Há um ditado popular que diz que o pior cego é aquele que não quer ver.
Há doze anos (correspondentes a dez do governo Lula e dois do governo Dilma) que a nossa grande (?) imprensa bombardeia a população brasileira com notícias catastróficas.
Se as diversas crises anunciadas tivessem acontecido, sob todos os aspectos o Brasil seria hoje um dos piores países do mundo.
Lembra quando, pela primeira vez na história do mundo, o presidente de um país foi responsabilizado pela queda de um avião? Não lembra? Foi quando o avião da TAM caiu em Congonhas. As manchetes mostraram durante semanas seguidas que o presidente Lula era o grande culpado (meu Deus, um presidente da república culpado por um acidente de avião). A nossa grande (?) imprensa, a nossa elite e o PSDB, DEM, PPS… babavam sangue após seguidas mordidas na jugular da população.
Lembra da febre amarela que, segundo a imprensa, estava se alastrando pelo Brasil? Lembra que por causa do terrorismo da imprensa pessoas morreram por tomarem um reforço absolutamente desnecessário da vacina?
Apagão, ENEM que não ia funcionar (agora já são mais de 11 milhões de inscritos), Bolsa Família que ia acabar. Diante da inflação descontrolada, claro que segundo a imprensa, foi comovente, levou-me às lágrimas, Ana Maria Braga com um colar de tomates pendurado no pescoço, numa demonstração da sua eterna preocupação com a dor e o sofrimento do povo, para, no outro dia, o preço do tomate despencar. Preocupa-me ela ter que usar uma melancia pendurada diante de um eventual aumento de preço.
Vamos fazer de conta que não sabemos que ao invés de dever ao FMI (no governo FHC, o país quebrou 3 vezes, recorrendo ao FMI; em uma delas, se não fosse Bill Clinton, presidente dos Estados Unidos, não conseguiria), o Brasil empresta dinheiro a ele. Só para reforçar também, o Brasil hoje é a sexta maior economia do mundo, com previsão de se transformar na quinta economia em futuro breve. Permita só mais uma lembrancinha: O BRASIL POSSUI HOJE A MENOR TAXA DE DESEMPREGO DO MUNDO.
E o mensalão do PT, que teria acontecido em 2005? Programado com relógio suíço para coincidir com as eleições do ano passado, a imprensa saiu derrotada e frustrada, pois em nada repercutiu nas eleições, particularmente naquela que mais preocupava; a de São Paulo. Fernando Haddad (PT) foi eleito.
É sempre bom lembrar que o mensalão do PSDB, que data de 1998 e estava na frente do PT (2005) na pauta de julgamento do STF, até hoje não foi julgado, e parece que não vai ser. Só mais 2 detalhes: além de ter sido bastante alterado pelo STF no desmembramento que sofreu caso venha a ser julgado, a grande (?) imprensa não fala dele.
Essas e outras informações estão todas disponíveis, basta querer ver. Entretanto, precisamos entender que ver é querer. Só vemos o que queremos. Fernando Pessoa diz que “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”. Gosto muito do ditado popular “o pior cego é aquele que não quer ver”, mas gosto mais ainda da frase de um escritor português, Eça de Queiroz: “Ou é má fé cínica ou obtusidade córnea”.
Quem esteve todo o tempo manipulando tudo para que as coisas ocorressem desse jeito? Já falamos muito sobre isso, mas veja detalhes mais recentes na matéria de Luis Nassif para o Jornal GGN. Abaixo estão apenas alguns trechos. Se quiser ver a matéria original completa clique aqui.
Procurador geral que livrou (Daniel) Dantas do mensalão ganhou contrato da Brasil Telecom
Do Jornal GGN
Em s
ua sabatina no Senado, o jurista Luiz Roberto Barroso considerou o julgamento do chamado mensalão “ponto fora da curva”. Barroso é considerado o maior constitucionalista brasileira, unanimidade, saudado tanto pela direita quanto pela esquerda. Sua opinião foi corroborada pelo Ministro Marco Aurélio de Mello, um dos julgadores mais implacáveis.
