O medo da inteligência e do saber

Por Ronaldo Souza

O presidente da república, guru do deputado federal do vídeo acima (conhecido como Hélio Bolsonaro, subtenente do exército e deputado federal mais votado do Rio de Janeiro), foi chamado de covarde por Fernando Haddad em plena campanha eleitoral por fugir dos debates e nada respondeu.

Não tinha como responder.

Ele se vê no espelho todos os dias.

Se o líder político de Hélio Bolsonaro foge do enfrentamento como o diabo foge da cruz, por que ele participaria de um debate, como insinuado pela repórter?

Quando o homem da janela fala em emprestar um livro de Karl Marx, a repórter da GloboNews só falta sair correndo.

E o que ele diz?

“Isso é Democracia…”

Não sabe o que é um (Karl Marx), muito menos o outro (Democracia).

Esse pobre coitado é a negação de tudo, inclusive dele mesmo, e não tem a menor ideia do que significa conseguir ser, como ele conseguiu, mais pobre coitado que o seu chefe.

Homens (!) assim carregam muito medo e, traídos pelo inconsciente, costumam se entregar, como ele o fez:

“… sobrinha que vota naquilo que ela acredita, fizeram Universidade…”

O medo é incontornável.

Sai lá de dentro, bem lá de dentro, sem que eles percebam.

O medo do saber e a inveja de quem o tem.

E, no caso dele, na própria família.

Como deve incomodar conviver com uma pessoa “que vota naquilo que ela acredita…”.

Por isso, os primeiro alvos a serem atacados são a inteligência e o saber.

Daqui por diante, entretanto, poderão ficar tranquilos.

Com a devida contribuição de determinado tipo de professor que anda por aí, talvez não restem no futuro muitas pessoas como a sobrinha do deputado Nelson Bolsonaro.

Com seus títulos vazios e inexpressivos, esses professores são na verdade técnicos, práticos com diploma nas mãos.

Reflexo da indigência intelectual deles, a Universidade deixará de ser o centro do saber, onde a liberdade de pensamento e expressão sempre foi o pilar maior do desenvolvimento.

Mas não passará a ser, como às vezes leio e ouço, um lugar de pensamento único.

Será um lugar onde não existirá pensamento.

Em momentos como esse, o pensamento não pode existir.

Escondam-no, matem-no.

https://www.youtube.com/watch?v=LO_xoq10gBs

Dessa vez, porém, diferentemente de um passado bem recente, não precisa mais jogar ninguém no fundo do mar.

Deixem os corpos.

Joguem as mentes.

Finalmente, encontraram a forma mais rápida de fazer isso; destruindo a Universidade.

É lá onde moram a inteligência e o saber.

O saber, poucas vezes tão bem representado como por Paulo Freire, brasileiro reverenciado em todo o mundo.

Nova York, uma das cidades mais cosmopolitas do mundo, aberta às diversas formas de pensamento, vai homenagear esse ilustre brasileiro. A instituição de ensino Exalt Youth, reconhecida pelo trabalho com crianças e adolescentes, vai inaugurar sede em Manhattan com sala de aula batizada com o nome desse pernambucano.

Aqui, ele é agredido e desrespeitado.

O presidente Bolsonaro quer revogar o título de patrono da Educação dado em 2012 a Paulo Freire.

Incansável na glorificação da ignorância, o mito não cansa de mitar.

Sob os aplausos de seus miquinhos amestrados.

Frase que, dita pelo Conje, ex-professor da Universidade Federal do Paraná, ex-juiz de direito e atual ministro da justiça, seria:

“SOBRE os aplausos de seus miquinhos amestrados”.

Os professores e doutorzinhos brasileiros estão de parabéns.