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Luciana:
Estou com um caso na clínica com o seguinte histórico: paciente procurou tratamento pois apresentava dor no 16 e tumefação no palato. Foi feita a abertura , pentraçao desinfetante e o dente foi deixado aberto para que pudesse liberar o exsudato (paciente comparecia em dias alternados para que fosse feita nova irrigaçao e ter melhor acompanhamento), mais medicação sistemica (amoxicilina associada ao clavulonato de potassio). Apos uma semana foi deixado medicaçao intracanal (callen+pmcc) por mais 15 dias. Quando retornou seu palato nao apresentava mais tumefaçao e nao existia mais sintomas de dor, entao o dente foi obturado. Na obturaçao houve extravasamento de material na raiz palatina. Ele continuou o tratamento sem nenhuma queixa e após quase dois meses da data da obturaçao ele relatou que o palato esta novamente inchcado mas sem dor! Gostaria de uma opnião de como devo proceder. Se houve extravasamento nao significa que esta bem obturado? Por que esse edema nao vai embora?? aiaiai!

Luciana, vamos começar pelo fim. Há diferença entre sobreextensão e sobreobturação, mas, de qualquer forma, extravasamento de material obturador não é sinônimo de obturação bem feita.
É sempre bom lembrar que numa boa quantidade de vezes a raiz palatina do primeiro molar superior apresenta uma curvatura apical voltada para vestibular que a radiografia não mostra. Esses canais são instrumentados e obturados como se fossem retos e graças a isso é comum encontrar-se canais aparentemente bem preparados e obturados e na verdade haver sobreinstrumentação e sobreobturação (aliás, você já relata que esta aconteceu e aí pode estar a causa).
O grande segredo da Endodontia é o controle de infecção. Quando se deixa o sistema de canais exposto ao meio bucal (dente aberto), esse processo se torna mais difícil, pois novas bactérias podem se instalar. Não deixe o dente aberto. As patologias, como também os pacientes, respondem de diferentes maneiras às diferentes terapias. É possível que o que você fez tenha sido suficiente para atenuar os sinais/sintomas (dor e tumefação), mas não para exercer, de fato, controle de infecção. Em outras palavras, podem desaparecer a dor e a tumefação (que, geralmente, são de mais fácil controle), mas a causa (a infecção), mesmo atenuada, persiste e, sendo assim, ela pode voltar a se manifestar em outro momento qualquer. Em princípio, você teria duas alternativas: retratar ou operar. Afastando-se as indicações clássicas de cirurgia parendodôntica (remoção de pinos com risco de fratura/perfuração, próteses muito extensas, canais inacessíveis, etc), a minha opção é sempre a primeira. Assim, é possível que precise fazer um novo tratamento endodôntico. Retratar um canal significa fazer melhor o que foi feito e, principalmente, fazer o que não foi feito. Nesse sentido, chamo a atenção para a remoção bem feita da camada residual (smear layer), o que implica no uso consciente de EDTA e hipoclorito de sódio (no mínimo a 2,5%), patência e limpeza ativa do canal cementário e medicação intracanal com hidróxido de cálcio (com soro fisiológico ou água destilada), dando inicialmente um prazo de renovação após cerca de 15 dias e mais uma ou duas medicações com intervalo de 1 mês. Além disso, cheque outras possibilidades, como fissura/fratura.

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