FHC tem de explicar venda da Embratel à CPI da Espionagem

Só tucano que se finge de ingênuo pode se dizer surpreendido com a arapongagem dos EUA sobre telefonia e dados de brasileiros

por Helena Sthephanowitz no Rede Brasil atual

 

Privatização da estrutura de telecomunicações brasileira, na era FHC, está na raiz dos casos de espionagem pelos EUA

Não faltaram advertências de analistas para avisar com todas as letras que entregar a Embratel para uma empresa dos Estados Unidos, como foi o caso da MCI World Comm – em 1998, na onda de privatizações do governo FHC – era estender o tapete vermelho para o governo norte-americano grampear as redes e satélites brasileiros.

A estatal brasileira foi vendida "de porteira fechada", com satélites, redes de fibra ótica e tudo. O que ocorreu com o dinheiro arrecadado nesta e em outras operações de privatização pode ser conferido no livro/reportagem de Amaury Júnior A Privataria Tucana.

Nos primeiros anos pós-privatização, a Embratel era hegemônica nas redes nacionais e internacionais de longa distância. Já nas ligações locais de Brasília o controle estava nas mãos da Brasil Telecom, empresa controlada pelo Citibank através do banco Opportunity, de Daniel Dantas. Tudo dominado.

As empresas tiveram por um bom tempo o controle sobre todas as ligação nacionais e internacionais e, mais tarde, sobre o tráfego de dados na internet. Pode perfeitamente ter gravado clandestinamente ligações com fins de espionagem diplomática, militar, comercial, industrial, de chantagem etc. e repassado ao governo dos EUA informações sensíveis.

Mesmo depois de o controle acionário ter sido transferido para a Telmex, em 2010, o controle estadunidense sobre as informações continuou presente, através de serviços de empresas dos EUA para a operadora mexicana, e de equipamentos, softwares e controle de satélites.

Ou seja, o governo de Fernando Henrique Cardoso deixou uma estrutura completa e no jeito para bisbilhotagem. Agora que o Senado decidiu abrir uma CPI para investigar a espionagem, FHC tem de ser convocado, se preciso por condução coerciva pela Polícia Federal, para explicar o inexplicável.