Por Ronaldo Souza
A sociedade brasileira vê há oito anos um partido, o PT, ser chamado de o mais corrupto do Brasil, para alguns o único, e responsável pelo maior escândalo de corrupção do Brasil, o mensalão.
O julgamento do que ficou conhecido como mensalão, o “maior escândalo de corrupção do Brasil”, é um prato cheio para muita coisa.
Não vamos repetir o que já foi dito. Aqui mesmo neste site não faltam textos sobre o tema. Mas vamos aproveitar para relembrar pelo menos dois momentos do julgamento.
Um dos argumentos de Joaquim Barbosa para condenar João Paulo Cunha, deputado do PT, foi o de que a empresa apresentada como justificativa pela sua defesa jamais poderia ser considerada válido pelo fato de que o endereço era de uma residência.
Descobriu-se recentemente que em maio daquele ano (2012) Joaquim Barbosa tinha comprado um apartamento em Miami e para fugir dos impostos tinha aberto uma empresa nos Estados Unidos, cujo endereço era… seu apartamento funcional em Brasília. Ou seja, em outubro de 2013, Joaquim Barbosa condenou um homem pela mesma atitude ilícita que ele, Joaquim Barbosa, Presidente do Supremo Tribunal Federal, já tinha cometido antes, em maio do mesmo ano. Detalhe; além de ser Presidente do STF, portanto, conhecedor do que isso significa, o endereço da empresa dele, nos Estados Unidos, é no Brasil, no apartamento que nem é dele, é do STF.
O outro aspecto se refere à teoria do domínio do fato, argumento usado por Joaquim Barbosa para condenar José Genoino, também deputado do PT. O que disse Barbosa? Como presidente do PT, não tinha como Genoíno não saber das coisas do mensalão, não tinha como não ter o domínio do fato, portanto, era culpado.
Sem falar que ele inverteu o sentido da referida teoria (veja aqui e aqui), condenou por inferência.
Três “pessoas” tiveram orgasmos múltiplos: a grande mídia, PSDB/DEM e a elite brasileira. O PSDB, à frente Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Geraldo Alckmin, Aécio Neves e Cia., devidamente apoiados e protegidos pela imprensa, pareciam àquela altura morar nos estúdios da imprensa, de tantas vezes que apareciam dando entrevistas.
E eis que surge o escândalo da corrupção do PSDB em São Paulo (nenhuma novidade), com envolvimento direto de Mario Covas, José Serra, Geraldo Alckmin e outros de menor calibre. Não há como negar como tem sido interessante ver o malabarismo feito pela imprensa para, no início, tentar esconder e depois tentar livrar a cara do PSDB. Não teve jeito.
Veja do que foi capaz de dizer Fernando Henrique Cardoso. A matéria é de Fernando Brito. Ao final, volto para um breve comentário.
Bribery, Mr. Fernando, the name is bribery…
Por Fernando Brito no Tijolaço
Fernando Henrique Cardoso saiu em defesa do PSDB no caso Siemens-Alston.
Na mesma linha de Alckmin e Serra: “pode ter havido cartel, tudo indica, mas nós não temos nada com isso.”
É curioso que al
guém possa assumir este discurso do “nos roubaram por dez anos e nós nunca desconfiamos de nada”, principalmente quando o assunto jà era, há meia década, objeto de investigações no Ministério Público, denúncias na imprensa e processos judiais no exterior.
E ainda ter a cara de pau de dizer que é muito bom que se dê explicações para que não haja “ a impressão de que é parecido com o que outros fizeram. Não há nada que indique isso.”
Talvez o ex-presidente tenha ajudado seu colega de fardão, Merval Pereira, a desenvolver a tese de que dinheiro embolsado é menos corrupção que dinheiro desviado para campanhas políticas.
O distraído FHC não sabe que Alstom e Siemens acumularam condenações na Europa e nos EUA por corromper governantes através de suborno?
Suborno é a popular propina.
Bribery, em inglês, como nestas duas matérias do Financial Times:
Alstom to pay €31m fine after bribery probe
Siemens to pay €1bn fines to close bribery scandal
Ou será que lá em São Paulo os dirigentes que as contrataram que elas roubaram sem pagar?
Parece que Fernando Henrique Cardoso (Serra e Alckmin) já esqueceram da Teoria do Domínio do Fato: “Na mesma linha de Alckmin e Serra: “pode ter havido cartel, tudo indica, mas nós não temos nada com isso.”
Interessante, não tinha como Genoíno não saber. Agora querem empurrar um nós não temos nada com isso.
Já tinha escrito antes sobre FHC; Um estado mental preocupante, FHC: um perdedor, Pobre Fernando Henrique Cardoso e Pobre Fernando Henrique Cardoso 2.
Estou muito preocupado com ele.
PS. Aguarde Os 10 maiores escândalos de corrupção do Brasil