Ser ou não ser quando se é

Por Ronaldo Souza

Uma das piores coisas que existem é participar de um debate em que você quer defender ideias e o seu oponente não quer.

Observa-se isso com alguma frequência, por exemplo, em debates científicos.

O professor diz o que a plateia quer ouvir. Ele joga pra plateia.

Um horror.

E a plateia poucas vezes percebe.

Esse é um dos maiores erros que se pode cometer em um debate com Marina. Querer que ela mostre alguma coisa. Não se mostra o que não se tem.

Esse erro foi cometido por um homem de enorme experiência política: Plínio de Arruda Sampaio.

Aproveito para abrir aspas e dizer uma coisa.

Marina, você que gosta de falar da velha política como se você própria não fosse um dos políticos que mais a tornam velha, procure ver se encontra fora da política alguém com a integridade de Plínio de Arruda Sampaio.

Como você, ele era do PT, e saiu do partido. Cada um com as suas razões.

Mas velhos políticos como Plínio de Arruda Sampaio (recentemente falecido) e Ivan Valente, para citar dois exemplos e ambos do PSOL, praticam uma política muito mais nova do que essa sua nova política, que já nasceu com o cheiro de mofo.

Mas Plínio cometeu esse equívoco. Permitiu a você fazer o que mais gosta; fazer-se de vítima.

Aí você reina.

Percebam que há um momento em que ele diz “eu ‘tô tendo atitude até meio antipática…” Talvez um sinal de que percebeu que não tinha sido feliz ao escolher aquele caminho. Mas foi justamente a experiência política de Plínio que minimizou o equívoco.

Por isso, com todo o respeito que sempre tive por ele, não quero que você encontre nos próximos debates um Plínio de Arruda Sampaio.

Para não recorrer a Levy Fidelix, que lhe deixou nervosa com a sua postura inconfessável e indefensável de ser patrocinada pelo banco Itaú, fico no mesmo partido, o PSOL, para citar outro político: Luciana Genro.

Luciana Genro não precisará mais lhe rotular porque foi você mesma que incorporou esse
rótulo à personagem Marina Silva. Basta que nos próximos debates ela lhe peça para fazer o que você não sabe: falar do Brasil ao Brasil.

Marina, aí sim como bem disse Plínio; o debate é para falar do Brasil, não para se vitimizar ou falar da providência divina que lhe tirou daquele avião em que, a deduzir das suas palavras, Deus escolheu Eduardo Campos para morrer.

Luciana Genro, como Plínio, Ivan Valente e outros foram do PT.

Sabe de quem Luciana Genro é filha? De Tasso Genro, governador do Rio Grande do Sul e membro do PT. Outro grande político.

Marina, ainda que discorde de alguns pontos de vista do PSOL, esses velhos políticos fazem a política que você teve oportunidade de fazer, mas que não mais fará. Se é velha ou nova só o seu imaginário dirá. O meu diz que eles e muitos outros tentam fazer política da melhor forma possível.

Muitos desses marineiros e pessebistas, (os coxinhas) que lhe apoiam, não fazem a menor ideia do que é velha ou nova política.

Não fazem a menor ideia do que é política.

Mas vão na sua onda.

Não percebem que só mesmo alguém como você para tentar despolitizar uma eleição para presidente da república. Você chega ao cúmulo de querer transformar um coque de cabelo em bandeira política e mandar que as mulheres que lhe apoiam saiam às ruas usando-o.

Os inocentes do Leblon não sabem, por exemplo, que quando vemos um outdoor com Lídice da Mata e Eliana Calmon, ex-ministra do judiciário baiano (ambas do PSB da Bahia), a velha política não está em Lídice, que é uma política séria.

A velha, velhíssima política, está em Eliana Calmon.

Por isso, candidatos como você e lá atrás Fernando Collor de Melo e Jânio Quadros, representam enorme perigo ao país.

Estamos desejando tão somente que nos próximos debates o Brasil comece a prestar mais atenção em você.

No nada que você diz ao falar.

[[youtube?id=lXSd7XwPe_w]]