Por Ronaldo Souza
A campanha para a presidência da república já começou, mas ainda não começou.
Os candidatos já estão em campo há muito tempo. Negam, mas estão.
Aécio Neves, o candidato cambaleante (sem duplo sentido, por favor), não conseguiu decolar e, pelo visto não vai conseguir. Toda a movimentação de Eduardo Campos junto ao setor financeiro-empresarial desde o ano passado não tem outra explicação que não esta. Setores importantes da elite financeira do país, os donos do dinheiro, já perceberam a fragilidade de Aécio e já de algum tempo estão de olho no governador de Pernambuco.
É claro que preferem Aécio, mas não têm compromisso com questões ideológicas, esse é um mundo que não existe para eles. Passa a existir diante de qualquer possibilidade de risco sobre o capital. Aécio, Eduardo Campos ou Marina, tanto faz para eles.
Alguns podem dizer, Marina não!!!
Ninguém melhor do que os donos do dinheiro para saber que Marina é mais uma candidata “deles”. Já não são muitos os eleitores que ainda veem nela o que viam antes (ela perdeu muitos deles com os seus últimos movimentos). E eles sofrem quando começam a perceber que Marina se pintou com cores diferentes.
Todos já sabem quem são os patrocinadores de Marina.
Voltando ao governador de Pernambuco, se alguns aspectos podem lhe dar a impressão de que o mundo político ficou um mar de rosas, a vida real parece não lhe permitir essa visão.
Ainda é um candidato restrito a Pernambuco e desconhecido no Brasil, daí os seus percentuais ainda baixos. Há quem diga, porém, que pesquisas internas do seu partido, o PSB, já registram ultrapassagem sobre Aécio. A recente incorporação (semana passada) do PSDB pernambucano ao seu governo parece querer mostrar que, de fato, as coisas estariam piores para Aécio do que se imagina.
Forte no seu estado e desconhecido no Brasil, Eduardo Campos definitivamente saiu do armário. Na busca de maior visibilidade nacional, não mede mais nada. Não tem poupado Dilma, não tem poupado o seu governo. Saiu-se agora com a “ineficiência administrativa” de Dilma.
Algum pecado? Claro que não. Esse é o famoso jogo político. Mas, às vezes, determinadas circunstâncias dificultam “jogar o jogo” de qualquer maneira.
Quando olho para trás e vejo “Vidas secas” (Graciliano Ramos) e “O sertanejo é, antes de tudo, um forte” (Euclides da Cunha), lembro do que já ouvi, li, vi e vivi. Isso faz parte da minha infância, momento em que o homem se faz e se firma.
O povo nordestino, com as suas peculiaridades, ainda é muito apegado a determinados sentimentos, particularmente aqueles que falam ao coração. Acredito que o pernambucano, como nordestino, também ainda seja.
Citaria dois desses sentimentos: gratidão e fidelidade.
O nordestino não costuma perdoar a traição, mesmo em política.
A campanha começou, mas não começou. Quando ela começar de fato, algumas coisas não passarão em branco.
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