“Eu não tive instrução, mas meu filho com fé em Deus vai ser doutor”.
Inúmeras vezes ouvi essa frase.
Está enraizado no imaginário popular que o doutor é um homem inteligente e culto.
Há um ditado popular que diz: “De perto, somos todos iguais”. Ah, o povo e sua secular sabedoria.
Quanto mais você se aproxima, mais você conhece. Ah, se eles soubessem o que é o ensino superior, aquele que nos confere a condição de seres de nível superior, nos dias atuais. Opa, saiu sem querer.
A ignorância deixou de ser uma característica só dos ignorantes. Explico.
Uma definição bem simples nos diria que ignorante é aquele que ignora. No dia-a-dia tem-se como aquele que não sabe nada, um analfabeto. Podemos chamar de iletrado.
Pois fique o senhor sabendo que é cada vez mais comum a ignorância nos letrados.
As pesquisas mostram cada vez mais que a influência da grande mídia já não é como antes. Percebe-se, porém, que é cada vez maior nos segmentos tidos como de nível superior. Como é possível?
É assustador e preocupante o quanto a mídia manipula as notícias que traz ao público. Com um pouco de boa vontade, pode-se até tentar entender pela ótica de Cesare Pavese. “quando lemos, não procuramos ideias novas, mas pensamentos que já nos passaram pela mente e que adquirem, na página impressa, o selo da confirmação”.
Esta pode ser uma explicação: as pessoas só querem ver e ouvir aquilo que lhes agrada. Porém, muitas vezes isso significa agradar a sentimentos que elas desconhecem ou não querem reconhecer. São aqueles guardados a sete chaves no inconsciente. E isso nos leva a só querer ver aquele jornal na televisão, só querer ler aquela revista, porque eles dizem e escrevem o que eu desejo ouvir e ler, percebendo ou não a manipulação.
Existem vários exemplos de manipulação dos fatos. Só para citar um dos mais recentes, o da “bolinha de papel”, famoso episódio que envolveu José Serra, na campanha presidencial de 2010.
Atingido por algo durante uma passeata, passou a mão na cabeça e continuou a caminhada da simpatia. Percebendo a oportunidade, alguém liga para ele no celular e só aí que ele “sente” que se machucou e aí ele pôs as mãos na cabeça como se tivesse sido atingido por um objeto contundente. Na sequência, abandonou a caminhada e entrou num carro às pressas em busca de socorro médico.
Atendido pelo honorável médico Jacob Kligerman, que já fora subordinado a ele no Ministério da Saúde, confirmou-se o atentado: Serra realmente tinha sido atingido por um objeto contundente.
À noite, o Jornal Nacional, na sua eterna luta pela dignidade na notícia, repetiu incansáveis vezes as cenas do atentado, claro que com o auxílio de um renomado perito, Ricardo Molina, demitido da UNICAMP por fraude. Confirmava-se ali mais um atentado perpetrado pelos terroristas do PT. No calor do desejo (explica-se desejo aqui como a necessidade imperiosa de “mostrar” a violência dos petralhas), não atentaram para um detalhe inerente aos impactos de objetos contundentes no couro cabeludo: a presença de inchaço e/ou ferimento no local atingido. A total ausência de cabelos no couro “cabeludo” de José Serra certamente favorecia essa observação o que, de fato ocorreu; esses sinais não estavam presentes. Mas era só um detalhe, sem importância.
Em outros tempos, a nossa grande (?) mídia, com a sua eterna imparcialidade e apartidarismo, teria comprovado à população brasileira mais um ato de terrorismo.
Não demorou muito.
José Antonio Meira da Rocha, Professor de Jornalismo Gráfico da Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Educação Superior Norte-RS (UFSM/CESNORS), campus de Frederico Westphalen, Rio Grande do Sul, Brasil, desmascarou inteiramente, completamente, totalmente, a Rede Globo e os demais componentes do GAFE (Globo, Abril, Folha e Estadão).
Mostrou a farsa. Na verdade era uma bolinha de papel. A Rede Globo ainda tentou se explicar, mas não dava mais. Calou. O assunto morreu… para ela. Talvez eu deva dizer que não entre os fieis seguidores da Globo, mas entre os internautas e todos os que conseguem usar o controle remoto, a Globo foi ridicularizada.
Veja o vídeo. Observe que aos 0,47 segundos ele é atingido, olha e continua…
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Todas as matérias veiculadas pelo GAFE, todas, são incorporadas de imediato ao imaginário das pessoas de um determinado segmento da sociedade como ato de fé. Já briguei muito por isso. Somente há pouco tempo entendi porque essas pessoas se recusam a ver aquelas “verdades” sob um outro ponto de vista. Talvez se possa nos tempos atuais entender melhor e aplicar a frase de um escritor português, Eça de Queiroz: “Ou é má fé cínica ou obtusidade córnea”.
Tão cedo não esqueço a comparação do telespectador brasileiro a Homer Simpson (personagem do desenho Os Simpsons) feita por William Bonner, numa clara alusão à estupidez desse telespectador. Para Bonner, quem assiste ao Jornal Nacional todos os dias, é um Homer Simpson.
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