A história da Veja está repleta de casos escabrosos e vários poderiam ser usados como exemplo. Vamos relembrar um deles.
Não vou buscar agora a precisão das datas, mas todos lembram do número que trazia na capa o título “Até tu, Ibsen?”. Referia-se a um suposto procedimento ilegal do então Deputado Ibsen Pinheiro, conhecido e reconhecido como homem íntegro, daí o espanto do título da “reportagem”.
Confirmado tempos depois, por jornalistas da própria revista, a Veja tinha descoberto que a reportagem era uma mentira, mas, como já estava pronta, foi publicada. Resultado: o Deputado Ibsen Pinheiro foi cassado, teve seus direitos políticos suspensos por alguns longos anos.
Ibsen Pinheiro voltou à cena política há poucos anos, se não me engano (já disse que não vou me preocupar com alguns detalhes, desde quando não interfiram no teor do texto) como candidato a vereador em Goiânia.
O que fez Ibsen Pinheiro durante esse tempo? Até onde sei, nada. Li uma entrevista sua dizendo algo como “são águas passadas”.
Como águas passadas? Uma revista destrói a minha honra (como terão ficado mulher e filhos?), destrói a minha carreira política (como terão ficado os eleitores e o país?), reconhece que a matéria era uma farsa e são águas passadas?
Desde então, quantos escândalos foram criados para destruir pessoas, pelos motivos que todos conhecemos? Quantos, julgados, foram absolvidos? Muitos.
Agora surge a história, outra vez na Veja, envolvendo um dos mais renomados juristas do Brasil, o Sr. Celso Bandeira de Mello. Veja a resposta dele:
“Uma notícia deslavadamente falsa publicada por um semanário intitulado “Veja” diz que eu estaria a redigir um manifesto criticando a atuação de Ministros do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ação que a imprensa batizou de mensalão e sobremais que neste documento seria pedido que aquela Corte procedesse de modo “democrático”, “conduzido apenas de acordo com os autos” e “com respeito à presunção de inocência dos réus”. Não tomei conhecimento imediato da notícia, pois a recebi tardiamente, por informação que me foi transmitida, já que, como é compreensível, não leio publicações às quais não atribuo a menor credibilidade”.
Não deveríamos perder mais tempo do que já se perde falando dos políticos absolutamente corruptos, que todos sabemos quais são. Não deveríamos perder mais tempo do que já se perde falando de jornalistas e órgãos de imprensa absolutamente corrompidos pelos interesses pessoais e/ou dos grupos para os quais trabalham. Por que perder tempo com a escória da vida sócio/política do Brasil?
Porém, como aceitar sem crises gástricas e hipertensivas que alguns dos verdadeiros homens desse país sejam frequentemente agredidos, achincalhados e desonrados sem que eles próprios tomem uma atitude?
Será que não há nenhuma gravidade no fato de o homem Celso Bandeira de Mello ser acusado de algo dessa magnitude? Será que não há nenhuma gravidade no fato de o jurista Celso Bandeira de Mello ser acusado de algo que representa uma mancha no seu currículo? Será que não há nenhuma gravidade nas consequências que uma leviandade como essa terá sobre os jovens estudantes de Direito e sobre o próprio Direito?
E como reage aquele que foi o ofendido, o desonrado? Com uma nota que sequer será publicada por aquele semanário que o ofendeu. Um semanário, segundo todas as evidências demonstradas em vários momentos, particularmente na CPMI de Carlos Cachoeira, envolvido até a alma com um nível de corrupção, este sim, jamais visto nesse país. Um semanário que, mesmo tão envolvido por denúncias e mais denúncias, continua no seu ofício de desrespeitar tudo, caluniar e desonrar a todos.
Como desejar que a imprensa tome o rumo da dignidade minimamente exigível se nem mesmo os homens do Direito, quando visivelmente ofendidos e desonrados pessoal e profissionalmente, têm coragem de tomar uma atitude?
Onde estão os homens desse país?