O Bahia perdeu muito da sua credibilidade nacional ao longo dos últimos anos, graças a gestões, todas elas, desastrosas. Apesar de tudo isso, porém, não há como negar que ainda é o time de maior tradição do Nordeste, particularmente da Bahia. Entendo que os torcedores de outros times não concordarão, mas é fato.
O Bahia resistiu até hoje a essa sequência de incompetência e interesses escusos, mas até quando resistirá? A sua própria força atrapalha. Já observaram que há sempre interesses políticos pautando as decisões que envolvem o Bahia? Vou abrir um parêntese para relembrar uma história.
Lembra quando o Bahia caiu para a série B com o Fluminense do Rio há alguns anos (acho que foi em 1999)? O Presidente da CBF, Ricardo Teixeira, grande torcedor do Fluminense, não podia deixar o seu time na série B. Para resumir, houve uma virada de mesa e o Fluminense não caiu. Como seria vergonhosa a permanência somente do Fluminense, o Bahia também ficou. Todo o Brasil conhece essa história, mas a Bahia conhece outra versão.
O Presidente do Bahia era o Sr. Paulo Maracajá. Sabe o que foi que ele disse? Que o Bahia não caiu graças aos esforços do então senador Antônio Carlos Magalhães. Se conheço bem a Bahia, muita gente acreditou nisso, até porque era necessário acreditar (e bater palmas). Entretanto, como em outros momentos e por coisas semelhantes, era só mais uma oportunidade de empurrar um embuste goela abaixo. O Bahia que se dane. Bons empregos, inclusive os vitalícios, são conseguidos assim.
O exemplo mais recente foi a construção do entorno de Pituaçu. O torcedor pode não saber, mas tudo envolveu política, inclusive a demora (3 anos) na construção das passarelas da Av. Paralela, que ficaram prontas em dezembro de 2012 (os times entrando em férias), pouco tempo antes do Bahia “deixar” Pituaçu rumo à Fonte Nova, agora chamada de Arena Fonte Nova.
O último texto que escrevi sobre o Bahia foi publicado no Blog de Luis Nassif (veja aqui http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-bahia-de-ontem-com-roupa-de-hoje). Uma comentarista do blog, a baiana Márcia, fez um comentário interessante; “Não é fácil lidar com gangsters. É preciso que toda a sociedade ‘sadia’ se comprometa, mas aí tem dep federal, estadual, senador, etc, etc. As ‘elites’ não permitem”.
Vejo com frequência pessoas dizerem que não suportam e não querem saber de política. Apesar de parecer um comentário simples e despretensioso, muitas vezes não é e tem consequências sérias. Uma delas é que não percebem que é justamente pela desinformação política que se permitiram que ela, a política, toma rumos não desejados. Uma das consequências se manifesta justamente no futebol.
Logo após a vergonhosa desclassificação do Bahia na Copa do Nordeste, vi no site ecbahia.com comentários de pessoas ligadas à esfera política. Não vou emitir opiniões políticas, porém lamento muito a participação dessas pessoas na vida do Bahia. Claro que não é a única razão, mas aí reside um dos males do clube.
Quantos times de futebol têm um longa metragem contando sua história, ganhador de prêmios do Cinema Nacional e o segundo mais visto até hoje depois do filme sobre a vida de Pelé? Com a força que a torcida já demonstrou ter, pela qual foi reconhecida e homenageada pela CBF como a Torcida de Ouro, como explicar algumas coisas?
Bicampeão brasileiro em 1988, como explicar que com essas características o time seja hoje o que é? Por que o Bahia está tão distante de times como Atlético Mineiro, Cruzeiro, Grêmio e Internacional, para citar só esses?
O Bahia é o mais puro reflexo do provincianismo que reinou no estado por longos anos e ainda ocupa lugar de destaque. Onde está fincada a origem desse provincianismo? Na política. Aquela de alguns.
Ainda que às vezes inoportuna e injusta, além de direito do torcedor a vaia é aceitável e até recomendável em alguns momentos. Porém, o torcedor do Bahia precisa entender que quando vaia os jogadores está vaiando alguns profissionais sérios. Existem jogadores que não deviam estar vestindo a camisa do Bahia (não é preciso aponta-los, todos sabemos quem são), mas o time não é ridículo por culpa de Hélder e alguns dos seus colegas. A culpa é dos homens que estão à frente do clube.