Um acidente de avião, um ar condicionado quebrado e uma atriz

O Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, foi inaugurado em 1936 e é o quarto mais movimentado do Brasil. Lá chegam e de lá saem milhões de pessoas. Desses milhões de pessoas, certamente muitas “morrem” de medo de voar.

A história da aviação brasileira e mundial registra inúmeros acidentes de avião, alguns dos quais, de tão desastrosos, comoveram o mundo e ocuparam o noticiário. As causas são muito diversas, de falhas humanas a problemas técnicos, razão pela qual as investigações são sempre demoradas.

Há um acidente de avião, porém, que ocupa um lugar de destaque. Foi o que ocorreu em 2007, com o choque de um Airbus A-320 da TAM que não conseguiu parar ao aterrissar no Aeroporto de Congonhas. Todas as 187 pessoas a bordo morreram e doze pessoas em solo foram vitimadas. Não era para menos, comoção nacional, várias famílias e amigos em total desespero diante de mais uma fatalidade.

Não era, porém, uma fatalidade. Na investigação mais bem feita e rápida da aviação comercial realizada até hoje no mundo, já naquele mesmo dia os jornais da televisão brasileira anunciavam aos quatro cantos do mundo que tinham identificado o culpado. A imprensa brasileira mostrava ao mundo toda a nossa competência ao investigar, analisar todas as possibilidades e chegar ao veredito final, tudo no mesmo dia do acidente. Pelo rigor das investigações, foi o primeiro, e até agora único, acidente de avião no mundo em que não houve dúvidas quanto ao culpado: o presidente da república.

Talvez pelo ineditismo da ação que encantou aos leitores/telespectadores da grande mídia, a despeito do sofrimento das famílias e amigos das vítimas ela brindou o país com as notícias referentes a esse acidente por vários dias, um tempo nunca visto anteriormente, com um verdadeiro espetáculo de imagens e entrevistas com especialistas, sempre de plantão e dispostos a cooperar com a imprensa no seu nobre papel de bem informar ao povo.

Investigação concluída, segue a vida. As pessoas do mundo e do Brasil, inclusive as de São Paulo, continuaram chegando e saindo de Congonhas, algo que se repete diariamente em todos os aeroportos brasileiros, agora com movimento bem maior.

Não se encontrou ainda uma explicação de porque os brasileiros estão viajando cada vez mais de avião, inclusive com frequência também maior de reclamações de outras que estão estranhando esse movimento intenso de quem não costumava frequentar aeroportos, inclusive viajando para fora do país. Vê se pode! Danuza Leão, por exemplo, anda profundamente irritada, e deprimida.

O fato é que movimento intenso pode trazer maior necessidade de manutenção dos aparelhos que, como sabemos, costumam apresentar defeitos. É uma escada rolante que quebra, é um ar condicionado que dá defeito, é um… Opa, por falar em ar condicionado, fiquei sabendo que deu problema no aeroporto do Rio de Janeiro.

Não sei se você sabe que o Rio de Janeiro fica um pouquinho mais quente no verão. Fiquei sabendo que agora no período das festas de fim de ano, foi registrada a maior temperatura (43,2ºC, com sensação térmica de 47º) desde 1915, quando se começou a fazer essa medição. A maior temperatura nos últimos 97 anos. E o ar condicionado do aeroporto resolve pifar nesses dias. Pra que?

Se alguém aqui votar no Lula ou na Dilma é um filho da puta!

Pronto, acharam os culpados.

Segundo Ancelmo Gois (jornalista do Globo), a frase aí em cima foi de um suposto protesto feito por um passageiro ao embarcar no Galeão rumo a Nova York (viu para onde ele está indo? E você ainda quer que ele se misture com as pessoas que não costumavam frequentar aeroportos!!!) e, pelo visto, pessoa bastante educada, fina. Por sua vez, Ancelmo Gois usa um artifício manjado; por na boca de alguém o que se quer dizer.

Mas, está claro, não é motivo de preocupação por parte de quem vai viajar; como vimos, já acharam os culpados. E na mesma hora. Mas, aqui pra nós, isso é hora de ar condicionado pifar. Como é que Lula e Dilma fazem um negócio desses?

Desgraça pouca é bobagem, diz o ditado popular. E não é que é mesmo. Vinha mais pela frente.

Viva Belo Monte. Essa é a prova de que precisamos de uma nova estrutura em energia!

Você faz ideia de quem disse essa frase no maldito aeroporto? Vou dar uma dica. É claro que só pode ser alguém com profundo conhecimento em questões de energia. Ah, sabia que você ia acertar. Isso mesmo, Regina Duarte.

Jânio de Freitas, um dos mais respeitados jornalistas do Brasil, descreveu assim na sua coluna, na Folha (leia aqui http://www.endodontiaclinica.odo.br/pages//posts/confronto-que-endurece452.php):

Até os índios do Xingu e do Madeira foram condenados, com o brado destemido de Regina Duarte a favor da inundação das terras indígenas e da floresta: "Viva Belo Monte! Essa [um aparelho de ar refrigerado quebrado] é a prova de que precisamos de uma nova estrutura em energia!"

Talvez, contra o calorão do Santos Dumont, comprar um aparelho novo fosse mais barato e eficiente do que construir uma hidrelétrica na Amazônia. Bem, depois a atriz se disse preocupada também com o calorão na Copa do Mundo. A qual, aliás, será no inverno. Mas o que interessa é ter aproveitado a bobeada do governo petista.

Como se pode observar, Regina Duarte continua um fenômeno de inteligência e sensibilidade. Quanto ao que ela disse… ah, deixa pra lá. Artistas com poucos neurônios ativos que trabalham em novelas já é uma coisa normal. Nem o Prof. Miguel Nicolelis dá jeito.