Marcelo Lomba e o (pobre) “jornalista” esportivo

Há coisas sutis e grosseiras na vida e entre esses dois pontos há um mundo muitas vezes inimaginável.

Desde que me chamou a atenção a importância da imprensa e o que ela tem feito no nosso país, passei a ler e ver, sempre que posso, tudo que diz respeito a esse segmento profissional, inclusive a sua participação em momentos importantes do país há muitos anos.

A conclusão, particularmente neste momento da minha vida em que a vivencio e  acompanho literalmente todos os dias, é de provocar depressão em qualquer ser humano provido de alguma sensibilidade e o mínimo de conhecimento da vida sócio-cultural-política do país.

Sutil ou grosseira, a imprensa, toda ela, sabe muito bem do seu poder e aí entra também a imprensa esportiva. Muitos jornalistas esportivos são competentes, não há dúvidas, no entanto, quero me reportar à nossa imprensa esportiva, a de Salvador.

Um desastre. Apesar de não acompanha-la diariamente, é bem possível que nela ainda existam profissionais competentes, acredito nisso. Assisto à televisão para ver os gols e, claro, termino vendo alguns comentários. Aí ainda se encontra algo mais sóbrio e discreto, com eventuais deslizes, mas aceitáveis.

Há cerca de 3 anos, ao ligar o rádio para ouvir quanto estava um jogo, ouvi um comentarista dizer em resposta a algum comentário feito não sei por quem, “ah, ele deve estar menstruado”. Perceba, “ele deve estar menstruado”. Não se trata de uma mulher, o que já seria um absurdo e de baixíssimo nível, mas de um homem menstruado. Desliguei.

Há muito pouco tempo ocorreu um degradante e hoje famoso episódio envolvendo uma repórter da Band Bahia e um jovem preso, que mostra a atual tendência do jornalismo brasileiro; manipular, distorcer, humilhar, destruir reputações. Que se registre, a emissora responsável pelo programa e o “jornalista” que o comanda (que também mostrou o seu baixíssimo nível) precisam responder pelo ocorrido, não só a repórter, que parece ter fechado as portas da profissão para ela própria, ratificando o famoso ditado que diz que a corda só rompe do lado mais fraco.

Feche os olhos e ligue o rádio ou a televisão; igual a aquele você encontrará diversos programas.
 
Nesse processo, surge agora um episódio envolvendo Marcelo Lomba, goleiro do Bahia, e um desses “jornalistas”. De forma completamente irresponsável e covarde, para ficar só por aí, o tal “jornalista” ou “repórter” agride Marcelo Lomba pelo seu twitter.

A vida pessoal dos jogadores não me interessa e tem que ser respeitada. Um ser humano equilibrado, sensato, sem má-fé, entenderá perfeitamente que qualquer pessoa, onde o bom senso recomenda incluir também o jogador de futebol, pode tomar a sua cerveja, whisky, o que for. Um desequilibrado emocional ou alguém que tem outras intenções certamente verá nisso o maior pecado do mundo . O maior pecado do mundo deveria ser fazer programas de rádio/televisão que se aproveitam da condição de pouco discernimento de boa parte da nossa sociedade para manipular as mentes das pessoas.

Além de irresponsabilidade, leviandade e covardia, o “repórter” abre o seu bocão para mostrar toda a sua estupidez. Que queda de produção é essa de que fala esse “repórter”, homem de rádio e televisão (eles gostam de ser chamados assim)? Marcelo Lomba está numa fase excelente. Como diz a torcida, um paredão. Diga-se de passagem, momento mais uma vez ratificado pela imprensa esportiva nacional.

O que fará a diretoria do Bahia? Que providências tomará? Um profissional que, justamente por treinar com dedicação e seriedade, mostra a sua boa forma física. Um profissional do clube, ídolo de uma torcida tão carente de ídolos nos últimos anos, pode ser atingido assim na sua honra sem que nada seja feito?

E o órgão de imprensa, não só o local, mas o nacional, ao qual pertence esse “repórter”, o que fará?

E a torcida do Bahia, o que fará?