Já foi melhor a qualidade da informação no Brasil? Acho que sim. Já vivemos tempos em que as informações, ainda que sempre tenham sofrido a influência da interpretação de quem dava, mais do que natural, já foram mais confiáveis.
Já houve o tempo dos grandes jornalistas, aqueles que não só escreviam bem como também emprestavam o peso do seu nome à informação prestada. Deu na coluna de…
Não é difícil perceber o empobrecimento atual na formação dos profissionais das diversas áreas. Além do aspecto técnico inerente a cada profissão, a formação sócio/política é um desastre. Os recentes episódios têm mostrado isso com uma clareza assustadora. Há classes que se expuseram tanto que sequer perceberam o desgaste que sofreram diante da sociedade brasileira.
O juramento proferido na ex-solene solenidade de formatura hoje não passa de um protocolo a ser cumprido. Recorro a uma frase de (Oscar) Niemeyer em uma de suas entrevistas: “o sujeito às vezes cresce na profissão, mas não toma conhecimento da vida”.
No jornalismo isso vem se manifestando com muita força.
A guerra da política nunca foi das coisas mais puras do mundo, mas, mesmo quando atingia níveis de maior agressividade, geralmente havia uma inegável qualidade no contexto geral.
Já houve maior consciência política? Talvez não seja tão simples responder a essa pergunta. Ao mesmo tempo, entretanto, não parece ser difícil perceber que o nível de discernimento não é entusiasmante no atual momento.
Se o eleitor é reflexo da classe política (ou é o contrário?), talvez o leitor seja reflexo da classe jornalística (ou também é o contrário?).
É difícil entender e aceitar a passividade (alienação?) de boa parte da sociedade brasileira. Será que esses leitores/telespectadores não percebem o quanto são manipulados pela imprensa, ainda que parte dela apresente cada vez menos recursos intelectuais para isso?
Maior humorista do Brasil, o cearense Chico Anísio sempre fez a apologia do carioca.
Para ele carioca não era só o cara que nascia no Rio de Janeiro, mas sim o que tinha o espírito do carioca; despojado, curtidor, gozador. E aí, com todo o seu talento, seguia arrebentando nos shows. Imperdíveis.
Acho que Carlos Drummond de Andrade também pensava assim. Veja o que ele diz.
Inocentes do Leblon
Os inocentes do Leblon
não viram o navio entrar.
Trouxe bailarinas?
Trouxe imigrantes?
Trouxe um grama de rádio?
Os inocentes, definitivamente inocentes, tudo ignoram,
mas a areia é quente, e há um óleo suave
que eles passam nas costas, e esquecem.
Os inocentes do Leblon não são só os que vivem naquele bairro do Rio. Os inocentes do Leblon vivem em São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Natal, Florianópolis, Salvador…
A sutileza do poeta muitas vezes é uma arma letal. Quando se trata de Drummond, então. O que será que ele quis dizer com inocentes?
Veja Drummond por Chico.
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