Externou o que todo o meio jurídico comenta à boca pequena desde aquela época: foi um julgamento de exceção…
O contrato de Antonio Fernando
Aparentemente, desde o começo, a prioridade dos Procuradores Gerais da República Antônio Fernando (que iniciou as investigações), de Roberto Gurgel (que deu prosseguimento) e do Ministro do STF Joaquim Barbosa (que relatou a ação) parece ter sido a de apagar os rastros do principal financiador do mensalão: o banqueiro Daniel Dantas. Inexplicavelmente, ele foi excluído do processo e seu caso remetido para um tribunal de primeira instância…
Responsável pelas investigações, o procurador geral Antônio Fernando de Souza tomou duas decisões que beneficiaram diretamente Dantas. A primeira, a de ignorar um enorme conjunto de evidências e excluir Dantas do inquérito – posição mantida por seu sucessor, Roberto Gurgel e pelo relator Ministro Joaquim Barbosa…
Pouco depois de se aposentar, Antônio Fernando tornou-se sócio de um escritório de advocacia de Brasília – Antônio Fernando de Souza e Garcia de Souza Advogados -, que tem como principal contrato a administração da carteira de processos da Brasil Telecom, hoje Oi, um dos braços de Dantas no financiamento do mensalão. O contrato é o sonho de todo escritório de advocacia…
Os sinais de Dantas
Qualquer jornalista que acompanhou os episódios, na época, sabia que a grande fonte de financiamento do chamado “valerioduto” eram as empresas de telefonia controladas por Dantas, a Brasil Telecom e a Telemig Celular. Reportagens da época comprovavam – com riqueza de detalhes – que a ida de Marcos Valério a Portugal, para negociar a Telemig com a Portugal Telecom, foi a mando de Dantas…
O valor de suas ações residia em um acordo “guarda-chuva”, firmado com fundos de pensão no governo FHC…
Apesar de constar em inquérito da Polícia Federal – fato confirmado por policiais a Paulo Moreira Leite – jamais esse contrato de R$ 50 milhões fez parte da pe&c
cedil;a de acusação. Foi ignorado por Antônio Fernando, por seu sucessor Roberto Gurgel e pelo relator Ministro Joaquim Barbosa. Ignorando-o, livrou Dantas do inquérito. Livrando-o, permitiu-lhe negociar sua saída da Brasil Telecom, ao preço de alguns bilhões de reais.
As gambiarras no inquérito
…Havia comprovação de pagamento de mídia, especialmente a grandes veículos de comunicação, de eventos, mas tudo foi deixado de lado pelos PGRs e pelo relator Barbosa.
Em todos os sentidos, Gurgel foi um continuador da obra de Antonio Fernando. Pertencem ao mesmo grupo político – os “tuiuius” – que passou a controlar o Ministério Público Federal. Ambos mantiveram sob estrito controle todos os inquéritos envolvendo autoridades com foro privilegiado. Nas duas gestões, compartilhavam as decisões com uma única subprocuradora – Cláudia Sampaio Marques, esposa de Gurgel. Dentre as acusações de engavetamento de inquéritos, há pelos menos dois episódios controvertidos, que jamais mereceram a atenção nem do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) nem da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) – esta, também, dominada pelos “tuiuius”: os casos do ex-senador Demóstenes Torres e do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda.
Tanto na parte conduzida por Antonio Fernando, quanto na de Gurgel, todas as decisões pareceram ter como objetivo esconder o banqueiro.
É o caso da “delação premiada” oferecida a Marcos Valério. O ponto central – proposto na negociação – seria imputar a Lula a iniciativa das negociações com a Portugal Telecom…
…Mas, na verdade, na época, sua decisão blindou Daniel Dantas, a quem Valério servia. Agora, na proposta de “delação” aceita por Gurgel não entrava Dantas – a salvo dos processos – mas apenas Lula.
O inquérito dá margem a muitas interpretaçòes, decisões, linhas de investigação. Mas como explicar que TODAS as decisões, todas as análises de provas tenham sido a favor do banqueiro?
Os motivos ainda não explicados
Com o te
mpo aparecerão os motivos efetivos que levaram o Procurador Geral Roberto Gurgel e o relator Joaquim Barbosa a endossar a posição de Antonio Fernando e se tornarem também avalistas desse jogo.
…Dantas não é apenas o banqueiro ambicioso, mas representa uma longa teia de interesses que passava pelo PT, sim, mas cujas ligações mais fortes são com o PSDB de Fernando Henrique e principalmente de José Serra.
Uma disputa pelo poder não poderia expor Dantas, porque aí se revelaria a extensão de seus métodos e deixaria claro que práticas como as do mensalão fazem parte dos (péssimos) usos e costumes da política brasileira. E, se comprometesse também o principal partido da oposição (PSDB), como vencer a guerra pelo controle do Estado? Ou como justificar um julgamento de exceção.
Vem daí a impressionante blindagem proposta pela mídia e pela Justiça. É, também, o que pode explicar a postura de alguns Ministros do STF, endossando amplamente a mudança de conduta do órgão no julgamento. Outros se deixaram conduzir pelo espírito de manada. Nenhum deles engrandece o Supremo…
…É o que explica os contratos de Antonio Fernando com a Brasil Telecom jamais terem recebido a devida cobertura da mídia. Não foi denunciado pelo PT, para não expor ainda mais suas ligações com o banqueiro. Foi poupado pela mídia – que se alinhou pesadamente a Dantas. E foi blindado amplamente pela ala Serra dentro do PSDB.
De seu lado, todas as últimas atitudes de Gurgel de alguma forma vão ao encontro dos interesses do banqueiro. Foi assim na tentativa de convencer Valério a envolver Lula nos negócios com a Portugal Telecom…
…Mas é evidente que o resultado maior foi fortalecer as teses de Dantas junto ao STF, de que a Satiagraha não passou de um instrumento dos adversários comerciais. Foi um advogado de Dantas – o ex-Procurador Geral Aristisdes Junqueira – quem convenceu Gurgel a mudar de posição.
Com seu gesto, Gurgel coloca sob suspeitas os próprios procuradores que atuaram não apenas na Satiagraha como na Operação Chacal, que apurava envolvimento de Dantas com grampos ilegais…
…Anamara Osório (procuradora da República que tocava a ação da Operação Chacal na qual Dantas era acusado de espionagem) e Rodrigo De Grandis (