

Talvez fosse interessante a torcida do Vitória também se engajar nessa luta. O Vitória não faz e é possível que não venha a fazer parte do grupo que pretende tirar o futebol brasileiro dessa situação em que se encontra. Se isso realmente acontecer corre o risco de ver o bonde passar. Ela deveria procurar saber, por exemplo, porque o seu time está fora disso. Acredito que encontrará a resposta com relativa facilidade.

Os times que já fazem parte do movimento estão na imagem. Coloquei-os em ordem alfabética.

Com o seu poder e com os dirigentes de clube e políticos que temos (vai ser um jogo pesado e sujo que vocês já imaginam qual será), a Globo mais uma vez vai fazer o impossível para derrubar o que já está em andamento.

Veja na matéria abaixo como estamos diante de uma nova chance de corrigir tudo isso.

Modesto peita Globo e faz campanha para fechar com Esporte Interativo

FootStats

A relação entre Santos e a Globo nunca foi das melhores. O clube e seus torcedores se sentem boicotados há anos pela detentora dos direitos de transmissão do futebol no Brasil. Ano passado, quando o canal preferiu passar um filme a mostrar a única partida do dia, uma decisão entre Santos e XV de Piracicaba, pelas quartas de final do Campeonato Paulista, a paciência se esgotou para muitos. Por essas e outras, os torcedores alvinegros costumam atacar a empresa com cânticos ofensivos nas arquibancadas. Agora, Modesto Roma Júnior quer quebrar essa parceria de vez e se juntar ao grupo de clubes que pretende assinar um novo acordo com o canal Esporte Interativo.

“Estamos negociando o direito de TV. Se a Globo para R$ 60 milhões e eu tenho uma proposta de R$ 450 milhões, tenho de estudar. Vou sofrer pressão, sim. Mas eu posso fazer negócio. Tanto posso que estou acertando. Estamos falando da Esporte Interativo, que é ligada á Turner, que é da Time Warner. Vamos em frente”, explicou o presidente santista à Rádio Jovem Pan.

O Esporte Interativo, canal de TV fechada, só pode assinar acordos com validade de 2019 em diante, já que antes disso todos têm contratos com a Globo. Mas, as negociações já começaram e Modesto revelou a preocupação da atual dona dos direitos de transmissão.

“É lógico que eu já fui chamado para um jantar. E é lógico que outros clubes já foram chamados também. ‘Veja bem. Veja o que vocês vão fazer. Nós somos parceiros há muito tempo’. É um momento, realmente, que a gente tem de enfrentar. Vai ser fácil? Não, não vai ser fácil. Nós vamos ser criticados, crucificados. Vão ser anos de chumbo para nós. Veja, eu tenho mais dois anos e, se quiserem xingar, xinguem, se quiserem denegrir, denigram. Eu vou à luta. Eu tenho um clube para dar satisfações. Não tenho de agradar a mais ninguém”, avisou Modesto.

“A questão básica é que precisamos ter neste grupo oito clubes. Temos nove. Internacional, Grêmio, Coritiba, Atlético-PR, Santos, Fluminense, Bahia. E está entrando São Paulo e Flamengo”, contou o mandatário. “Acertando os direitos de TV, teremos bônus. Temos um prazo até 31 de janeiro para definir. Estamos criando a associação dos clubes e há uma reunião na semana que vem para isso. E agora, nesta quarta-feira (hoje) teremos reunião com o jurídico, no Rio de Janeiro”, revelou.

Modesto Roma Júnior entende que a oportunidade pode ser única e faria com que a Globo apresentasse novas formas de concorrer com o mercado. O presidente do Peixe é um fervoroso crítico de como a empresa divide as cotas, com ampla discrepância de Corinthianse Flamengo para os demais.

“O ideal é que se mude uma coisa: que o direito do jogo passe a ser do mandante. Seria muito melhor. Imagine o dia que um time pequeno negociar seus jogos contra Santos,Corinthians, Flamengo. Terá muito mais poder e dinheiro para sair do aperto. Não é preciso negociar com as duas pontas. Eu negocio a minha, o clube B negocia a sua. Um baita avanço. Mas manter tudo nas trevas parece ser uma coisa bem mais tranquila”, concluiu Modesto Roma Júnior.