Gostamos de nos julgar pessoas especiais. Professores, formadores de opinião, conferencistas, etc. Outra coisa de que gostamos muito é dizer que somos "estimuladores da reflexão". Confesso a minha dificuldade em identificar essas características no dia-a-dia.
É incontestável a força da Rede Globo. Porém, desde a ditadura militar, e aí já se vão 46 anos, também é incontestável a farsa que ela representa. É incontável a quantidade de vezes que a Rede Globo foi "pega no flagrante" da farsa, da manipulação, da mentira. Nessa mesma linha, vão outros órgãos de imprensa do Brasil e exemplos maiores são a revista Veja e os jornais A Folha e Estadão, ambos de São Paulo. Considerando-se a "importância" desses órgãos de imprensa, sei o tamanho do risco que corro ao dizer isso. No entanto, como conto com a grande capacidade de reflexão de todos, devo ter alguma chance de ser compreendido.
Há alguns meses, William Bonner, editor-chefe do Jornal Nacional da Rede Globo, comparou os brasileiros, seus telespectadores, a Homer Simpson. Essa comparação causou a maior confusão e indignação por parte de algumas pessoas. É lógico que sei de quem se trata, mas, como não assisto ao desenho animado, não sei realmente como ele é. Claro, fui me informar.
Homer Simpson é aquele homem sem nenhuma formação intelectual, sem nenhuma capacidade de discernimento, de análise, um inculto e incauto, que trabalha o dia todo, chega em casa cansado, a mulher serve o jantar e depois ele vai assistir ao Jornal Nacional, geralmente já devidamente dentro de um pijama. Dalí, daquele noticiário, e em seguida das novelas, o mundo se descortina para ele. Nesse mundo, o nosso querido amigo Homer se projeta.
Veio a minha surpresa. Por que aquela indignação de todos à afirmativa de Bonner? Aí constatei que a verdade machuca, dói. Não precisei refletir nem um pouquinho para entender uma coisa: são os Homer Simpson, os telespectadores de William Bonner, que estão tomando conta da Internet, neste momento em que a inteligência e sensibilidade se manifestam com grande impacto nas diversas mensagens que estão sendo espalhadas.
William Bonner não sabe, mas passei a ter uma sensação de admiração por ele, graças a uma coisa: a sua capacidade de diagnóstico.
Ao ver a qualidade do jornalismo desses órgãos de imprensa, ao ver o que eles fazem conosco diariamente, ao ver que somos repetidores dessas informações, só me restam duas conclusões: Ou nós somos simplesmente uns boçais ou também somos manipuladores. Ou serão as duas coisas?
Perdão, quase ia esquecendo. Veja aqui uma pequena demonstração (uma das últimas) da dignidade do jornalismo da Rede Globo: a mesma reportagem feita pela Globo e pela Record.
http://www.viomundo.com.br/politica/duas-visoes-de-um-mesmo-fato.html