Vemos o que queremos ver. Apesar de imperceptível para alguns, é de uma clareza assustadora o que há por trás de determinadas ações.
São cada vez mais comuns as noticias de agressões físicas sobre as minorias (para usar um termo do momento) e por sua vez são também cada vez mais fortes os movimentos contra o preconceito e a discriminação.
É claro que, de um modo geral, as pessoas não concordam com a violência física, ainda mais nos níveis em que se pratica atualmente, mas, sem perceber, às vezes a estimulam. No ambiente familiar (onde tudo começa), na escola, no trabalho, os mais diversos comentários podem produzir resultados inimagináveis.
No ambiente familiar não é incomum transmitir-se às crianças, inconscientemente ou não, que o homossexualismo é um desvio de conduta. Nessa visão, a “negação ao corpo” é algo inaceitável. É a ponta do iceberg do preconceito e da discriminação sexuais. Ocorre que as crianças crescem e terão os seus filhos. Aí, já está enraizado. É claro que muitos negarão essa via.
E por aí vai, com os “pretos”, com os nordestinos, com as pessoas humildes, apesar das afirmações tipo “eu não sou racista”. Quem assumirá que é? Ainda mais quando “referências” dessa sociedade, como o todo poderoso da Globo, Ali Kamel, desejam, estupidamente, mostrar o contrário, como ele tentou faze-lo no seu livro “Não somos racistas”. Lógico que devidamente respaldado pelos Jabores da vida. Já disse Nietzsche que “a inteligência humana tem limite, a estupidez não”. Vamos a exemplos práticos?
Nunca houve qualquer política de governo voltada para a saúde bucal no Brasil. No entanto, com os programas implantados nos governos Lula, como o Brasil Sorridente (os CEOs – Centro de Especialidades Odontológicas – são um grande exemplo), esse panorama mudou completamente. Vamos aos dados oficiais.
Em 1999 (governo Fernando Henrique Cardoso), o atendimento ambulatorial em Endodontia foi de 49.236 procedimentos. Desde 2008 (governo Lula), a produção nesta especialidade tem alcançado mais de 2 milhões procedimentos/ano.
Quais foram as camadas da população beneficiadas com essa política? As mais baixas, as menos privilegiadas. A quem isso interessa? À elite? Porém, os membros dessa elite, bem típico dela, esquecem que os seus filhos, sobrinhos, netos …que se formam em Odontologia passam a ter, pela primeira vez no país, oportunidade de assegurar um bom emprego e evoluir dentro da sua especialidade.
Faça um levantamento de opinião entre as pessoas envolvidas nesse processo (família, amigos e os próprios profissionais da Odontologia) se já refletiram sobre isso e se tomaram conhecimento dessa política de governo. E, pergunta que não quer calar; que governo proporcionou isso?
Recentemente, a mobilidade social promovida nos governos Lula, proporcionando melhoria na vida de milhões de brasileiros, acentuou esse processo e pode ser observado no dia-a-dia da sociedade. Poucos estão conseguindo segurar a insatisfação diante da convivência com pessoas de “nível inferior”. Percebe-se isso sem nenhuma dificuldade em lugares como os aeroportos, por exemplo. É o que demonstram pesquisas como a que mostro em seguida, feita pelo Instituto Data Popular. Chamo a atenção para o fato de que está transposto como se encontra no original. Só pus negritos em algumas frases.
Classe C incomoda consumidores da classe AB
Os consumidores das classes A e B se mostram incomodados com algumas consequências da ascensão econômica da classe C, que passou a comprar produtos e serviços aos quais apenas a elite tinha acesso. É o que apontam dados de uma pesquisa do Instituto Data Popular feita durante o primeiro trimestre, com 15 mil pessoas das classes mais favorecidas, em todo o Brasil.
De acordo com o levantamento, 55,3% dos consumidores do topo da pirâmide acham que os produtos deveriam ter versões para rico e para pobre, 48,4% afirmam que a qualidade dos serviços piorou com o acesso da população, 49,7% preferem ambientes frequentados por pessoas do mesmo nível social, 16,5% acreditam que pessoas mal vestidas deveriam ser barradas em certos lugares e 26% dizem que um metrô traria "gente indesejada" para a região onde mora.
"Durante anos, a elite comprava e vivia num ‘mundinho’ só dela", diz Renato Meirelles, diretor do Data Popular. "Nos últimos anos, a classe C ‘invadiu’ shoppings, aeroportos e outros lugares aos quais não tinha acesso. Como é uma coisa nova, a classe AB ainda está aprendendo a conviver com isso. Parte da elite se incomoda, sim", afirma Meirelles.
Para especialistas, os consumidores da classe AB correm o risco de fazer críticas mal direcionadas aos chamados emergentes. "Existem setores, como o de viagens aéreas, que expandiram a quantidade de clientes e perderam em qualidade, deixando o serviço realmente pior", diz Rafael Costa Lima, professor de economia da FEA-USP e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor, da FIPE. "A crítica deve ser feita às empresas e à infraestrutura dos aeroportos, não aos novos consumidores", diz Lima.
Para o professor, apesar dos aeroportos superlotados, de modo geral os consumidores de ambos estratos se beneficiam da ascensão da classe C. "Empresas como a Apple e montadoras de veículos vieram produzir e vender no Brasil, porque agora existe escala de consumo, o que trouxe mais opções de produtos para todos", diz Lima. "Além disso, a entrada de milhões de pessoas na classe consumidora foi o motor da estabilidade de crescimento brasileiro nos últimos anos", afirma.
Outro dado curioso da pesquisa do Data Popular mostra que 55% da classe AB acha que pertence à classe média (ou C), enquanto um terço acredita ser um "consumidor de baixa renda". "Ao responder a pesquisa, eles diziam que precisam pagar colégio e convênio de saúde particular para três filhos e viagem para a Disney todo ano, não sobrava dinheiro para quase nada, logo não poderiam ser chamados de classe AB", diz Meirelles, divertindo-se com a afirmação.
Segundo dados recentes, 30 milhões de brasileiros ascenderam à classe média nos últimos dez anos, levando essa camada social a representar 53,9% da população atual. "Se fosse um país, a classe C brasileira seria a 17º maior na&
ccedil;ão do mundo em mercado consumidor. O Brasil só não quebrou [ na crise econômica internacional ] por causa da ascensão da classe C, que garantiu o consumo interno", diz Meirelles.
A causa não é uma só, mas com pesquisas como essa fica mais fácil entender porque Dona Zelite tem tanta raiva de Lula e Dilma.
*Dona Zelite – transformação que sofreu a expressão “as elites” para linguagem com o vício popular de engolir o s do final das palavras “as elite”. Daí para “a zelite” e finalmente Dona Zelite.