O desespero cínico do PSDB

Por Ronaldo Souza

Inacreditável.

Não há outra forma de definir isso.

Há poucos dias disse aqui que o PSDB quem diria quer aderir ao Bolsa Familia.

Comentei, como exemplo da incompetência do partido, que na campanha para presidente da república de 2010, Serra tentou chamar para si a maior capacidade de continuar o que Lula tinha feito, mais do que Dilma poderia fazer. Ou seja, ele, Serra, seria o homem que continuaria a obra de Lula e não Dilma. Como não foi eleito, Serra e o PSDB continuaram batendo todos os dias em Lula, Dilma, PT e no… Bolsa Família.

Há 11 anos, que vão se completar agora, a oposição, particularmente o PSDB (o DEM está em processo de extinção), está completamente perdida. É possível que alguns considerem isso um exagero. Vou mostrar que não.

Em 2010, na tal campanha em que Serra se autoproclamou o substituto do “cara”, Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornalistas (ANJ) disse que “a oposição estava tão fragilizada que cabia à imprensa assumir o papel dela”.

Você conhece a expressão que diz – matou dois coelhos de uma cajadada só? Foi o que Judith Brito fez; mostrou que o PSDB é incompetente e assumiu o que todo mundo sabe, mas que ela, por ser uma jornalista, não podia dizer; a imprensa é de fato o PIG – Partido da Imprensa Golpista (certamente, ela não percebeu a bobeira que deu ao assumir isso. Como se fala no dia-a-dia, escapuliu).

Agora, o PSDB mostra, definitivamente, porque está na UTI e respira por aparelhos.

Mesmo sabendo da sua incompetência e que sobrevive graças à proteção, cobertura e blindagem que a mídia lhe ofereceu esses anos todos, mesmo sabendo que a parte independente dos jornalistas tem mostrado que é o partido mais corrupto do Brasil (são inúmeros exemplos, mas veja pelo menos esses aqui, aqui, aqui e principalmente aqui), como é possível que um partido que já foi um dos mais importantes do país consiga ser tão ridículo?

Depois de passar anos chamando de bolsa esmola, assistencialismo, eleitoreiro, bolsa vagabundo, “dá o peixe, mas não ensina a pescar”, que era uma praga, uma chaga, estimulava a preguiça e por aí vai, veja o cinismo do PSDB.

Inacreditável

Aécio acha que vai virar o “Rei do Bolsa Família” e propõe piorar o que existe 

Por Fernando Brito, no Tijolaço

Algum marqueteiro recomendou ao Senador Aécio Neves “descobrir” o Bolsa-Família e ele se empolgou.

Anda dizendo – pior, anda propondo no Senado – um festival de demagogia sobre o programa.

A última é o projeto para “manter por
até seis meses o pagamento do Bolsa Família a beneficiários que conseguirem emprego”.

Mas será que o senador não sabe que ter emprego e receber Bolsa Família são coisas diferentes?

E que nada impede que a pessoa tenha carteira assinada receba o Bolsa Família se, dividida pela família, a renda não alcançar R$ 140 por pessoa.

Um trabalhador que ganhe salário mínimo e tenha seis filhos, por exemplo, está dentro do critério do programa. Pode estar empregado, com carteira, que não perde. Nem em seis meses, nem em um ano, nem enquanto sua família estiver abaixo daquela renda per capita.

Aliás, uma parte significativa dos beneficiários já tem trabalho formal.

A proposta do Senador, ao contrário, estimula a informalidade, porque alguns  – como aliás já acontece no seguro desemprego – vão recusar o vínculo por medo de perder o benefício quando completarem seis meses no emprego.

Senador, vamos conversar…Fique calmo, o senhor, se parar para dar uma estudada mais séria nos problemas, vai começar a entender de Bolsa-Família.