Trate e acompanhe

Carlos Manoel Cordeiro de Almeida:
Olá, professor! Espero q esteja tudo bem com o sr.
Primeiro quero lhe parabenizar pelo blog. É uma ferramenta de utilidade pública para o mundo da odontologia, principalmente para profissionais que trabalham longe dos grandes centros. Gostaria de ver um opinião sobre o caso que irei relatar. Antes de tudo vou fazer algumas considerações: a) Não sou especialista em endodontia, porém faço tratamento endodôntico em minha clínica, usando ainda o protocolo de instrumentação manual; b) moro em uma cidade do interior de Pernambuco longe dos grandes centros.
Agora segue a minha pergunta. Compareceu a meu consultório um paciente queixando-se de dor espontânea no elemento 17 e alegava que a dor aumentava com estímulos frios. Ao exame radiográfico a coroa estava restaurada com resina composta na conformação de classe II MO muito próxima a câmara pulpar.Não havia reação periapical. Cheguei a hípótese diagnóstica de pulpite serosa. Realizei abertura coronária, porém não havia sangramento na câmar pulpar. Mudei o diagnóstico para Abscesso agudo inicial. Como conduta clínica realizei a abertura coronária e neutralização dos canais VD E palatino com irrigação com sol. de Milton. Coloquei um bolinha com tricresol na câmara pulpar e prescrevi cetoprofeno. Nesta sessão não consegui localizar o canal VM. Pedi para a paciente retornar ao consultório com 72 horas para realizar nova busca pelo canal VM e fazer a odontometria. A paciente retornou. Disse que após aquela sessão não sentiu mais dor. Pois bem, ai venha o dilema. O canal VM está com a emboucadura calcificada. O elemento dentário tem um giroversão, o que dificulta a visibilidade das raízes. No rx as raízes estão muito próximas uns das outras. Consegui fazer a odontometria dos canais: palatino e VD, porém não conseguir penetrar no canal VM. Para completar a paciente tem um abertura de boca muito limitada. Minha pergunta é: ” Terá algum problema se eu instrumentar os canais que realizei a odontometria (palatino e VD)  e não mexer no canal vestibular, um vez que a entrada está calcificada”?

Carlos, apesar da força do hábito, não fazemos canal, tratamos canal. Se ele não existe (calcificado) não pode ser tratado. Se está parcialmente calcificado, a tentativa de trata-lo só deve ser feita por alguém com muita experiência. Sendo o MV, é complicadíssimo. Trate o que for “tratável”, explique ao paciente e acompanhe.

Deixe um comentário